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Quem tiver por hábito acompanhar os meus pensamentos já sabe que eu não sou um dos grandes simpatizantes da Sra. Merkel e da sua política errante, autoritária e cegamente austera para a Europa. Sempre fui muito crítico das posições que a Sra. Chanceler seguiu nos anos da crise grave crise que assolou a Europa e o Mundo e continuo a insistir na tese de que a Sra. Merkel é, acima de tudo, a principal responsável pela escalada autoritária que provocou as fortes e perigosas actuais divisões no seio da União Europeia que tem sido a base de militância e de força dos nacionalismos que alimentam as facções extremistas que, aqui e acolá, começam a ocupar cargos de poder nos países europeus.
Contudo tenho de confessar e expressar a minha preocupação pelo facto de Angela Merkel ter anunciando publicamente que não se recandidata a mais um mandato de Chanceler. E sinto tal porque a Europa começa aos poucos a “cair nas mãos” da extrema-direita que coloca acima de tudo e todos o seu nacionalismo exacerbado.
Acresce ainda a o simples (e nada menos preocupante) facto de que na Alemanha da Sra. Merkel a extrema-direita (e o tal nacionalismo exacerbado) tem ganho muita força popular tendo, inclusive, chegado ao ponto de já termos tido elementos ligados a este movimento a aterrorizar a população estrangeira com a conivência e beneplácito dos serviços secretos germânicos. Serviços cujo líder – entretanto demitido – disse publicamente que não houve perseguição alguma da população estrangeira em cidades alemãs onde a extrema-direita tem uma – cada vez mais – forte presença. E como se não bastasse, é do conhecimento público a quezília territorial – fruto da 2.ª Guerra Mundial - entre a Alemanha e a Dinamarca que nos últimos tempos tem crescido de tom na parte germânica…
Ora tudo isto para aqui dizer que a anunciada retirada da cena política da Sra. Merkel mais parece a de Nero que mandou incendiar Roma. E vamos a ver quais as “ondas de choque” que tal saída irá, com toda a certeza, criar até porque a Europa está como está e a Alemanha vai ter de enfrentar um vazio em termos de liderança que, na minha opinião, pode muito bem vir a ser perigoso. A história nunca se repete, é um facto, mas tem muitas cópias parecidas e já todos percebemos que o que vem aí para a Europa e Mundo não é nada de bom.
As Comissões estão em saldo?
Olhando agora um pouquinho para o que tem feito as delícias dos jornais (e não só) no que á nossa política diz respeito, apetece-me questionar as Sras. e Srs. Deputados da Assembleia da República se porventura as Comissões de Inquérito estão em saldo. Dirijo tão pertinente e curiosa questão à líder do CDS dado que este pequeno partido tem sido aquele que mais tem exigido a feitura das tão propaladas Comissões de Inquérito.
Indo agora ao cerne da recente questão que tanta celeuma tem levantado (para quem ainda não percebeu, refiro-me aqui ao caso de Tancos), questiono-me qual a grandiosa utilidade da realização de uma Comissão de Inquérito sobre um caso que esteve a ser investigado pela Polícia Judiciária e Ministério Público. Eu disse “esteve” pois a realização da tão propalada Comissão irá suspender os trabalhos dos investigadores tal como está preceituado na Lei.
Tendo em consideração que no passado se fizeram outras tantas Comissões de Inquérito onde o mediatismo e o enxovalho público de certas personalidades políticas e civis da nossa sociedade foram a nota dominante, pergunto-me qual será o grandioso proveito legal e político que a líder do CDS - e de quem a apoia - retira de uma Comissão de Inquérito a um caso que é (sem tirar, nem por) um caso de polícia?
Daí que volte a colocar em cima da mesma a questão que serviu de mote a esta pequena reflexão: As Comissões de Inquérito estão em saldo?
Artigo publicado no site Repórter Sombra (06/11/2018)
Nos últimos tempos o que vamos lendo e ouvindo da parte da direita portuguesa e do jornalismo que – erradamente – lhe dá eco e apoio é a palavra demissão. Foi assim o estranho e ainda misterioso caso do assalto de Tancos, e tem sido assim, vezes sem conta, sobre os famigerados incêndios que parecem não querer deixar o nosso país (tal como o calor absurdo para a época em que estamos).
Ora face a estes dois graves problemas (Tancos e incêndios) importa fazer uma clara e manifesta reflexão sobre uma importante questão: o que resolve a demissão de um(a) Ministro(a)? A resposta para o caso é complexa pois dependerá sempre de quem vai aproveitar a demissão de um elemento de um determinado Executivo para ver resolvido um certo e de5terminado “problema”. Dito de outra forma; a demissão de um Ministro e/ou de uma Ministra faz com que seja levado a cabo aquilo que é popularmente conhecido como “dança das cadeiras”. Os problemas centrais mantêm-se e – confesso - que não vejo onde está o proveito (imediato e futuro) da parte de PSD e CDS quando vem para Praça Pública exigir a demissão deste ou daquele elemento do Governo de António Costa. Provavelmente a explicação para tal comportamento da parte de PSD e CDS resida numa coisa chamada populismo. E se calhar é muito por isto que a Direita portuguesa está cada vez menos cotada nas sondagens que vão sendo publicadas.
Já aqui o disse e não me canso de repetir, o que realmente falta à governação em Portugal não é a famigerada “dança das cadeiras” que PSD e CDS avidamente desejam que aconteça. O que é verdadeiramente necessário é que os Ministros e Ministras deste - e de qualquer outro - Governo deixem de confinar o país aos seus gabinetes carregados de relatórios elaborados por teóricos que desconhecem a realidade das coisas.
Não estou com isto a criticar os recentes relatórios sobre Pedrógão e Tancos cujos conteúdos que vieram a público não sabemos se correspondem verdadeiramente à realidade dado que a nossa imprensa tem “tiques de faciosismo”.
Assim como me parece importante que os variados organismos do Estado devem ter na sua liderança pessoas que demonstrem por a+b qie tem total e cabal competência para o desempenho do cargo com a menor margem de erro possível.
Contudo nos tempos que correm fazem cada vez mais falta governantes que conheçam e procurem conhecer a realidade do Povo que dizem governar. Goste-se ou não do estilo, Marcelo Rebelo de Sousa é um bom exemplo da governação que Portugal necessita se bem que em muitos casos o actual Presidente da República exagere.
Enquanto continuamos a apostar nesta do “vira o disco e toca o mesmo” não será de admirar que num futuro próximo cenários como o de Pedrógão e do passado domingo (entre outras coisas) se repitam. Assim como não será de admirar que nos próximos anos a Direita portuguesa se enterre cada vez mais no poço fundo que insiste em cavar.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (16/10/2017)
Na política, oposição é o partido político que se coloca contrário ao governo, aquele que faz objeção, que combate as medidas do governo.
In Significados
Trouxe até aqui o conceito político de “Oposição” porque desde que o Governo da dita “Geringonça” tomou posse e iniciou funções de forma legítima e democrática a oposição desparecei do panorama político português. O que vemos hoje em dia não é Oposição. É antes a manifestação de vários desejos de que algo corra muito mal aos portugueses para se vir para a Praça Pública dizer que no nosso tempo é que era bom! Já o apresentar soluções alternativas aos problemas que a actual Oposição criou nos tempos em que foi Governo e ao que vai surgindo no natural desenrolar do dia-a-dia do país “vai no Batalha” (como se diz cá para o Porto).
Convenhamos uma coisa é “cavalgar a crise”. Outra bem diferente é andar semana sim, semana sim a desejar o mal de todos. Pior é desejar o mal de todos e ter estado há bem pouco tempo no Poder e nada ter feito para se evitar que o mal se torne de todos se torne uma realidade. Mas pior ainda é ter-se estado no Poder e ter-se feito de tudo para que o mal seja hoje uma realidade e dizer que incompetente é o actual Governo e quem o apoia. Esta tem sido a postura da actual Oposição portuguesa composta por PSD e CDS-PP. Se há quem discorde de tal, então que veja e reveja com olhos de ver as declarações de Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas após a tragédia de Pedrógão Grande- Recordo que Passos Coelho foi Primeiro-ministro e Assunção Cristas foi Ministra da Agricultura. Ambos nada fizeram para que Portugal tivesse mudado a sua política florestal. Ou melhor, fazer até que fizeram dado que abriram caminho à plantação sem “rei nem roque” do eucalipto. Descurando a necessária organização florestal e responsabilização dos pequenos e médios proprietários de terrenos.
O mesmo tipo de lógica se pode aplicar ao famoso roubo de Tancos. Que fez o Executivo liderado por Passos Coelho senão desinvestir – ainda mais - nas Forças Armadas e promover a saída em massa de efectivos militares? Como podem então PSD e CDS vir para a Praça Pública falar em falta de meios e de pessoal acusando o actual Governo de ser o responsável por tal?
Isto não é “Oposição” no sentido político do termo. O que PSD e CDS fazem é antes uma espécie de circo onde disparam para tudo o que se mexe e no final acabam por se ferir a si próprios. A questão está em saber como é que este tipo de gente consegue ter – ainda – credibilidade junto de tantos eleitores portugueses… O fanatismo tolda a razão de muito boa gente!
Oposição precisa-se. A nossa Democracia agradece.
E façam o favor de deixar o Bloco e o PCP em paz pois estes dois não fazem nada que PSD e CDS já não tenham feito nos tempos em que (des)governaram o País.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (17/07/2017)