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Já há algum tempo que venho pensando em opinar sobre um assunto que a sociedade portuguesa – uma boa parte desta, entenda-se - parece ter colocado de lado após um referendo que se realizou no já distante ano de 1998.
Para quem ainda não percebeu refiro-me aqui à Regionalização. Esta foi submetida a referendo a 8 de novembro de 1998. Na altura foram colocadas duas questões aos portugueses; a primeira sobre se deveria implementar a regionalização em Portugal e a segunda, sobre se caso fosse aprovada a regionalização, se concordavam com a região em que votavam. Ambas as propostas foram rejeitadas por larga margem.
Ora volvidos quase 18 anos o assunto tem voltado muitas vezes à baila. Muito por “culpa” de quem acha que o país ficará muito melhor dividido em várias regiões porque – segundo os seus defensores – haverá uma mais justa repartição de fundos dado que a proximidade dos Governantes à sua região fará com que se reduzam os desequilíbrios que são do conhecimento de todos nós.
Ora sem querer dar ou retirar razão a quem acha que a regionalização trará maior justiça e desenvolvimento a Portugal deixo aqui a seguinte questão:
- Queremos uma regionalização feita de qualquer maneira ou queremos uma regionalização que sirva verdadeiramente o interesse de todos?
Lendo e ouvindo a argumentação dos acérrimos defensores da regionalização fico com a ideia de que o que estes querem é vencer uma guerra imaginária com Lisboa. Pouco lhes importa que se seguirmos esta sua forma de pensar vamos criar pequenos polos onde o poder se vai centralizar e tudo o resto será uma miragem.
Que me perdoe quem pensa assim, mas já estou farto de políticos do estilo Alberto João Jardim, Artur Mas e outros da mesma laia que só sabem hostilizar o poder central para se eternizarem nos seus pequenos polos de poder.
Não creio que esta ideia de se fazer do Porto (por exemplo) a capital de uma região que depois terá de gravitar em torno desta cidade resolva os gravíssimos problemas de desertificação do interior norte. O mesmo se aplica ao centro e sul de Portugal. Dito de outra forma; não me parece que isto de se regionalizar sem primeiro se construírem as bases da regionalização seja um bom caminho. Especialmente se tivermos em linha de conta que qualquer português se considera primeiro português e só depois – muito depois – se considera minhoto, transmontano, beirão, alentejano, algarvio, madeirense, açoriano, etc. Isto para não dizer que em quase todas as regiões de Portugal se fala o Português.
Temos então que existe em Portugal uma forte unidade nacional. Todos nós nos consideramos portugueses independentemente da zona onde nascemos/habitamos. Pelo que antes de se “fracturar” o país em várias regiões primeiro há que mudar mentalidades e aferir da necessidade de tal.
E como se faz isto? Simples. Retirando-se da nossa capital muitos dos órgãos decisórios do nosso país. Por exemplo; o Tribunal Constitucional pode muito bem ter a sua sede em Coimbra. O Banco de Portugal/Bolsa/Tribunal de Contas poderiam instalar-se no Porto. Alguns Ministérios poderiam ter as suas instalações nos mais variados pontos do nosso país.
E isto tudo porquê? Porque ao se retirar de Lisboa muito do seu exagerado centralismo vamos obrigar a que surjam/se melhorem infra estruturas que permitam a deslocação de cidadãos, mercadoras e investimento por todo o nosso país.
Portanto, em jeito de conclusão; não se duvide que o crescimento e evolução de um Povo se faz por etapas. A regionalização - por muito necessária que dizem ser - não pode “queimar” estas etapas sob pena de lhe acontecer o que todos vimos em 1998. Em vez de alimentarmos guerras absurdas primeiro façamos toda a força possível e impossível para que se descentralizem serviços/órgãos e depois - se ainda for mesmo necessário - passar-se para uma ponderada regionalização. Em suma; fazer-se uma regionalização com Cabeça, Tronco e Membros.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (25/07/2016)
Tive a oportunidade de ter feito parte de duas Juventudes Partidárias. Quais foram não interessa porque não vou aqui debater em qual das duas tive uma melhor experiência, mas sim procurar reflectir sobre o quão positivas estas podem ser para a nossa Sociedade.
Numa Sociedade onde os Cidadãos cada vez menos se interessam pelo País cabe às Juventudes Partidárias a dura tarefa de contornar esta espiral de desinteresse.
O problema é que estas Organizações já há muito que foram tomadas de assalto por indivíduos de ambos os sexos que procuram fazer da Política a sua carreira profissional alimentando a Corrupção porque tal faz parte da sua profissão. São por norma pessoas com formação superior mas que nunca souberam o que é o mundo do trabalho dado que andaram, e andam, sempre próximas do Poder e dele vivem e sobrevivem como parasitas que se tornam cada vez mais gananciosos à medida que o tempo passa. Paulo Portas, José Sócrates, Miguel Relvas, Carlos Moedas e Passos Coelho são alguns bons exemplos deste tipo de indivíduos. Para além do problema dos “papa tachos” que nunca fizeram nada na Vida senão Política, eis que temos os fanáticos que fazem da sua militância uma espécie de Clubismo e tudo o que o Líder diz e faz, por muito disparatado que possa ser, é para se vangloriar e quem não alinhar na dança é atirado borda fora.
O Bloco de Esquerda optou por não ter Juventude Partidária porque, como disse atrás, estas já não são bem vistas pela Sociedade, mas não creio que a solução passe por tal radicalismo. E também não é pelo facto de o Bloco não ter uma Juventude Partidária que faz dele um Partido credível aos olhos da maioria dos Portugueses. Os últimos resultados eleitorais falam por si.
O que as Juventudes Partidárias precisam é de ser mais pro activas, terra a terra e mostrar interesse e vontade de intervir verdadeiramente na Sociedade mostrando que estão atentas, do lado dos Cidadãos e que trabalham sempre em prol do bem-estar deste último. Esta atitude da JSD (Juventude Social Democrata), embora sendo de um Partido que não me identifico nem nunca me identificarei, é de louvar e parece-me ser algo bem-intencionada se bem que tem por detrás uma clara intenção política. O problema é que isto será, quase de certeza, sol de pouca dura…
Há muito que tenho este pensamento que resolvi colocar como título deste desabafo. O recado não é inteiramente dirigido aos Cidadãos. Não o é porque estes têm muito com que se preocupar e a verdade seja dita que tanto em Ditadura como em Democracia o que lhe interessa é viver o seu dia-a-dia e ir fazendo frente aos desafios que a Vida lhe coloca.
O recado é dirigido à nossa Classe Política. Mais concretamente à actual que não teve participação directa no 25 de Abril dado que na altura era demasiado jovem para tal.
Desde o inicio desta semana que tenho ouvido e lido fervorosas iniciativas da parte da Assembleia da República e da Presidência sobre a Revolução dos Cravos. Recuperação de Murais, Poemas da Revolução, Discursos sobre a Liberdade, Debates sobre o 25 de Abril, Histórias dos tempos da Ditadura, etc., etc. São várias as iniciativas dos Órgãos Democráticos do nosso Portugal. Mas não tenhamos a mais pequena dúvida de que são todos gestos meramente hipócritas e obrigatórios.
E porque afirmo tal cosia? Muito simples. Basta que recordemos o comportamento patético e alucinado da Sra. Presidente da Assembleia da República perante a vontade que os Capitães de Abril manifestaram em discursar na Casa do Povo. Exigia-se muito mais de uma Representante não eleita do maior símbolo Democrático Português e nem o estapafúrdio pedido de desculpas apaga ou faz esquecer o seu triste comportamento.
Depois temos os Srs. e Sras. Deputados(as) que são eleitos pelos variados Círculos Eleitorais mas que cedem à disciplina de voto do seu Partido mesmo quando esta mesma disciplina atenta contra os interesses da População que os elegeu.
Dizem que isto é Democracia representativa, mas quem consegue contactar e expor os seus problemas ao Deputado/Deputada que foi eleito(a) pelo seu Círculo Eleitoral? Ninguém. Aliás se houver quem saiba qual foi o Político do seu Círculo Eleitoral que foi eleito para a AR que me diga pois é algo que penso que o comum dos Cidadãos desconhece.
E há muito mais para dizer. Mas fico pela repetição do título: Abril não é só em Abril embora quem esteja no Cadeirão do Poder pense que dá um certo jeito recordar Abril no 25 de Abril e depois passar o resto do ano a lixar-se para as eleições e para quem o elegeu.