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Toda a gente conhece e pensa ter uma ideia do que está em jogo na Bielorrússia. Trata-se de um país governado à moda da antiga União Soviética com um Presidente que está no poder desde que a União Soviética colapsou e foi possível realizarem-se eleições livres neste país do Leste. Até aqui não há nada que não possa ser apelidado de verdadeiro porque, quer se goste ou não, é perfeitamente possível um Estado totalitário ter eleições e, desta forma, parecer “democrático à maneira ocidental” (não esquecer que existem muitos modelos de democracia e que esses variam de região para região do nosso globo).
Contudo há algo mais nesta patrocinada, coordenada, manipulada e interesseira contestação popular a Alexander Lukashenko.
Sim. Leu bem. Patrocinada, coordenada, manipulada e interesseira contestação popular por uma União Europeia que parece não ter aprendido absolutamente nada com a sua desastrosa intervenção numa Ucrânia que se encontra dividida em duas sabe lá por quantos anos mais. Para mais, a questão bielorrussa é muito mais profunda do que a longevidade de Lukashenko no poder. É, isso sim, antes uma questão de identidade nacional.
Não é por mero acaso que a bandeira da auto denominada “oposição” tem as cores branca e vermelha, cor que muitos bielorussos consideram ser a do seu país e não a actual vermelha e verde. Os apoiantes da “marioneta” Tikhanovskaya, a celebre professora a quem o “destino” nomeou de “defensora da liberdade” tal e qual como sucedeu com Yulia Tymoshenko a “menina perfeita” do Partido Popular Europeu da qual ninguém mais ouviu falar, são verdadeiramente movidos pelo simples facto de se considerarem os verdadeiros bielorrussos (se alguém souber o que isto é, que me diga).
E, em jeito de curiosidade, não deixa de ser estranho que somente ao fim de semana os “verdadeiros bielorussos” se lembrem de protestar contra o Governo de Alexander Lukashenko. Mas isso é somente um pormenor até porque é no facto de a União Europeia patrocinar e apoiar os “verdadeiros bielorussos” mas quando são os catalães e escoceses a fazer o mesmo que se vê o apoio dá lugar ao silêncio e o patrocínio nem vê-lo. E é neste ponto que o comum dos cidadãos europeus se apercebe do o quão ridícula é a diplomacia internacional de uma instituição que sonha um dia (muito distante espero eu) vir a ser um Estado Federado.
Mas o caricato não fica por aqui.
Essas coisas de querer impor respeito à Rússia de Putin com sanções e outras coisas tais é tema de conversa e de demonstrações de força por parte de Bruxelas durante a primavera/verão. Já no outono/inverno a história é outra… Com o aproximar do frio e da neve lá se vai a força da Europa ou não fosse a tal Rússia dona e senhora do gás que aquece os gabinetes dos burocratas de Bruxelas (e não só).
Já agora, alguém me pode explicar o que ganhamos nós, cidadãos europeus, com esta guerra “disfarçada” contra a Rússia? Que vantagem podemos retirar se um dia tivermos a NATO a apontar armas a Moscovo com tropas estacionadas mesmo junto à fronteira com o país de Putin?
Artigo publicado no site Repórter Sombra (27/10/2020)
Há um assunto que parece ter passado – muito – ao lado da Comunicação Social e demais comentadores. O Reino Unido e a União Europeia já chegaram a acordo sobre os variadíssimos pontos do Brexit. Agora resta ao Parlamento Europeu a análise do documento e votar a favor ou contra o dito. Este seria um tema que, na minha opinião, deveria ter merecido um largo e extenso debate por esta Europa fora. E não é necessário ser-se um licenciado em Ciência Política para se perceber porquê razão afirmo tal. Contudo o assunto que dominou os jornais e televisões de toda uma Europa foi o caso Skrypal. Um não assunto que, na minha modesta opinião, serviu para que não se falasse mais do Brexit nem daquilo que poderá ter sido (ou não) acordado entre as partes envolvidas na sua negociação.
E porque razão considero o caso Skrypal um não assunto? Simples. Para mim aquela tese de quem acusa, prova é uma regra de ouro para a qual não admito qualquer tipo de execpção. A verdade é que a Inglaterra da Sra. May acusa a Rússia de Putin de ter atentado contra a vida do ex-espião russo e a sua filha, mas até ao presente o Executivo de Theresa May ainda não apresentou uma única prova que fundamente esta sua acusação. Falamos de um caso que está ainda em investigação e que, inclusive, já sofreu uma esperada reviravolta porque o Kremlin afirmou ter sido de todo impossível que o seu cidadão tenha sido envenenado em plena praça pública sem que tal tenha afectado muitas outras pessoas. Tal acabou por ser confirmado pelas autoridades britânicas que investigam o caso. Alias, após este “pequeno” volte-face da investigação, o assunto Skrypal deixou de ter o peso mediático que tinha… Coincidências? Não acredito muitas nelas, mas que as há, há.
Para além de tudo o que expus até aqui existe ainda o triste teatro internacional onde coabitam actores e actrizes de duvidosa qualidade que pactuam com a cortina de fumo lançada pelo Executivo liderado pela Sra. May. Convém alertar os mais distraídos que a Europa Central e do Norte têm uma clara e manifesta dependência do gás proveniente da Rússia, pelo que não se deve esperar que países como a Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Ucrânia e outros se entreguem de corpo e alma à tal de “Guerra Fria” da Sra. May. Lá para o Norte e Centro do Velho Continente o Inverno costuma ser um tudo ou nada complicado de se “digerir”. Estamos na primavera, pelo que se compreende esta “posição de força” que culminou na expulsão dos diplomatas russos dos seus territórios. Estivéssemos nós no outono e a coisa teria sido muito diferente. E já está a ser diferente! A Sra. Merkel assinou recentemente um documento onde dá autorização para a construção do gasoduto entre a Alemanha e a Rússia através do Báltico.
Ah, pois, resta ainda a posição de “força” dos Estados Unidos da América. Dirão alguns leitores e leitoras críticos desta minha opinião. Sucede porém que a posição de Donald Trump perante tudo isto acaba por ser a normal tendo em conta as polémicas que se tentam “fabricar” para justificar o amor inqualificável que uma crassa maioria dos norte-americanos sente pelo seu actual Presidente.
Por tudo isto, e mais alguma coisa, apenas me apetece sugerir à Sra. May que deixe de recorrer às cortinas de fumo e demonstre à Europa e Mundo que isto do «Keep Calm and Carry On» se aplica ao Brexit.
Uma nota final sobre o que se vai passando na Catalunha.
Não é nada que eu não estivesse à espera e que já não tivesse aqui feito referência. Sempre disse (e mantenho) que o problema sempre foi o de Madrid não reconhecer um acto eleitoral que não seja do seu agrado, mas cá por Portugal perdemos muito tempo e energias a discutir o supérfluo em vez de nos centrarmos naquilo que realmente interessa. Como tal não me vou alongar muito mais sobre a temática. Apenas desejo que os catalães não cheguem ao ponto terminal em que estando encostados à parede não tenham outra opção senão seguir violentamente em frente.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (02/04/2018)
Nunca me pareceu que um possível regresso ao clima de Guerra Fria possa beneficiar a Europa. Especialmente nos tempos que correm em que do outro lado do atlântico temos uma personagem a liderar os Estados Unidos da América que já mostrou, por mais do que uma vez, que não fará da Europa o seu aliado mas sim o seu inimigo mortal numa espécie de guerra comercial que tem de combatida e vencida pelos norte-americanos a todo o custo. Para mais a União Europeia atravessa aquele que pode (já) ser considerado o pior período da União, fruto de uma política cega de austeridade que culminou numa vaga imensa de populismo em muitos dos países da União que tem agora de lidar com uma tremenda barafunda interna no que à formação dos seus Governos diz respeito.
É no cenário descrito no parágrafo anterior que surge o ataque britânico de Theresa May à Rússia de Putin. Um tremendo “tiro no pé” por parte de uma governante que já percebeu que a história do Brexit vai correr mal. E vai-lhe correr mal porque não se pode querer sair da União e continuar dentro desta. Daí a necessidade que a Sra. Primeira-ministra britânica tem de criar aquilo que me apetece apelidar de fait divers para totós.
Mas atenção. Antes que surjam por cá as interpretações à diagonal das virgens púdicas do costume, eu até que concordo que a Rússia de Putin tenha de ser confrontada e até mesmo pressionada em certos dossiers. Mas tal não deve ser feito da forma que May e o seu Executivo pretendem fazer. Isto de se atirar alegações e acusações para o ar na esperança de ver “quem está comigo” já não funciona. É uma técnica que teve um ponto final após o bluff que levou à invasão unilateral do Iraque há uns anos atrás por parte de ingleses e norte-americanos. Para mais Theresa May bem que pode “esperar sentada” pelo apoio da América de Trump nesta sua demanda contra a Rússia.
O que May fez ao lançar a ofensiva na Guerra Fria que está a travar com Putin foi, tão simplesmente, consolidar ainda mais o poder de Vladimir na Rússia e demonstrar, mais uma vez, que não tem a mi9nima capacidade de manter a ordem no seu país. País que continua exposto a ataques terroristas que se realizam com uma facilidade tal que assusta o mais descansado cidadão. Já a Rússia fica mesmo muito preocupada com o anunciado boicote diplomático inglês ao Mundial de futebol que se vai realizar no próximo Verão.
Não é a atirar lenha para a fogueira que se apaga o fogo Theresa. Primeiro que tudo há que ver quem está disposto a alinhar na Guerra Fria contra um país que está, aos poucos, a tomar a posição de líder mundial (com a China à espreita). E não Theresa, não é por amares a barracada com a Rússia em torno de um assunto sério que todos nós, europeus e britânicos, nos vamos esquecer da trapalhada que está ser a tua negociação do Brexit.
Artigo publicado no site Repórter Sombra
Confesso que podia seguir a onda mediática e opinar sobre as recentes “trumpalhadas”, mas não o vou fazer. E não o vou fazer porque não pretendo, de forma alguma, entrar no jogo de Trump, jogo este que consiste, tão simplesmente, no desvio das atenções do essencial.
E o que é essencial neste momento na política interna dos Estados Unidos da América? A resposta é simples: investigação às alegadas intromissões russas na eleição de Donandl Trump. Tal explica, e muito, a recente balbúrdia que Trump patrocinou no Médio Oriente. E confesso que me custa muito aceitar esta teoria de que Vladimir Putin tem muito a ganhar com Donald Trump no poder. E custa-me aceitar tal porque é um facto que a crassa maioria dos norte-americanos se identifica com Donald Trump e apoia todas as suas maluqueiras. Mas vamos deixar este assunto para outras núpcias. Concentremo-nos em algo que, a meu ver, é fundamental e que tem sido alvo de pouca ou nenhuma discussão no seio da nossa sociedade.
Pode parecer paradoxal, mas nos tempos modernos em que vivemos ainda há violência no futebol português. Violência protagonizada pelos adeptos que tem tido como alvo preferencial as equipas de arbitragem.
Tal não se deve, na sua totalidade, a uma questão de cultura. E muito menos podemos dizer que os principais responsáveis são os agentes do nosso futebol. Quem tem a fatia maior do bolo da responsabilidade é o nosso Governo que tem a obrigação de manter a Paz Social no desporto mas não o faz atribuindo as responsabilidades aos Clubes como estes fossem os coordenadores das Forças da Ordem (Policia) e os Legisladores por excelência.
Questiono vezes sem conta para que serve o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ). Tal Instituto existe para organizar eventos onde os membros deste (ou de qualquer outro) Governo marcam presença para “ficar bem na fotografia”?
No site do IPDJ podemos ler que uma das suas “missões” é a da “preservação da ética no desporto”. Se é mesmo assim, então onde esteve (ou estará) o IPDJ no sucedido em Coimbra e Aveiro há coisa de duas semanas (salvo erro)? Que se propõe o IPDJ a fazer na questão das claques ilegais do Sport Lisboa e Benfica? Que tem o IPDJ a dizer (ou a propor fazer) relativamente à problemática dos “casuals” (Hooligans) que esta época desportiva tem espalhado pós e após os jogos do SL Benfica?
A ideia que os sucessivos Governos e o IPDJ passam é que no mundo do futebol vale tudo. E o problema é que esta ideia vai continuar a vingar e fazer jurisprudência até ao dia em que no nosso futebol sê dê uma tragédia com as mesmas proporções das de Pedrógão Grande. É que ao que parece duas mortes nos estádios de futebol, uma quantidade assinalável de feridos e um punhado de agressões a diversos agentes desportivos (especialmente a equipas de arbitragem) não serão - ainda - suficientes para que quem nos governa assobie para o lado.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (11/12/2017)
Já aqui o disse e repito, Donald Trump é um perigo para a Paz Mundial, mas Trump é uma personagem com o qual os Norte-americanos se identificam senão de outra forma não o teriam escolhido para liderar os destinos do seu país. Recentemente tivemos a demonstração pela qual os Norte-americanos se identificam com Donald Trump. Refiro-me, pois claro, à resposta que Trump adoptou perante o último ataque com armas químicas na Síria.
Obviamente que se repudia o recurso a armas químicas. Existem normas internacionais que o proíbem e o bom senso também se deve aplicar nas zonas de combate. Mas temos de ter em consideração algo de muito importante: os terroristas não obedecem às Leis internacionais nem tem qualquer tipo de consciência. E pintem o cenário como quiserem, mas o tais de rebeldes que os Estados Unidos da América apoiam na Guerra Síria são terroristas. Alías, bem vistas as coisas não é a primeira vez que os Estados Unidos da América apoiam directa ou indirectamente organizações terroristas que mais tarde se voltam contra os próprios Estados Unidos da América. E neste aspecto Donald Trump não está a fazer nada que os seus antecessores não tenham feito. Para além disto, o problema sírio é uma obra Obama com q qual Trump tem de lidar.
Contudo Donald não deveria - nunca - ter seguido a via mais fácil. Isto para evitar fazer com que o conflito armado que já dura há seis anos “contagie” toda. região e, como se não bastasse, coloque as nações ocidentais uma contra as outras. Ou seja; Donald Trump deveria ter sido a antítese Norte-americana relativamente ao sucedido na Síria na semana passada. Mas Donald Trump preferiu ser o verdadeiro americano. E como verdadeiro americano, este sacou dos seus misseis e disparou sobre a única facção que na Síria luta contra o terrorismo. Para Trimp pouco ou nada importa que os terroristas tenham como estratégia colocar civis em redor dos possíveis alvos, para depois poderem fazer o festim mediático do costume.
Não fosse Donald Trump a face da grande América e este teria primeiro procurado indagar o sucedido e procurado colocar o mundo do seu lado através da demonstração de provas cabais de que as tropas leais a Bashar al-Assad tinham utilizado armas químicas contra civis. Mas não. Donald prefere a sua “trumpice” pois é nesta qus os Norte-americanos se revem ou não fosse a Rússia de Vladimir Putin uma forte inimiga que não apoia, de forma alguma, qualquer organização terrorista.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (10/04/2017)