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Vamos então falar dos comboios

por Pedro Silva, em 20.08.18

imagem crónica RS.jpg 

Nos últimos tempos tem sido muitas as notícias sobre os Caminhos de Portugal (CP). E não tem sido notícias positivas. São negativas. Muito negativas. Negativas demais na minha opinião. Tal até que faz lembrar a antiga estratégia do anterior Governo liderado por Pedro passos Coelho do qual Assunção Cristas, actual líder do CDS, fez parte. Quando o Governo tinha na mente a privatização de um qualquer seu sector, eis que primeiro se procurava “bombardear” o cidadão com todo o tipo de notícias negativas sobre a empresa que se pretende privatizar para, desta forma, se criar a ideia de que é uma fatalidade para todos manter-se a gestão pública de certa empresa e depois privatizava-se a dita. Este processo foi levado a cabo aquando da famosa privatização dos CTT. Agora é o que se vê e sabemos.

 

Não estou com isto a dizer que os nossos serviços ferroviários em Portugal não têm problemas. E também não estou aqui a procurar, de forma alguma, colocar num saco roto as muitas queixas legítimas do utente da CP. Não é por mero acaso que muitas vezes os maquinistas fazem greve. O problema é que quando o fazem estes mesmos utentes que se queixam da qualidade do serviço na CP, são os primeiros a criticar a greve dos maquinistas. Mas isto é somente um aparte. Um dia talvez volte a esta temática. O que interessa agora é perceber o que se passa naquilo que popularmente de “comboios”.

 

O real cerne da questão é que historicamente Portugal é um país que nunca deu real valor ao comboio. Na maioria dos países da Europa Central e do Leste – muito por força da 2.ª Guerra Mundial, diga-se de passagem – o comboio assume um papel essencial (diria até mesmo que vital) na vida de qualquer cidadão. No Oriente tal é também uma realidade. Já cá pelo nosso pequeno Burgo, o comboio é visto mais como algo que se utiliza para dar a malta rica dar um passeio aqui e acolá. Isto se não for possível ir de carro, ora pois, dado que o português usa o sagrado automóvel para ir comprar pão à padaria do lado.

 

A juntar ao exposto anteriormente há o – muito desconhecido – facto de Portugal e Espanha terem uma ferrovia única no Mundo no que ao seu formato diz respeito. A chamada Linha Ibérica é uma pesada e fastidiosa herança dos Salazarismo/Franquismo que obriga a que ambos os países tenham de ter cuidados muito especiais no que á sua ferrovia diz respeito. A manutenção da dita linha é feita, em exclusivo, por portugueses e espanhóis. O mesmo se pode dizer das locomotivas e carruagens cuja produção e manutenção é um exclusivo da Península Ibérica.

 

Ou seja, se juntarmos a tudo o que já aqui disse ao constante “apertar de cinto” patrocinado pela Europa (e não só) tudo se conjugou ao longo dos tempos para que o desleixo por parte do Governo central relativamente à CP fosse, cada vez mais, uma medonha realidade.

 

Cabe-nos agora a nós, cidadãos, exigir a cabal - e mais do que necessária – melhoria da nossa ferrovia. Especialmente nos tempos que correm em que há uma necessidade premente de nos deslocarmos de uma forma rápida e eficaz entre as nossas cidades dado que os desafios laborais que se colocam a todos nós são – por força dos tempos que correm -, naturalmente, cada vez maiores. E esta exigência não pode, nem deve passar pela “vingança” que António Lobo Xavier e outros neo liberais como ele tanto desejam. Esta tem de passar pela pressão sobre o actual e futuro(s) Governo(s) para que este aplique o dinheiro dos nossos impostos na  prestação de serviços que, por causa da sua natureza, tem de ser públicos. Privatizar somente porque se quer “despachar o embrulho” só traz problemas. Veja-se, mais uma vez a título de exemplo, a desgraça que são os CTT privatizados.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (20/08/2018)

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publicado às 21:30


18 comentários

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De José Miguel Costa a 21.08.2018 às 12:46


Comecemos pelos disparates.
1 - As greves do pessoal da CP, com uma ou outra exceção, são sempre motivadas por reivindicações salariais ou contratuais. Não estou a por em causa a legitimidade de tais reivindicações, mas defender a ideia de que as greves pretendiam alertar para os problemas que atingem atualmente a CP é ridículo.
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De Pedro Silva a 21.08.2018 às 18:25

Uma vez que para si é um disparate uma pessoa expro a sua opinião, fica então o aviso de que os seus comentários não entram mais neste espaço.


Respeite para ser respeitado.


E já agora, em que parte do texto de opinião eu disse que os trabalhadores da CP fazem greve somente para exigirem melhores condições de trabalho?


Leia o texto. Mas leia com atenção antes de escrever disparates.
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De Sarin a 22.08.2018 às 13:53

Os trabalhadores da CP já fizeram greve a reivindicar mais manutenção dos equipamentos (máquinas e ferrovia principalmente).


Mas é hábito pessoas disparatadas lerem parangonas e não procurarem os documentos que as sustentam; comentar exige, para tais pessoas, velocidade e não fundamentação.


https://www.google.pt/amp/s/www.jn.pt/nacional/interior/amp/maquinistas-fazem-greve-dias-16-e-17-de-abril-9228993.html
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De José Miguel Costa a 21.08.2018 às 12:48

2 - "A juntar ao exposto anteriormente (...) A chamada Linha Ibérica é uma pesada e fastidiosa herança dos Salazarismo/Franquismo (...) cuidados muito especiais (...) locomotivas e carruagens cuja produção e manutenção é um exclusivo da Península Ibérica." - a BITOLA ibérica é uma herança do século XIX, muito antes de Salazar/Franco, não requer cuidados especiais e o fabrico não está vedado a fabricantes não-ibéricos. 
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De Pedro Silva a 21.08.2018 às 18:29

´
E ou não verdade que Salazar e Franco (especialmente este último) apostaram fortemente na construção da Linha Ibérica em vez de procurarem harmonizar a linha férrea com a restante Europa através da França por uma questão de identidade ibérica?


Já sei que me vai dizer que não., Mas também não faz mal porque para si tudo o que se escreve que não vá de encontro ás suas ideias é "disparate".
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De Pedro Silva a 21.08.2018 às 19:59

Ainda sobre este assunto, em parte alguma eu disse que a linha ibérica "requer cuidados especiais" E também não disse que o fabrico está vedado aos fabricanets da Península Ibérica.


O meu caro é que maldosamente retirou estas conclusões.


O que eu disse é que a linha, por ser diferente das da maioria da Europa são mais complicadas de se manter dado que a sua utilização  é um quase exclusivo de Portugal e Espanha.


Já a fabrico de peças e maquinaria, não deixa de ser um acaso que recentemente o Governo tenha lançado um concurso junto das empresas espanholas para a aquisição de novas carruagens. Deve ser porque mais facilmente se arranja tal produto em Espanha e não em qualquer outro ponto do Mundo.
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De José Miguel Costa a 21.08.2018 às 12:48

3 - Em 2020 o transporte ferroviário na UE estará liberalizado. Nem será preciso privatizar seja o que for. Se os privados quiserem, podem pura e simplesmente empurrar a CP para fora de jogo. Dado o estado atual da CP, não será preciso muito.
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De Pedro Silva a 21.08.2018 às 18:33

Em em que parte do artigo eu me afirmei, directa ou indirectamente, como um acérrimo adepto da CP?


Já se me disser que eu sou da opinião, por experiência própria diga-se desde já, que isto de se liberar tudo e mais alguma coisa não é o melhro caminho, eu até que lhe dou razão. 


Existem mercados que pela sua natureza são um tremendo prejuízo para o investidor. Mas já sei-. Tudo isto que disse até ao momento è mais um "disparate".
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De José Miguel Costa a 21.08.2018 às 12:52


Agora, vamos a factos:
A CP tem dois problemas graves, e são mesmo graves.

O primeiro é a caducidade de material circulante que não pode ser substituído de forma trivial (linha de Cascais, material Diesel).
O segundo é a perda de capacidade da EMEF para fazer a manutenção do material da CP. São feitos apenas os "serviços mínimos" para evitar desastres(!) e tudo o resto fica em lista de espera. Aumentam as avarias, o que faz diminuir o material disponível, que por esse motivo é sobrecarregado, o que faz aumentar as avarias... pior, mesmo a resolução das avarias fica em lista de espera. É um efeito bola de neve cujos resultados práticos estão à vista.
Esta situação na manutenção levou o material da linha de Cascais e o material diesel, que já estavam numa situação complicada, "ao charco", com as consequências que são visíveis. E o restante material não está a ser levado ao limite - está a passar dos limites!

Meu caro, as notícias sobre a CP não são negativas demais. São negativas de menos!

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De Eduardo Soares a 21.08.2018 às 16:26

Haja alguém com a lucidez suficiente para desmontar o muito nosso "podia ser pior" ou "a culpa é dos outros". Bem haja sr. J. M. Costa.
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De Pedro Silva a 21.08.2018 às 18:41

Ora aqui está algo que não pode ser rotulado de disparate. Nem por si nem por ninguém.


Os problemas estão identificados e devidamente explicados por si.

Já por quem noticia não. São antes distorcidos e, muitas vezes, parcialmente divulgados para que vingue aquela ideia de que só privatizando é que se resolvem.


E, repito, não estou aqui a inocentar a CP e muitos menos os sucessivos Governos que nada fizeram ao longo dos anos em que a nossa ferrovia se deteriorou ao ponto de estar como está.
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De Sarin a 22.08.2018 às 14:02

Acho engraçado que tenha rotulado de disparate o que o Pedro Silva escreveu, e que depois se dedique a aprofundar o escrito por ele. 
Vejamos: a caducidade resulta de desinvestimento. Cf no postal. A perda de capacidade da EMEF seria ultrapassada pelo recurso a outros fornecedores, internacionais que fossem - assim existissem, fossem competitivos e não singrasse o desinvestimento.


Informação adicional é sempre um bom contributo para a discussão - entradas disparatadas são sempre deploráveis.
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De Pedro Silva a 22.08.2018 às 16:16

Sarin, não perca muito tempo com pessoas cujo perfil é "manhoso". Os comboios estão no centro de mais um cavalo de Tróia made in CDS, pelo que é natural que este tipo de intervenções se multiplique.


Pessoalmente só respondi ao cavalheiro por respeito a quem por aqui passa e lê o que se vai escrevendo.


E sim, uma boa conversa precisa-se. Não sou - nem quero ser nunca - o dono Absoluto da Razão. Daí expor o que penso e deixar a caixa de comentários aberta a quem quiser participar no debate saudável e positivo sobre as temáticas.
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De Sarin a 22.08.2018 às 16:21

Inteiramente de acordo.


Ontem ia lançar um postal sobre a "privatização salvação da CP" preconizada por Nuno Melo em entrevista-campanha numa qualquer estação (talvez a primeira vez que andaria de comboio?). Uma emergência suspendeu-me a inspiração. Por isso ainda aqui tenho umas formiguitas nas unhas :)
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De Pedro Silva a 22.08.2018 às 16:34

Ui! Nuno Melo no meio do Povo e, ainda por cima, num Transporte Público???

Medalha de Honra do CDS para o moço já!  


E força nisto do postal. Que nunca lhe doam os dedos (no caso as unhas)!
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De Sarin a 22.08.2018 às 16:36

Idem para o Pedro :)

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