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O inverno é tramado

por Pedro Silva, em 28.10.20

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Toda a gente conhece e pensa ter uma ideia do que está em jogo na Bielorrússia. Trata-se de um país governado à moda da antiga União Soviética com um Presidente que está no poder desde que a União Soviética colapsou e foi possível realizarem-se eleições livres neste país do Leste. Até aqui não há nada que não possa ser apelidado de verdadeiro porque, quer se goste ou não, é perfeitamente possível um Estado totalitário ter eleições e, desta forma, parecer “democrático à maneira ocidental” (não esquecer que existem muitos modelos de democracia e que esses variam de região para região do nosso globo).

Contudo há algo mais nesta patrocinada, coordenada, manipulada e interesseira contestação popular a Alexander Lukashenko.

Sim. Leu bem. Patrocinada, coordenada, manipulada e interesseira contestação popular por uma União Europeia que parece não ter aprendido absolutamente nada com a sua desastrosa intervenção numa Ucrânia que se encontra dividida em duas sabe lá por quantos anos mais. Para mais, a questão bielorrussa é muito mais profunda do que a longevidade de Lukashenko no poder. É, isso sim, antes uma questão de identidade nacional.

Não é por mero acaso que a bandeira da auto denominada “oposição” tem as cores branca e vermelha, cor que muitos bielorussos consideram ser a do seu país e não a actual vermelha e verde. Os apoiantes da “marioneta” Tikhanovskaya, a celebre professora a quem o “destino” nomeou de “defensora da liberdade” tal e qual como sucedeu com Yulia Tymoshenko a “menina perfeita” do Partido Popular Europeu da qual ninguém mais ouviu falar, são verdadeiramente movidos pelo simples facto de se considerarem os verdadeiros bielorrussos (se alguém souber o que isto é, que me diga).

E, em jeito de curiosidade, não deixa de ser estranho que somente ao fim de semana os “verdadeiros bielorussos” se lembrem de protestar contra o Governo de Alexander Lukashenko. Mas isso é somente um pormenor até porque é no facto de a União Europeia patrocinar e apoiar os “verdadeiros bielorussos” mas quando são os catalães e escoceses a fazer o mesmo que se vê o apoio dá lugar ao silêncio e o patrocínio nem vê-lo. E é neste ponto que o comum dos cidadãos europeus se apercebe do o quão ridícula é a diplomacia internacional de uma instituição que sonha um dia (muito distante espero eu) vir a ser um Estado Federado.

Mas o caricato não fica por aqui.

Essas coisas de querer impor respeito à Rússia de Putin com sanções e outras coisas tais é tema de conversa e de demonstrações de força por parte de Bruxelas durante a primavera/verão. Já no outono/inverno a história é outra… Com o aproximar do frio e da neve lá se vai a força da Europa ou não fosse a tal Rússia dona e senhora do gás que aquece os gabinetes dos burocratas de Bruxelas (e não só).

Já agora, alguém me pode explicar o que ganhamos nós, cidadãos europeus, com esta guerra “disfarçada” contra a Rússia? Que vantagem podemos retirar se um dia tivermos a NATO a apontar armas a Moscovo com tropas estacionadas mesmo junto à fronteira com o país de Putin?

Artigo publicado no site Repórter Sombra (27/10/2020)

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publicado às 17:19


A NATO e o «american idiot»

por Pedro Silva, em 18.07.18

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Começo por dizer que não sou grande entusiasta da Aliança Militar Transatlântica comumente conhecida entre nós por NATO. E não o sou porque desde a queda da União Soviética que tal organização tem servido, quase que exclusivamente, para afiançar e apoiar ataques unilaterais a Estado Soberanos ou para alimentar uma guerra fictícia com a Federação Russa- Guerra esta que acaba, invariavelmente, mal para os povos europeus.

 

Contudo, olhando para o passado histórico do Velho Continente e o papel decisivo que as duas intervenções militares dos Estados Unidos da América tiveram no desfecho das duas grandes guerras, sou forçado a admitir que a NATO é fundamental para a manutenção da Paz na Europa. Especialmente se tivermos em linha de conta que esta cooperação internacional obriga a que norte-americanos e europeus trabalhem em conjunto para a prossecução do grande objectivo que é a manutenção da Paz no Velho Continente. Dito de uma forma mais simplista; enquanto europeus e americanos andarem “entretidos” a movimentar as suas tropas em conjunto, os europeus não lutam entre si como já aconteceu no passado. Claro que tal não paga o que de mau a NATO e a que aqui fiz referência, mas a verdade é que a NATO tem sido u das maiores razões pela qual a Paz se mantem na Europa.

 

Obviamente que para uma personalidade como Donald Trump que, para todos os efeitos, é a personificação da expressa e conhecida vontade americana do quero, posso e mando tal forma de olhar para a NATO é errada. Claro que podemos sempre dizer que os esforços militares e financeiros dos parceiros europeus poderia, e deveria, ser maior mas temos de ter em consideração que nem todos os países europeus gozam da impunidade norte-americana que permite aos “States” endividar-se sem fim e “empurrar a dívida com a barriga”. E não deixa de ser caricato que a Administração Trump exige aos europeus o pagamento do esforço militar da NATO e esta seja, ao mesmo tempo, a maior devedora da ONU.

 

Termino com uma pequena, mas concreta, analise ao recente périplo europeu de Trump.

 

Estavam à espera de quê? Que Donald não fosse o habitual «american idiot» que é sempre que pode dar uma de Grande Líder Mundial? Especialmente quando falamos de eventos públicos onde o que não faltam são microfones e câmaras de televisão?

 

Efectivamente fica cada vez menos esperançado nos líderes da actual Europa. Para além de andarem mais tempo a lutar contra si mesmo e a promover, mesmo que involuntariamente, soluções e posições que os degastam interna e externamente, e ainda perdem tempo com as palhaçadas made in Trump? Pior! Ainda tentam que Donald Trump seja uma pessoa sensata e razoável?

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (17/007/2018)

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publicado às 20:47


Momento Mafalda (185)

por Pedro Silva, em 04.04.18

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publicado às 19:51


Prisões políticas em plena União Europeia

por Pedro Silva, em 06.11.17

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Volto mais uma vez à questão catalã porque reparo que continua a ser muito complicado a uma enorme facção da população portuguesa perceber o que está realmente em cima da mas no que a esta problemática diz respeito.

 

Ao contrário do que já li num jornal nacional de grande tiragem, a independência da Catalunha não depende de estarmos ou não num Mundo ideal. Depende, isto sim, da actuação de líderes políticos que sejam responsáveis e procurem fazer as coisas como deve ser. E isto é válido tanto para o lado espanhol como para o lado catalão, ou não tivessem Mariano Rajoy e Carles Puigdemont feito o impossível para que o actual processo de independência da Catalunha tenha corrido muito mal.

 

Já aqui o disse em artigos anteriores (e repito) que a solução do problema catalão passa, exclusivamente, pela realização de um referendo oficial sendo que Madrid e Barcelona se vinculariam ao resultado do dito fosse este qual fosse. E não, não é preciso um Mundo ideal para que tal seja uma realidade. Basta que os políticos ajam com responsabilidade até porque não é com o adiar da questão (eleições de 21 de Dezembro na Catalunha) e internacionalização do problema catalão que se resolve a contenda.

 

Contudo nada disto me impede de criticar a postura da União Europeia em todo este processo.

 

No passado dia 1 de Outubro do corrente ano cível o Governo central de Espanha ordena cargas policiais arbitrárias e brutais sobre cidadãos que fizeram aquilo que é usual em democracia (votar). No dia seguinte as televisões europeias mostraram as forças policiais espanholas colocadas na Catalunha a provocarem os manifestantes pró independência com atitudes típicas de uma qualquer claque violenta de futebol. Na altura a União Europeia nada disse sobre o assunto.

 

A 2 de Novembro de 2017 a justiça espanhola prende e emite mandatos de captura dos actuais dirigentes da Generalitat (governo catalão) sob o pretexto de perigo de fuga quando todos sabemos que tal não passa, tão-somente, de um manifesto e cruel acto de vingança por estes terem ousado desafiar a “pax espanhola” e uma Constituição que tem mais de 39 anos de idade. Perante tal a União Europeia, mais uma vez, diz não ter nada a ver com aquilo que se pode muito bem apelidar de prisões políticas dado que é um assunto do foro interno de um seu Estado-membro.

 

Mas afinal para que serve a União Europeia enquanto agente internacional?

 

Como pode a União Europeia tomar posições muito críticas face às constantes violações dos Direitos Humanos, purgas internas e prisões políticas levadas a cabo em países como a Venezuela e Coreia do Norte (por exemplo) e quando tal sucede num seu Estado-membro assobia para o lado porque no entender dos burocratas da Comissão Europeia nada disto diz respeito à União?

 

Prisões políticas e violência arbitrária das autoridades sobre os cidadãos europeus em plena União Europeia era algo que nunca tinha imaginado que pudesse alguma vez acontecer. Já na antiga União Soviética cujo modelo a actual União Europeia está, nitidamente, a copiar a conversa é outra. Depois venham-me cá com a história do mundo ideal e por aí adiante.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (06/11/2017)

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publicado às 12:00


¡Adiós Fidel Castro!

por Pedro Silva, em 28.11.16

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Fidel Castro faleceu no passado sábado. Mas antes de partir El Comandante deixou a sua marca. Uma marca indelével que marcou profundamente a nossa história. Foi muito graças à Cuba de Fidel que assistimos à tardia transferência de um Mundo antigo para o nosso Mundo moderno onde as liberdades e identidade dos Povos falaram mais alto do que a opressão dos velhos, caducos, desfasados e rancorosos Impérios Ocidentais.

 

É realmente isto que incomoda muito boa gente. A Cuba de Fidel embaraça muito dos ditos “pró democracia” porque este minúsculo país das Caraíbas foi capaz de impulsionar movimentos independentistas em Africa, América Central e do Sul. Argélia e Angola são dois exemplos do que a Cuba de Fidel fez de bom pelo Mundo.

 

Fidel conseguiu resistir – de uma forma brilhante – à opressão dos Estados Unidos da América que viram naquele pequeno arquipélago o local ideal para as suas máfias instalarem os seus “negócios”. Sobreviveu à queda da União Soviética e ao jogo nuclear que foi encabeçado por Nikita Khrushchov e John F. Kennedy (ambos dispensam apresentações).

 

E, mais importante do que tudo, Fidel Castro conseguiu criar uma Cuba onde o Estado Social funciona graças a um serviço nacional de saúde que é dos melhores – senão o melhor do Mundo - e a um ensino que chega a todos e é para todos. A pobreza em Havana é uma miragem e favelas nem vê-las. E tudo isto sob a sombra de um criminoso embargo comercial que os Norte-americanos insistem em manter.

 

Claro que nem tudo foi bom nesta Cuba de Fidel. Fidel eternizou-se no poder e deixou-se corromper por este em muitos dos momentos complicados da sua longa vivência política. É público o desprezo que Fidel sentiu aquando da saída de Che Guevara da máquina revolucionária que El Comandante liderou durante muitos anos. Assim como é também pública a forma como o Homem do Charuto e das longas barbas não lidou com a oposição interna. A forma como Fidel tentou gerir a frágil economia do seu país também não foi a melhor apesar de Cuba ser, quando comparada com os seus vizinhos da América Central e do Sul, o país que em melhor estado se encontra em termos de qualidade de vida.

 

A Cuba de hoje é, sem sombra de qualquer dúvida, mais um exemplo de que nem sempre o modelo de governação ocidental é o ideal. É verdade que por lá existem muitos atentados à liberdade e que se trata - sem sombra de qualquer dúvida - de uma Ditadura, mas tenho muitas dúvidas de que se a Cuba de Fidel tivesse optado por uma governação à ocidental viesse a ter sucesso e marcado de uma forma tão positiva o nosso Mundo. Basta olhar para Miami e ver a forma como os radicais reagiram à morte de Fidel Castro.

 

Hasta siempre ComandanteGracias por nos ter deixado a sua Cuba. Para despedida relembro algumas das frases de Fidel que ficaram para todo o sempre gravadas na História da Humanidade.

 

A Hstória absolver-me-á

 

- Aos 26 anos, defendeu-se a si próprio no julgamento, depois de passar 76 dias preso na sequência do ataque ao quartel Moncada de Santiago de Cuba, a 26 de julho de 1953

 

Se saímos, chegamos; se chegamos, entramos; se entramos, triunfamos

 

- Em 1956, no México, antes de zarpar no Granma, com 80 pessoas a bordo

 

Quando um povo enérgico e viril chora, a injustiça treme

 

- Na Praça da Revolução, a 15 de outubro de 1976, de luto pelas 73 vítimas do atentado contra um avião cubano em Barbados

 

Os que não têm coragem, os que não se querem adaptar ao esforço, ao heroísmo da Revolução, que se vão embora, não os queremos, não precisamos deles.

 

- A 1 de Maio de 1980, durante o êxodo de Mariel

 

Jamais me aposentarei da política, da revolução ou das ideias que tenho. O poder é uma escravidão e eu sou seu escravo

 

- Em setembro de 1991

 

Os homens passam, os povos ficam; os homens passam, as ideias ficam.

 

- A 20 de julho de 1996

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (28/11/2016)

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publicado às 16:00


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