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Numa altura em que no mundo da política – quase – todos os debates se centram na elaboração, analise e discussão dos orçamentos dos Estados-membros da União Europeia para o próximo ano, eis que em Itália assistimos a um filme (estilo drama) já antes visto. Quase que se me atrevo a dizer que é uma espécie de «Déjà vu», mas não o faço porque a Itália está longe (muito longe) de ser a Grécia.
Acredito que com tanto alarido (e justificado, diga-se desde já) em torno da eleição do político fascista jair Bolsonaro, já ninguém sem recorde que a Europa tem hoje em mãos um tremendo problema. O governo italiano resolveu afrontar a Europa dos burocratas dizendo publicamente, e por mais do que uma vez, que quem manda na elaboração do seu orçamento é a Itália e os italianos. E fê-lo de uma forma aberta, agressiva e sem pudor algum.
Resta-nos perceber a razão para tal comportamento. Algo que cá pelo nosso país ainda não se fez. Tal será assim talvez pelo facto de Mário Centeno ter sido “apanhado” com sucesso na ratoeira que o eurogrupo lhe montou há uns tempos atrás. E é claro que a natureza política do actual elenco governativo transalpino de extrema-direita incita a que quem opine procure a justificar o problema com a natureza política do tal elenco. Pessoalmente - como apreciador de um bom desfaio dado é que isto que nos faz evoluir enquanto seres pensantes – prefiro ver o problema de outra forma. Prefiro ir pelo caminho mais difícil e não pelo atalho que muitos escolheram seguir colocando-se, sem apelo nem agravo, do lado dos burocratas de Bruxelas.
Quando olho para a problemática do Orçamento italiano de 2019 e para a forma como o governo de extrema-direita sediado em Roma reagiu à “nega” que Bruxelas deu ao dito, vem-me rapidamente à memória as sucessivas violações dos tratados orçamentais que tanto a França como a Alemanha levaram a cabo nos últimos anos. Especialmente nos tais anos do “ajustamento” levado a cabo nos países da Europa do Sul.
Claro que quem defende os burocratas de Bruxelas e os seus “Tratados” se escuda no argumento de que o actual governo de Itália é populista e radical. E até que são argumentos válidos. Contudo não se pode apelar a uma parte do problema quando que devemos é antes procurar resolver o dito como um todo.
Isto porque a Itália é – tão-somente – a terceira maior economia da Europa. À sua frente estão a França e a Alemanha, países que, repito, no passado violaram sem apelo nem agravo os tais de “Tratados Orçamentais”. E não, o argumento de que tanto a França como a Alemanha não tiveram a postura agressiva da Itália de hoje não singra. E não singra porque está mais do que provado que na Europa dos tempos que correm o velho brocado de “em Roma, sê romano” não se aplica. Basta que para tal se seja dono de uma das maiores economias da Europa. A Grécia de Tsipras é a prova viva de tão enfadonha realidade.
Ora face a tal, concluindo, depois há quem fique muito admirado e olhe com uma natural cumplicidade para todo este retrocesso político europeu que está aos poucos a “abrir” as portas ao regresso em força da extrema-direita e das ideias fascistas.
Artigo publicado no site Repórter Soimbra (30/10/2018)
Acção, Drama (2005) - 2 Temporadas
Sinopse: 400 anos antes da fundação da República, Roma era a cidade mais rica do mundo antigo, uma metrópole cosmopolita de um milhão de pessoas, o epicentro de um império em expansão. Mas agora a cidade perdeu todo o seu fulgor devido à corrupção e excesso. Uma série aclamada pela crítica que retrata o declínio do império romano.
Crítica: Para pontapé de saída vou dar a nota que penso ser a mais indicada para esta série: satisfaz mais.
Poderia ter-lhe dado um Bom até porque tem categoria para isto, mas sou da opinião de que a ausência de variedade em termos de cenários retira muita qualidade a uma série que, no geral, até que está bem estruturada e muito bem fundamentada.
Foi notória a preocupação dos seus criadores em seguir a vertente histórica e isto traz muitos pontos positivos a Rome. Naturalmente que existe uma forte componente dramática que desvirtua um pouco a história da Roma antiga, mas tenhamos em especial consideração de que não estamos, de forma alguma, a falar de um Documentário, mas sim de uma Série televisiva no verdadeiro sentido do termo.
O n.º de Temporadas está bem pensado e estruturado-E raro, muito raro mesmo, encontrar-se nos tempos que correm uma Série de nomeada que saiba quando e como deve terminar. Para mais Rome centra-se muito mais nas jogadas de bastidores do Império Romando, o que faz com que os diálogos se sobreponham, em força, à acção. Daí que volte a repetir que a “dose” de Temporadas foi muito bem pensada, até porque uma Série deste tipo que se prolongue em demasia no tempo tornar-se-ia num martírio para quem a acompanhasse.
Relativamente ao Elenco, acho que “nem carne, nem peixe”. Cada um dos Actores fez o que se lhe exigia sem no entanto terem sido sublimes nos seus papéis. Acredito que tenham feito um esforço extra para memorizarem as suas longas falas, mas em termos gerais os desempenhos são normais.
Para quem gostar Rome apresenta-nos muitas cenas de nus. Não que isto valorize a dita, mas tais cenas são essenciais para que o espirito da época tenha sido interpretado na perfeição.
Concluindo; é uma Série que recomendo mas aviso desde já que por vezes é preciso alguma paciência para os demorados diálogos.