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in: O Jornal Económico (17/01/2021)
Conheço Marta Temido. Dona de uma Humanidade e humildade fantásticas. Coisas raras na classe política dos nossos tempos. Até se me atrevo a dizer que deste Governo liderado por António Costa, Marta Temido é a única Ministra digna deste nome sendo tudo o resto um "grupinho" de vaidosos desconectados da realidade que fizeram - e fazem - da política a sua única profissão.
Subscrevo o apelo de Marta Temido. Mas não alinho na sua ideia de que os únicos irresponsáveis com responsabilidade pelo actual estado de coisas sejam os cidadãos.
O Governo e actual Presidente da República tem também uma tremenda quota parte de culpa em tudo o que de mau está a suceder no nosso Serviço Nacional de Saúde.
Desde o verão de 2020 que venho dizendo que é preciso cautela. Que não se deve baixar a guarda. Que pelo sim e pelo não, havia que preparar tudo e todos para o pior em vez de se embarcar no "deixa andar" e no vir para a Comunicação Social com um frasco da vacina na mão como se de a solução final se trate...
Ontem o Sr. Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Dr. Ricardo Mexia, disse o seguinte:
in: Lusa - ECO.PT
De facto há na população portuguesa quem seja irresponsável e se "esteja a marimbar" para isto, mas quem tem responsabilidades tal como Marta Temido, o Ministério da Saúde, Governo de António Costa, Presidente da República e Comunicação Social não podem - nem devem! - dar uma de Pilatos...
Numa altura em que a crise da Covid-19 aumenta e meio mundo anda a insultar o outro meio por ser "irresponsável", talvez seja a hora de aceitarmos de uma vez por todas que o que é inevitável, inevitável é.
Notícia publicada a 31/12/2020 no site do jornal Expresso. Quem quiser pode ler aqui.
Confesso que não dá para entender tal coisa.
Confinamento eterno, máscaras à força na via pública e transportes públicos, recolher obrigatório, policiamento nas ruas das cidades, vilas, aldeias e nas entradas e saídas das mesmas, comércio fechado às 13H, restauração, hotelaria, aviação e afins de rastos, etc.
Esforços e mais esforços de todos em nome de uma guerra que se tem de vencer e a 31 de Dezembro de 2020 somos brindados com a notícia de - mais - um surto de covid-19 num Lar (este na cidade da Guarda).
A 15 de Agosto de 2020 Ana Mendes Godinho, Sra. ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, proferiu as seguintes declarações sobre o trabalho que o seu ministério tem estado a desenvolver no que aos surtos de covid nos Lares dizem respeito:
"tem estado, desde o início da pandemia, a acompanhar a situação nos lares, e tem desenvolvido mecanismos que, por um lado, permitam antecipar surtos e dotar estas instituições dos meios necessários e, por outro, no acompanhamento de todos os surtos e na resolução de problemas concretos na sequência do surgimento destes"
Ora voltando à notícia do "recorte" em cima, eis que se lê o seguinte:
Anselmo Sousa referiu que o surto no Lar Joaquim Nunes Saraiva -- Fase 1, da Santa Casa da Misericórdia de Mêda foi detetado após, no sábado, alguns utentes terem apresentado sintomas de infeção por covid-19.
Ou seja; o surto foi detectado a 26 de Dezembro de 2020.
Sobre o assunto em apreço, disse ainda o Sr. Anselmo Sousa o seguinte:
"Não é fácil a nível de recursos humanos. Já solicitámos as Brigadas de Intervenção Rápida da Segurança Social"
Face a tudo isto, pergunto:
Andamos todos a fazer um esforço tremendo e a colocar todo um país de rastos a todos níveis para quê?
Na Inglaterra, a primeira vacinada foi simbolicamente uma idosa, nos EUA uma enfermeira, em Portugal foi um diretor. Somos um país de penachos, como sempre fomos nos últimos 48 e nos anteriores 48 anos. E um país de tolos, pelos relatos que oiço da invasão completa de hospitais por batalhões de jornalistas em total desorganização, entrevistando pessoas em salas de espera e nos corredores, perseguindo cada uma das pessoas que é vacinada. Em plena pandemia! Ninguém pensa. Ninguém prepara nada como deve ser, a não ser para o espetáculo mal amanhado do show-off televisivo. Que ridículo.
(...)
PS2: horas depois do início do processo, os jornalistas continuam nas salas onde são administradas as vacinas, invadem salas de espera em direto nos telejornais e passei-se nos corredores dos hospitais. Gostava de saber onde param as regras da DGS e qual o interesse disto, que põe em causa a saúde pública em vários dos principais hospitais portugueses.
Retirado algures do facebook
Depois de tudo isso querem mesmo que eu leve isto a sério?
Querem mesmo fazer-me crer que a pandemia nos ensinou alguma coisa?
Se há coisa que me mais me tem assustado nesta pandemia não é o facto de estarmos a enfrentar uma doença desconhecida que tem ceifado Vidas de todas as faixas etárias. E muito menos me assusta a mais do que provável exploração que a indústria farmacêutica fez, faz e fará de um problema que se nota à escala global. Todos sabemos que os países e Estados que tiverem maior capacidade financeira tem acesso privilegiado a soluções que outros países e estados onde a pobreza sistémica é uma realidade por força dos interesses dos países e Estados mais ricos.
O que me assusta verdadeiramente é que o Mundo, mais concretamente o Ocidente, a Europa e, no caso do meu país (Portugal), não ter a mínima e manifesta capacidade de se organizar minimamente para aquilo que é uma guerra contra um inimigo perigoso de facto mas que pode muito bem ser controlado e, a seu tempo e com muito custo, derrotado.
É medonha a forma quase que infantil como os nossos governantes não conseguem pensar a médio e longo prazo, ficando – sempre – pelas intervenções curtas que lhes garantem estabilidade e votos para poderem dar continuidade à sua governação. E não lhes interessa, ou parece não interessar, que continuem a falecer pessoas quando as suas mortes podiam (e deviam) ter servido para a necessária recauchutagem de um sistema que se fez obsoleto em nome de uma paranóia tal em torno de um rigor financeiro que serviu, serve – e pelos vistos – servirá os interesses de alguns.
Numa guerra, mesmo nas indesejadas como a que estamos a viver, existem baixas. É um facto incontornável que cidadãos, pessoal médico, polícias, administrativos, etc. serão vítimas fatais desta guerra contra a Covid-19. Não há volta a dar dada a força e capacidade de mutação do raio do vírus. E face a tal o que tem feito a classe política europeia (a portuguesa inclusive)?
Tem procurado levar a cabo políticas que permitam a que os profissionais de saúde tenham mais e melhores condições de trabalho?
Já foram aprovadas e aplicadas medidas tais como fiscalização apertada e coimas pesadas para Lares de Idosos, Centros de Dia e locais de trabalho onde a higiene e segurança não existem?
Foi disponibilizada verba e logística para a modernização de Centros de Saúde, Hospitais, Edifícios públicos, Esquadras, Tribunais, Prisões e demais infraestruturas estatais que foram construídas nos anos 80 do século passado e assim permaneceram?
A resposta é um redondo não! Nada se fez e nada se fará. Tudo o que tem sido feito pelos Estados europeus (Portugal incluído) cinge-se, única e simplesmente, ao ataque cerrado e cego aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos em nome da saúde pública. A criação de estigmas e de frases feitas do tipo “estão pessoas a morrer nos Hospitais, como tal não podem haver festejos” tem sido uma constante.
Já dizer-se que morrem pessoas nos Hospitais porque esses não tem capacidade de resposta adequada aos tempos que correm é algo que parece “queimar uns quantos fusíveis” dos ditos Catedráticos da Saúde que atiram com tais frases feitas para a Praça Pública não com o objectivo de acalmar e sensibilizar a população mas sim de causar ainda mais pânico e divisões numa população que deveria, acima de tudo, estar unida contra um inimigo comum.
Agora acena-se com a vacina como se de uma solução miraculosa se trate. Chama-se à atenção de que a dita não será suficiente, o que é verdade pois algo que é feito à pressa e sob uma tremenda pressão (do sector financeiro especialmente) não poderá – nunca – ser a solução do grave problema mas sim mais um problema suave que juntará ao já existente problema da Covid.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (15/12/2020)