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in·de·pen·den·te
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Rui Moreira - actual Presidente da Câmara Municipal do Porto e candidato anunciado às próximas eleições autárquicas - tem-se escudado no termo “independente” na sua recente querela política. Não é uma estratégia nova dado que o autarca sempre que pretende firmar uma sua posição política perante a oposição e sociedade portuense recorre, inúmeras vezes, ao dito “independente”.
Mas será que podemos considerar Rui Moreira um independente no verdadeiro sentido do termo? Ou melhor; será que em política podemos ser verdadeiramente independentes? A meu ver não. Passo a explicar.
Em política é praticamente impossível ser-se independente no verdadeiro sentido do termo. Isto porque fazer política obriga a ter que angariar consensos para se obter o apoio de que se necessita para se candidatar e ser eleito para um determinado cargo.
Ora para se angariar estes consensos temos de negociar e tomar posições comuns em determinadas matérias que podem dizer mais ou menos respeito às organizações partidárias. Dito de uma outra forma; ninguém consegue estar no mundo da política de uma forma completamente isolada. Bem vistas as coisas, os chamados “independentes” da política tem sempre o apoio do partido político A, B ou C. Rui Moreira não foi - e pelos vistos não será – uma execpção à regra.
Não se percebe, portanto, que Rui Moreira utilize o termo “independente” como se de uma espada sagrada – estilo Excalibur - se trate para atacar os partidos políticos quando na verdade este é obrigado a fazer de conta (para o bem e para o mal) que é independente.
Nada me convence de que o actual autarca da sempre leal e mui nobre invicta cidade do Porto não tenha obtido da parte do CDS-PP e do PS os apoios de que necessita para se candidatar e governar a cidade sem que para tal tenha dado algumas garantias e contrapartidas a estes dois partidos políticos.
Repito, a política resume-se, tão simplesmente, à necessidade de se gerar consensos e tal impossibilita a que os políticos possam ser independentes ao ponto de não terem de prestar contas a ninguém. Rui Moreira não é, nem será nunca, a execpção à regra.
Artigo publicado a 24/10/2017 no site Repórter Sombra
O panorama partidário português sofreu as mais variadas alterações ao longo dos anos. Com o 25 de Abril houve uma “explosão” de Partidos de ideologia de Esquerda. Uns mais radicais e outros mais moderados, vários foram os Partidos de Esquerda que marcaram, positiva e negativamente, a nossa 3.ª República.
Chegados ao Século XXI os Partidos pós revolucionários despareceram. Ou melhor, fundiram-se num só Partido que, aos poucos, ganhou um enorme protagonismo no nosso panorama político “roubando” um pouco a predominância que o Partido Comunista Português tinha como “Partido de Protesto”. Mas o Bloco de Esquerda não se ficou por aí dado que hoje em dia este se apresenta, cada vez mais, como um “Partido de Governação” e a prova disto mesmo está no facto de ser um dos mais fortes pilares da governação Socialista de António Costa.
Temos, portanto, que ao Bloco de Esquerda de Catarina Martins e Mariana Mortágua - que tem contribuído, e muito, para uma “limpeza da porcaria” que grassa na nossa sociedade civil e política – se exige uma maior responsabilidade. Dito de outra forma; será intolerável ao Bloco voltar a colocar em cima da mesa dos debates temas como a criminalização do piropo (temática que ridicularizou o Partido e que fez com que este perdesse muita força política).
Até digo mais, depois de Mariana Mortágua ter tido a coragem de trazer a público os “podres” da nossa Banca e a promiscuidade que existe na Política e Alta Finança as responsabilidades do Bloco de Esquerda aumentaram em flecha. O Bloco tinha deixado de ser o Partido do “contra” para passar a ser aquele Partido que se afigurava como diferente dos outros. O problema é que as coisas não se passaram bem assim porque o Bloco trouxe para a nossa Sociedade mais uma das suas antigas “parolices”. Esta história do Cartão de Cidadão vs Cartão da Cidadania é caricata, senão mesmo ridícula em todos os termos e sentidos.
Sou o primeiro a defender a igualde em todos os sentidos entre os Direitos e Obrigações de Homens e Mulheres. Sou o primeiro a estar contra a descriminação das Mulheres seja ela qual for. Mas pergunto-me onde é que haverá discriminação na denominação de um Cartão que outrora era conhecido como Bilhete de Identidade? Ou melhor; qual é a situação mais grave eu que merecia uma maior atenção da parte da ala feminista do Bloco: a temática Cartão de Cidadão vs Cartão da Cidadania ou as pressões psicológicas que as entidades patronais por norma fazem sobre as Mulheres que engravidam/tencionam engravidar (teste de amamentação e outras coisas tais)?
Confesso que estaria do lado do Bloco se este optasse por ter a iniciativa de tornar o actual Cartão de Cidadão mais prático, seguro, e, sobretudo, mais condizente com os valores que temos de pagar pela sua renovação, mas pelos vistos o Bloco de Esquerda ainda não se libertou, em definitivo, daquela sua ala que só tem prazer em ser do contra (à boa moda do Partido Comunista Português),
Bloco, Bloco… Quando é que vais ser uma alternativa no verdadeiro sentido do termo?
Artigo publicado no Repórter Sombra
Tenho lido e ouvido manifestações de contentamento e de descontentamento acerca da vitória do Syriza nas legislativas Gregas. Natural e elucidativo de que a Europa felizmente vive e cultiva uma Sociedade livre e opinativa. Agora o que não me parece natural, e muito menos salutar é o tomar posição por um dos lados e fazer deste uma barricada onde se ignoram factos.
O actual Primeiro-ministro Grego Alexis Tsipras é anti austeridade. Por consequência anti EURO porque a zona EURO vive à custa da austeridade. Este é um facto.
Outro facto é que para poder formar Governo e ter a maioria absoluta no parlamento Grego, Tsipras fez uma coligação com o Partido Gregos Independentes que é também anti austeridade/EURO.
É também um facto que renegociação da dívida não é sinónimo de perdão da dívida. A renegociação da dívida pública Grega pode muito bem passar pelo alargamento dos prazos de pagamento dos juros aos Investidores ou por uma maior repartição dos valores a pagar aos investidores. Tem sido esta a tese do Syriza e só não vê tal quem maldosa e propositadamente não quer.
Um último facto deveras importante. Ser-se anti austeridade/EURO não é defender a saída da Grécia da Zona EURO e da União Europeia. É antes procurar uma alternativa a uma fórmula que apenas tem devastado os Países onde tem sido aplicada e que tem destruído todo o projecto de construção Europeia. Este é um facto que certos fanáticos ultra liberais do círculo Germânico tem alguma dificuldade em aceitar.
E é neste último facto que devemos assentar o nosso pensamento.
Isto porque a Grécia é hoje em dia um País que paga ordenados pouco acima dos 350€ à generalidade da População- E tal é assim porquê a Troika assim o impôs em nome do cumprimento dos programas de assistência financeira. Não é de se admirar que a corrupção seja o maior flagelo dos Gregos e que Partidos como o Syriza alcancem o Poder de uma forma categórica. Assim como não espantará ninguém que a maioria dos Gregos diga que já não tem nada a perder e que deposita toda a sua última esperança de voltar a ter uma Vida digna num Partido da Esquerda Radical.
A vitória de Alexis Tsipras é, sem sombra de dúvida alguma, a última hipótese que a Europa tem de se salvar a ela própria do abismo que criou.
Repito, na Grécia já há gente a mais que não tem nada a perder… E existe por lá um Partido neo nazi que tem vindo a ganhar força política… Demasiada força política!
Confesso que acho uma piada mórbida à classificação da escalada perigosa da extrema-direita na Europa (EU e não só dado que a Ucrânia é actualmente governada por neo nazis) como um não assunto. Um tabu sobre o qual é expressamente proibido opinar, expor, dissecar e, sobretudo, combater com urgência.
Na Hungria, País que certos dizem estar uma maravilha á face da Terra, o Jobbik de extrema-direita cuja fabulosa imagem dos seus militantes vemos em cima do texto conseguiu 18% dos votos nas últimas eleições. Em França o Partido de Marine Le Pen, também de extrema-direita, ganha força a olhos vistos e agora até governa certas Câmaras Municipais Francesas. Na Holanda recentemente o Primeiro-ministro veio pedir desculpas em público porque um Partido Holandês de extrema-direita cuja popularidade está em crescendo resolveu insultar a enorme comunidade Marroquina que reside no País.
Na Alemanha tomou-se a “fabulosa” decisão de se expulsar os emigrantes europeus que não conseguem arranjar emprego em solo Germânico, tendo o mesmo sucedido na Bélgica sob um enorme aplauso da população e dos simpatizantes da extrema-direita. Na Grécia o Partido Aurora Dourada, de extrema-direita, cada vez mais conquista eleitores e ganha um força tremenda nos corredores do Poder em Atenas. Em Inglaterra o caso da Portuguesa que ficou sem os filhos e o enorme corte que o actual Governo levou a cabo nas prestações sociais por causa dos emigrantes alimenta uma extrema-direita que dantes era vista como um inimigo mortal nas terras de sua Majestade.
E por aí adiante…
Continuemos a assobiar para o lado e a atirar farpas, pedras e sanções á Rússia de Putin e à Venezuela do maluco do Maduro.
Continuemos a ignorar a escalada desta maldita coisa que se chama extrema-direita.
Continuemos a pactuar e a proteger Regimes neo nazis como o da Ucrânia porque dá jeito.
Continuemos neste caminho fabuloso e daqui por uns tempos vamos todos repetir a gasta frase: A Humanidade não aprende nada com o Passado.