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Que este nosso pequeno mundo virtual nesta Páscoa seja cada vez mais humano.
O prometido é devido e eis que vou então deixar aqui a minha opinião sobre as Eleições Europeias. Eleições que são tão importantes como qualquer outra pois votar é um Direito que conquistamos com a Revolução de Abril que implantou a Democracia em Portugal.
Tenho seguido com alguma atenção a campanha nacional para as Europeias. E o que constato é que:
- A Coligação Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) ataca o Partido Socialista e atira farpas ao anterior Governo Sócrates. O Partido Socialista responde aos ataques da Direita coligada e apela ao voto nos seus candidatos como forma de punir o Executivo Passos/Portas. A CDU (Coligação PCP e Os Verdes) cerra fileiras contra o Partido Socialista e apela ao voto como forma de punição do Governo. O Bloco de Esquerda ora ataca a União Europeia, ora manda umas biqueiradas ao Partido Socialista e apela também ao voto como forma de protesto para com as Políticas do actual Executivo.
Debate sobre a Europa, o seu futuro e a forma como se propõem combater a Crise e evitar que tal suceda no futuro é tema tabu para os Partidos que tem assento na Assembleia da Republica. Tal debate tem sido feito ainda que timidamente pelos Partidos que não tem assento na AR mas que se candidatam às Europeias.
No meio de tudo falta ainda saber o que pensam e o que se propõem a fazer os Candidatos à Presidência da Comissão Europeia. Lembre-se que a força política que vencer as Europeias terá direito a escolher o sucessor de Durão Barroso. Sobre este assunto o Jornalista Daniel Oliveira colocou na sua página do facebook uma questão que me parece de uma pertinência atroz.
Ora perante tamanha balburdia e autêntica corrida ao estatuto, luxo e ostentação que rodeia um Euro Deputado, ficam os analistas Políticos muito admirados e ofendidos com a mais que provável elevadíssima taxa de abstenção. Tal fenómeno indignou de tal forma um conhecido Comentador Político da nossa Praça que até sugeriu que o voto passe a ser obrigatório em vez de criticar a postura pouco honesta e nada ortodoxa como os Partidos na sua generalidade tem lidado com as Eleições para o Parlamento Europeu.
E como uma série de males nunca vêm só, eis que o Tratado de Lisboa criou uma tremenda confusão institucional tal que ainda ninguém conseguiu perceber o que realmente faz, pode e deve fazer a Comissão Europeia e o seu Presidente. Uns dizem que é o Homem com mais Poder na Europa, mas na prática o que temos é uma espécie de catavento que gira consoante os ventos sopram para o Norte ou Sul da Europa.
Contudo mantenho a minha opinião de que votar é fundamental. Não se servir de um Direito adquirido do Cidadão é abrir a porta á Extrema-Direita/Esquerda, Nacionalismos exacerbados/bacocos e ao Adepto do Partido X que vota neste mesmo quando o seu programa o afecta a si e aos outros que o rodeiam.
Ao contrário do que temos sido bombardeados, o voto em branco é também um voto útil. Muito mais útil do que deixar que um grupo de fanáticos decidam por nós para depois andarmos os anos seguintes a reclamar que tudo está mal por culpa de quem nos governa.
Agora que cada um meta a mão na sua consciência e reflicta com moderação se vale a pena lutar pela Europa ou se preferem entrega-la a gente que já demonstrou e demonstra por mais que uma vez que não tem aptidão e honestidade alguma para o cargo que pretendem ocupar.
Atualmente, o Panteão Nacional abriga cenotáfios (memoriais fúnebres) de grandes vultos da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque, bem como, os restos mortais de alguns presidentes da República e escritores. As excepções a este perfil de personalidades são Humberto Delgado e Amália Rodrigues.
O próximo, tudo o indica, será o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, porque há “um grande consenso nacional” e os partidos políticos (pelo menos o PS, PSD, CDS e BE) já vieram dizer que são a favor.
José Correia in Reflexão Portista
Pelo excerto escusado será dizer que sou totalmente contra a entrada de Eusébio no Panteão Nacional. E defendo esta minha ideia recorrendo a um argumento diferente daquele que foi utilizado por José Correia.
O que me move contra esta estapafúrdia ideia de colocar os restos mortais do Pantera Negra no nosso Panteão prende-se com o aproveitamento político de uma figura que, salvo erro, procurou sempre estar sempre afastada da política. Até porque com toda a certeza a Eusébio já lhe bastou a clara ingerência do Estado Novo na sua vida e carreira futebolística.
Para mais convêm recordar os mais distraídos que estamos em ano de eleições europeias e que toda e qualquer forma de populismo que possa ser aproveitada pelos Partidos para “caçar” votos é bem-vindo. Alias não é por mero acaso que só agora o Parlamento Europeu se tenha interessado por investigar a Troika… Mas isto é assunto para outros debates.
E escusado será dizer que interessa e muito ao Governo PSD/CDS, Presidente da República e Partidos do arco da governação que a “populaça” ande entretida com o “coloca o Eusébio no Panteão e não coloca o Eusébio no Panteão”.
Mas isto nem é o pior de tudo.
Pior que a instrumentalização política do Eusébio da Silva Ferreira é o Presidente do SL Benfica dizer que a transladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional é uma exigência do povo português e não do Benfica e depois vermos um segurança do clube a retirar os cachecóis do Sporting CP que foram depositados na Estátua de Eusébio sob um pretexto que simplesmente roça o ridículo e que toma todos os Benfiquistas por arruaçeiros.
Os Portugueses são conhecidos por serem pessimistas por natureza. Por um lado tal maneira de ver as coisas não é de todo censurável porque em Portugal as coisas estão sempre de tal forma que hoje em dia é raro encontrar quem encare o seu dia-a-dia com algum optimismo. Aceito até que exista um optimismo moderado mas está longe de ser um sentimento generalizado entre nós.
Por outro lado este pessimismo não tem razão de existir. Ou melhor a razão da sua existência centra-se somente na sua existência. Passo a explicar.
Toda a gente se queixa que em Portugal as coisas estão más, que os políticos são corruptos, que existem job for the boys que são eternamente sustentados pelos contribuintes, que a Democracia não funciona, que o sistema eleitoral é obsoleto, etc., mas no meio de tantas queixas ninguém faz absolutamente nada para que tudo tome outro rumo.
É necessário que se tome de uma vez por todas uma posição. Algo tem de ser feito porque existe Vida para além do batido discurso do “são todos os mesmos, para quê chatear-me com isto”. A Democracia deu ao cidadão uma arma poderosa que pode e deve ser usada quando este entenda que as coisas não vão de encontro ao que pretende para o seu País.
O voto é sem sombra de dúvida a forma mais eficaz que este Povo plantado à beira mar tem de acabar com o seu irritante pessimismo. E quando falo em voto não estou a dizer para o fazerem votando no candidato A, B ou C mas sim para se acabar de vez com esta coisa da “clubite” partidária apostando em força no voto em branco quando não nos agrade o que nos é proposto no boletim de voto. Se o n.º de votos em branco for elevado nenhuma eleição se decide e desta forma os Portugueses mostram um cartão vermelho à classe política vigente.
Temos portanto nas nossas mãos a possibilidade de acabar de vez com o mais que irritante pessimismo Luso. Haja agora vontade de fazer alguma coisa em vez de passarmos a maior parte do tempo a lamentar-nos.
Uma das réplicas das eleições autárquicas do passado Domingo prende-se com a recontagem de votos porque houve erros nas contagens dos mesmos.
Já tive a oportunidade de ter estado numa mesa de voto e como tal estou perfeitamente à vontade para dizer que é normal e natural que surjam lapsos que depois comprometem o resultado final das eleições.
Em pleno século XXI a Comissão Nacional de Eleições (CNE) persiste em manter ritos e burocracias que são próprios dos tempos dos nossos avós. Estamos na era da informação ao minuto e raros são os serviços que já não se tenham rendido às novas tecnologias. Para mais com a extinção dos Governos Civis competiu a um Call Center da PT a recolha dos votos que cada Freguesia apurou, o que aumentou ainda mais o risco de surgirem erros dado que temos um actor moderno no meio de uma série interminável de poeirentas antiguidades.
Perante isto não seria muito mais fácil e, sobretudo, mais barato e eficaz ter-se adoptado o voto electrónico em detrimento desta enorme maquinaria obsoleta do século passado? Ou será que a CNE tem algum interesse em manter tudo como está porque o contribuinte tudo paga e não geme?