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Um amigo meu - por quem tenho uma enorme consideração - que trabalha há já uns anos no coração da União Europeia (Bruxelas) reagiu com optimismo e esperança ao anúncio do Brexit. Segundo a sua visão do problema a mais do que provável saída do Reino Unido da grande “família” Europeia vai provocar uma onda de choque que irá obrigar a que seja levado a cabo uma profunda transformação da União Europeia para que esta regresse à Europa Unida anterior à entrada em cena do famigerado Tratado de Lisboa e demais Tratados Europeus que se lhe seguiram.
Obviamente que discordei da sua posição. Posição que - para mim – é demasiado optimista e completamente desfasada da realidade. Já diz o povo que “burro velho não aprende línguas” e neste momento a Europa que outrora era de todos e agora é somente de alguns (até mais ver) está carregada de “burros velhos que não aprendem línguas”. E tal facto foi bem notório nas reacções dos órgãos Europeus ao Brexit. Rapidamente o Parlamento Europeu e demais órgãos se encheram de sentimentos de vingança chegando-se ao ponto de vermos Britânicos e Europeus a extravasarem - e muito - o limite do razoável na linguagem que utilizaram para debater um problema que não é um exclusivo dos Britânicos.
É ponto assente que a extrema-direita está a ganhar força no panorama político Europeu. O Brexit é disto um bom exemplo. Para mais esta facção política nacionalista, populista e xenófoba já lidera na Hungria, Polónia, Dinamarca e está prestes a alcançar o poder na Áustria e França.
Tudo isto com a conivência e apreço de uma Europa Unida que nos últimos anos tem imposto pela força da coacção moral (sanções) aos Estados membros mais débeis uma política de austeridade bruta e sem nexo que corrói por dentro as Democracias destes Estados porque impõe lógicas e ritos que conduzem a desempregos galopantes que, por sua vez, dão origem a fluxos migratórios para os Países quem ordenam as ditas sanções. E não esquecer – também - a crise migratória dos últimos anos provocada por conflitos armados sem fim na Síria e arredores, conflitos estes que tiveram (e tem) o alto patrocínio político militar da União Europeia e de alguns dos seus Estados-membros.
Ora face à realidade aqui exposta pergunto: E porque não realizar-se um referendo?
Porquê razão o povo Português não pode debater, trocar ideias e tomar uma posição face ao que está a acontecer na Europa?
Porque temos nós de aceitar de bom grado tudo o que venha de uma Europa completamente desgovernada e perdida em si mesma? Já não sofremos o bastante para agora podermos ter uma palavra a dizer na recuperação de um projecto europeu que se perdeu algures após a criação da zona euro/Tratado de Lisboa/Tratado Orçamental e afins?
Já tive as minhas divergências de opinião com o Bloco de Esquerda em muitas matérias e já as tornei públicas neste – e noutros – espaços, mas se há matéria onde o Bloco tem toda a razão é na insistência de se referendar a actual Europa e o estado em esta nos colocou para agora nos ameaçar com sanções.
Para terminar queria dedicar umas linhas ao Sr. Wolfgang Schäuble. Não me irei alongar muito porque esta triste personagem não merece muito mais do que uma simples chamada de atenção. É que este Sr. julga que cá por Portugal somos todos burros porque é muita coincidência que este tenha vindo para a Praça Pública lançar a confusão sobre um possível resgate a Portugal no dia em que o FMI nos deu a saber que o Deutsche Bank é o maior risco mundial para a estabilidade.
Texto publicado no Repórter Sombra
Este discurso do Sr. Guy Verhofstadt, Eurodeputado Belga, foi dirigido a Alexis Tsipras, Primeiro-ministro Grego, e teve como pano de fundo a crise Grega que todos conhecemos.
O dito discurso (ou intervenção) tem sido altamente divulgado nas redes sociais e blogosfera pelos anti Syriza e pelos que acham que a Grécia é o problema e não parte deste. Não vou aqui opinar sobre esta questão pois esta será alvo da minha devida dissertação no Repórter Sombra na próxima Segunda-feira às 11H.
Agora o que eu pretendo aqui fazer é perguntar onde estava o Sr. Guy Verhofstadt, e demais entusiastas do seu pensamento, quando a França disse publicamente que não ia cumprir com os requisitos do Tratado Orçamental.
E também gostava mesmo muito de saber o que pensa o nosso amigo Belga e seus apoiantes do facto de a Itália ter já dito que rejeita receber “lições” sobre o seu orçamento.
O prometido é devido e eis que vou então deixar aqui a minha opinião sobre as Eleições Europeias. Eleições que são tão importantes como qualquer outra pois votar é um Direito que conquistamos com a Revolução de Abril que implantou a Democracia em Portugal.
Tenho seguido com alguma atenção a campanha nacional para as Europeias. E o que constato é que:
- A Coligação Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) ataca o Partido Socialista e atira farpas ao anterior Governo Sócrates. O Partido Socialista responde aos ataques da Direita coligada e apela ao voto nos seus candidatos como forma de punir o Executivo Passos/Portas. A CDU (Coligação PCP e Os Verdes) cerra fileiras contra o Partido Socialista e apela ao voto como forma de punição do Governo. O Bloco de Esquerda ora ataca a União Europeia, ora manda umas biqueiradas ao Partido Socialista e apela também ao voto como forma de protesto para com as Políticas do actual Executivo.
Debate sobre a Europa, o seu futuro e a forma como se propõem combater a Crise e evitar que tal suceda no futuro é tema tabu para os Partidos que tem assento na Assembleia da Republica. Tal debate tem sido feito ainda que timidamente pelos Partidos que não tem assento na AR mas que se candidatam às Europeias.
No meio de tudo falta ainda saber o que pensam e o que se propõem a fazer os Candidatos à Presidência da Comissão Europeia. Lembre-se que a força política que vencer as Europeias terá direito a escolher o sucessor de Durão Barroso. Sobre este assunto o Jornalista Daniel Oliveira colocou na sua página do facebook uma questão que me parece de uma pertinência atroz.
Ora perante tamanha balburdia e autêntica corrida ao estatuto, luxo e ostentação que rodeia um Euro Deputado, ficam os analistas Políticos muito admirados e ofendidos com a mais que provável elevadíssima taxa de abstenção. Tal fenómeno indignou de tal forma um conhecido Comentador Político da nossa Praça que até sugeriu que o voto passe a ser obrigatório em vez de criticar a postura pouco honesta e nada ortodoxa como os Partidos na sua generalidade tem lidado com as Eleições para o Parlamento Europeu.
E como uma série de males nunca vêm só, eis que o Tratado de Lisboa criou uma tremenda confusão institucional tal que ainda ninguém conseguiu perceber o que realmente faz, pode e deve fazer a Comissão Europeia e o seu Presidente. Uns dizem que é o Homem com mais Poder na Europa, mas na prática o que temos é uma espécie de catavento que gira consoante os ventos sopram para o Norte ou Sul da Europa.
Contudo mantenho a minha opinião de que votar é fundamental. Não se servir de um Direito adquirido do Cidadão é abrir a porta á Extrema-Direita/Esquerda, Nacionalismos exacerbados/bacocos e ao Adepto do Partido X que vota neste mesmo quando o seu programa o afecta a si e aos outros que o rodeiam.
Ao contrário do que temos sido bombardeados, o voto em branco é também um voto útil. Muito mais útil do que deixar que um grupo de fanáticos decidam por nós para depois andarmos os anos seguintes a reclamar que tudo está mal por culpa de quem nos governa.
Agora que cada um meta a mão na sua consciência e reflicta com moderação se vale a pena lutar pela Europa ou se preferem entrega-la a gente que já demonstrou e demonstra por mais que uma vez que não tem aptidão e honestidade alguma para o cargo que pretendem ocupar.
Atualmente, o Panteão Nacional abriga cenotáfios (memoriais fúnebres) de grandes vultos da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque, bem como, os restos mortais de alguns presidentes da República e escritores. As excepções a este perfil de personalidades são Humberto Delgado e Amália Rodrigues.
O próximo, tudo o indica, será o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, porque há “um grande consenso nacional” e os partidos políticos (pelo menos o PS, PSD, CDS e BE) já vieram dizer que são a favor.
José Correia in Reflexão Portista
Pelo excerto escusado será dizer que sou totalmente contra a entrada de Eusébio no Panteão Nacional. E defendo esta minha ideia recorrendo a um argumento diferente daquele que foi utilizado por José Correia.
O que me move contra esta estapafúrdia ideia de colocar os restos mortais do Pantera Negra no nosso Panteão prende-se com o aproveitamento político de uma figura que, salvo erro, procurou sempre estar sempre afastada da política. Até porque com toda a certeza a Eusébio já lhe bastou a clara ingerência do Estado Novo na sua vida e carreira futebolística.
Para mais convêm recordar os mais distraídos que estamos em ano de eleições europeias e que toda e qualquer forma de populismo que possa ser aproveitada pelos Partidos para “caçar” votos é bem-vindo. Alias não é por mero acaso que só agora o Parlamento Europeu se tenha interessado por investigar a Troika… Mas isto é assunto para outros debates.
E escusado será dizer que interessa e muito ao Governo PSD/CDS, Presidente da República e Partidos do arco da governação que a “populaça” ande entretida com o “coloca o Eusébio no Panteão e não coloca o Eusébio no Panteão”.
Mas isto nem é o pior de tudo.
Pior que a instrumentalização política do Eusébio da Silva Ferreira é o Presidente do SL Benfica dizer que a transladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional é uma exigência do povo português e não do Benfica e depois vermos um segurança do clube a retirar os cachecóis do Sporting CP que foram depositados na Estátua de Eusébio sob um pretexto que simplesmente roça o ridículo e que toma todos os Benfiquistas por arruaçeiros.