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Acreditar no Pai Natal

por Pedro Silva, em 02.12.20

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Tempos estranhos esses que vivemos. E afirmo tal não pelo facto de o  Mundo estar, todo ele, a atravessar e a enfrentar uma crise sanitária e económica sem precedentes, mas sim pelo facto de ser cada vez mais evidente que a Humanidade – a tal culta, evoluída e consciente – insistir em não olhar para o passado e aprender, de uma vez por todas, com os erros crassos que cometeu.

As crianças pequenas tendem a acreditar em fantasias várias e a toma-las como reais, certas e seguras. Tal é fruto, tão-simplesmente, de uma inocência que com o tempo vão, naturalmente (creio eu), perdendo e percebendo que o Mundo não é feito de fantasia onde é possível cair-se no mesmo erro vezes sem conta sem que tal tenha consequências nefastas. Pelo menos é assim que tudo deveria ser. Contudo, pelo que vou lendo e ouvindo da parte de políticos, comentadores, influenciadores e pessoas que ocupam cargos de responsabilidade na nossa Europa fico, cada vez mais, com a aterrorizadora ideia de que toda esta gente vive num Mundo de fantasia. E de lá não parecem querer sair para mal dos seus eleitores e cidadãos!

 A razão de quem (des)governa a Europa (e Portugal inclusive) sõ pode ser mesmo a de que todos nós cidadãos desta Europa ainda somos pequenas crianças que acreditam no Pai Natal e outras personagens que fazem as delícias da pequenada.

Aquando do surgimento da famosa “bazuca europeia” não faltaram agentes políticos, jornais, televisões, rádios e outras coisas tais a lançar confetes, foguetes e cantarolar o “aleluia meu irmão” que a Europa está vida e de boa saúde. Estes festejos foram uma espécie de “toma e embrulha” a quem fez saber da tremenda dificuldade que foi a de se conseguir consenso em Bruxelas para que o arranque da construção da “bazuca”. E aí de quem dissesse que o dia em que dita cuja ia “bazucar tudo e mais alguma coisa” só ia chegar na tarde chuvosa de 31 de Fevereiro (de que ano ainda não se sabe bem).

Ora estamos a 1 de Dezembro e “bazuca” nem vê-la… Pelo que se sabe Polónia e Hungria travaram aquilo que nos ia a salvar todos da patetice e palermice absurdas que têm sido a política europeia de combate à Covid-19.

Facto é que a dita “bazuca”, como parte integrante do orçamento europeu, tem de ser aprovada por unanimidade pelos Parlamentos e Câmaras Altas e Baixas de TODOS os Estados-membros da União Europeia. Mesmo por aqueles Estados-membros que a União Europeia acusa (e bem) de serem autoritários, de estarem a colocar em causa o principio da separação de poderes e de fazerem tábua rasa dos direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos.

Sobre o assunto em apreço, recentemente. Paschal Donohoe, Presidente do Eurogrupo, afirmou o seguinte:

“Não há qualquer estigma”, sublinhou Paschal Donohoe, adiantando que “os mercados financeiros entenderiam perfeitamente” se um país decidisse recorrer a estes empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Ora claro que não há problema algum! A solução encontrada vai permitir a médio prazo obrigar os contribuintes dos Estados-membros de economias mais débeis a ter de reembolsar os empréstimos com juros feitos à medida da necessidade dos Estados-membros com economias mais fortes. Mas o mercados vão lá incomodar-se com tal coisa se já num passado não muito distante não se incomodaram com uma aberração parecida com esta?

Artigo publicado no site Repórter Sombra a 01/12/2020

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publicado às 18:00


E o meio-termo?

por Pedro Silva, em 26.06.17

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Confesso que - para mim - dizer que em Portugal o meio-termo não existe não é novidade alguma, contudo a recente tragédia de Pedrógão Grande e arredores voltou a trazer a lume esta faceta tão portuguesa com certeza.

 

Ideologias e “partidarices” á parte, o actual momento é de reflexão e não de reacção desenfreada. Obviamente que é necessário responsabilizar quem tem responsabilidades directas e indirectas por tudo o que falhou na tragédia de Pedrógão Grande. E tal não poderá passar pelo “lavar de mãos” do Ministério da Administração Interna que passou o seu dever de investigação e responsabilização para o Parlamento onde após algum “circo” - mais cedo do que se pensa - a culpa acabará por morrer solteira. Assim como o problema não se poderá evitar no futuro com mais legislação. Nem creio que a tão propalada diabolização do eucalipto seja a milagrosa solução que muitos dizem existir. E muito menos me parece que a solução passe pelo discurso do estilo “coitadinhos dos produtores de eucalipto” que não tem culpa nenhuma no cartório”.

 

É necessário encontrar um meio-termo. E encontrar este meio-termo não passa por proibir o lançamento de balões de São João um dia antes das festas São Joaninas (por exemplo). Passa antes por a nossa classe política ganhar coragem de uma vez por todas, libertar-se de vez das suas “amarras” e dar uma verdadeira utilidade à Assembleia da República e demais instituições.

 

Ora isto tudo para se dizer que em vez de andarmos no “jogo do empurra” das responsabilidades sobre o que sucedeu em Pedrógão Grande, deveríamos antes encetar esforços no sentido de dotar as autoridades de poderes que lhes permitam apurar as responsabilidades de quem não agiu como deve ser. Mas para isto há que enfrentar uma coisa chamada PPP (toda a gente sabe o que isto é), os lobbys da propriedade privada/indústria da celulose e procurar criar órgãos que fiscalizem e tenham poderes reais para trazer ordem a uma floresta portuguesa que está cada vez mais entregue à sua própria sorte.

 

A recuperação da carreira de Guarda Florestal e a regionalização seriam, a meu ver, dois “meios-termos” que ajudariam a reduzir ao mínimo a possibilidade de uma tragédia como a Pedrógão Grande voltar a acontecer. Mas isto é só é possível num país onde os governantes tenham algum conhecimento da realidade. Em Portugal tal não é possível pois por cá há autarquias que acham que um coveiro pode, e deve, elaborar relatórios sobre a floresta e no Ministério da Administração Interna vigora a peregrina ideia de que duas carrinhas de comunicações móveis são mais do que suficiente para servir o país caso as torres de comunicação falhem como falharam no monstruoso incêndio de Pedrógão Grande.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (26/06/2017)

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publicado às 12:00


Agora sim! Vamos viver sossegados.

por Pedro Silva, em 21.12.15

Imagem Crónica RS.jpe 

1 - A leitura que faço do que tem sucedido nos últimos tempos é que vamos poder, finalmente, viver em paz.

 

Não estou com isto a dizer que os nossos problemas se resolveram. Muito pelo contrário! Eles estão aí e são muitos, mas a forma como o actual Governo vai tentar dar a volta a uma crise que fora agudizada pela Direitola que fazia o que queria e lhe apetecia sem apelo nem agravo traz, a meu ver, uma nova esperança a todos os Portugueses.

 

Para além disso, o actual panorama político, e a forma como as últimas eleições distribuíram os Partidos na nossa Assembleia da República, foi um enorme tónico para a nossa democracia que vinha, aos p9oyucos, perdendo a sua vitalidade e seriedade. O facto de termos um Governo do Partido Socialista suportado no Parlamento por Bloco de Esquerda Partido Comunista Português e Partido Ecologista os Verdes força o diálogo entre forças, o debate de ideias e impede o famoso “quero, posso e mando” que tão mal tem feito à nossa Democracia nos últimos anos.

 

Nunca Portugal esteve tão bem a nível democrático e espero, sinceramente, que no futuro esta fase tenha servido de lição aos nossos políticos para que os cidadãos portugueses voltem a acreditar no seu país.

 

2 - Pedro Passos Coelho anunciou o fim da coligação PSD/CDS. Dito de outra forma; o líder do Partido Social Democrata disse publicamente que a Direitola teve, finalmente, o seu fim.

 

Em boa hora aconteceu tal coisa. Num panorama onde o diálogo terá de imperar para que Portugal volte a ter um rumo e a ser um País respeitado no Mundo e na Europa é fundamental que a Direita ouça e se faça ouvir.

 

Há quem diga que Passos Coelho optou pelo caminho da moderação porque Rui Rio mostrou interesse e disponibilidade para lhe suceder na liderança dos Socais Democrata.

Sinceramente não me interessa se tal é verdade ou não. O que me interessa verdadeiramente é que, finalmente, o PSD percebeu que não lhe se4rve de nada insistir na sua postura de troglodita ignorante.

 

Um bem-haja à lucidez e à Direita que volta a estar presente na nossa sociedade.

Evidentemente que falta ainda passar das palavras aos actos dado que Paulo Portas, líder do Centristas, ainda berra e insulta muito, mas não creio que esta postura à Direitola da parte do CDS se vá manter por muito tempo dado que por esta altura Paulo Portas já deve saber que os seus tempos de líder estão a terminar.

 

3 - Como disse no início desta crónica, Portugal parece estar no bom caminho mas os problemas ainda são mais do que muitos. A única coisa boa é que estão todos no mesmo sector: Banca!

 

Ora a Crise das Dívidas Soberanas de 2011 e os excessos do último Governo Sócrates obrigaram o nosso País a ter de pedir, mais uma vez a intervenção Internacional abrindo desta forma a porta do Poder a Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. E aquando da chegada da famosa Troika foi diagnosticado um problema na nossa Banca que deveria ter sido resolvido pelo último Governo. Contudo como a orientação política deste era de “Direitola” eis que Passos Coelho e Paulo Portas ase preocuparam muito mais em destruir a Classe Média Portuguesa e em distribuir dinheiro pelos amigos através de programas de privatizações obscuros.

 

A Troika podia ter muitos defeitos mas desde cedo alertou o Governo Passos/Portas que era urgente uma intervenção na Banca Portuguesa. O colapso do antigo Banco Espírito Santo (BES) estava devidamente sinalizado e para mais sinais de que isto ia acabar mal eram mais do que muitos. Por exemplo o Millennium bcp já se encontrava à beira do abismo (só não caiu nele porque a Troika não deixou). Em suma, Passos e Portas sabiam muito bem que era urgente fazer alho opara que o BES não acabasse como acabou e para que não parecesse outro Banco na mesma situação. Mas estes em vez de fazerem aquilo que se lhes exigia viram no colapso do BES uma oportunidade de negócio que nunca se concluiu) e vamos a ver se tal se conclui sem ter um grande prejuízo para todos nós.

 

Agora tenhamos em atenção que os Bancos funcionam na base do “dinheiro faz dinheiro”. Dito de outra foram os Bancos fazem lucro através dos Depósitos (especialmente Depósitos a Prazo), Obrigações, Planos Poupança Reforma, Seguros e Empréstimos.

 

Graças aos quatro anos de destruição maciça do rendimento da Classe Média levada a cabo pro Passos e Portas o que aconteceu? Muitas famílias retiraram o dinheiro que tinham a render no Banco para poderem fazer faxe às despesas. Deixaram de subscrever Seguros. Deixaram de ter capacidade de poder pagar os empréstimos (aumentado o crédito mal parado). Para além disto a Crise das Dívidas de 2011 fez com que o Banco Central Europeu e a Reserva Federal Norte-americana baixassem as taxas de juro para valores negativos. A Banca foi ficando com cada vez menos dinheiro disponível o que fez com que tivesse muitas dificuldades em cumprir com as Obrigações que muitos dos seus Clientes subescreveram.

 

Não admira portanto que agora tenhamos o problema BANIG para resolver. E a ver vamos se não vai aparecer outro… Este é Um dos maiores legados da Governação desastrosa, mentirosa, falaciosa e autoritária do Governo Passos/Portas. Até custa a perceber que haja quem defenda esta gente.

 

Vamos a ver se António Costa consegue dar a volta ao problema através do aumento dos rendimentos da nossa Sociedade, mas é também importante que este faça aquilo que Passos e Portas não quiseram nunca fazer: restruturação profunda da Banca Portuguesa.

 

4 - Em jeito de despedida queria dizer-vos que não existem limites para os nossos sonhos, basta acreditar.

 

Feliz Natal!

 

Texto publicado no Repórter Sombra

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publicado às 17:30


Circos

por Pedro Silva, em 12.12.14

Não me vou alongar muito neste meu comentário às audições parlamentares que estão a ser feitas sobre o caso BES (Banco Espírito Santo). E não o vou fazer porque, como disse ontem e muito bem António Lobo Xavier no “Quadratura do Círculo”, o objectivo das mesmas é o de tentar atacar o Governo e a forma como lidou com o processo da falência do BES.

 

Para mais já toda a gente percebeu que o que levou à queda do Banco foi uma tremenda “luta de galos” entre os primos por um de5terminado poleiro. Não fosse isto e o Banco ainda estaria de pé e aclamado com um dos Melhores do País e do Mundo.

 

Agora não posso, mais uma vez, olhar para todo o circo mediático que se montou em torno destas audições. Tudo se sabe, tudo se expõe, ouvem-se/lêem-se ataques pessoais, surgem mentiras, temos meias verdades misturas com verdades absolutas e, pior que tudo, está-se a lavar muita roupa suja numa espécie de jogo do empurra como se a Assembleia da República fosse um Tribunal onde se está a discutir a culpabilidade de Ricardo Salgado e seus colaboradores na falência daquele que já foi um dos maiores Bancos privados Lusos.

 

Pergunto-me como fica a Justiça no meio de tudo isto?

 

Isto porque se no futuro Salgado conseguir provar a sua inocência na barra dos Tribunais, como ficará a Justiça Portuguesa? Mal, muito mal porque por muitas “voltas que se dê à rotunda” Portugal não é nem nunca será como os Estados Unidos da América no que ao Direito diz respeito.

 

Como tal nunca é demais pedir, mais uma vez, alguma idoneidade e razoabilidade à nossa Comunicação Social (CS) que tanto gosta destes pseudo Julgamentos Públicos onde tudo se diz mas nada se apura. Já vai sendo hora da nossa CS crescer um pouquinho e acabar com os seus degradantes e deploráveis Circos,

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publicado às 12:37


A outra face da moeda

por Pedro Silva, em 22.11.13

Ontem aconteceu algo que marcará com toda a certeza a história da Democracia Portuguesa. A Policia violou a Lei que jurou aplicar e defender.

 

Nunca tal coisa passaria pela cabeça do cidadão porque a Policia foi sempre uma forte aliada do Poder vigente e a prova disto é que mesmo com o 25 de Abril a entrar pelas ruas adentro, tanto a PSP como a GNR permaneceram fieis ao Estado Novo até este ter dado o seu último suspiro.

 

Actualmente a Sociedade Portuguesa, embora mais evoluída e instruída, olhava para as Forças da Ordem com desconfiança e desrespeito.

 

Escrevi “olhava” porque aquilo que os Sindicatos da Policia fizeram na escadaria da Assembleia da República com a anuência dos seus colegas que estavam destacados para a defesa do nosso Parlamento mudou a visão que muita gente ainda tinha dos Agentes, Guardas e Inspectores.

 

A tomada pacifica da escadaria em protesto contra os cortes cegos do Executivo Passos/Portas mostrou que afinal a Policia talvez seja humana e está do lado dos cidadãos.

 

Contudo há que ver a outra face da moeda. E quando digo tal coisa não estou aqui a chamar o discurso de grilo falante de Morais Sarmento (acérrimo defensor do actual Governo), mas sim a chamar a atenção para o que poderá acontecer no futuro.

 

È que se porventura o Executivo abrandar os cortes que pretendia levar a cabo nas Forças da Ordem e continuar a aplicar a sua receita masoquista de austeridade sem dó nem piedade a todos os outros sectores da Sociedade, então esta invasão das escadarias que parecia representar a vontade de todos nós transforma-se num gesto egoísta e egocêntrico que mais tarde trará graves problemas à Policia quando esta tiver de dispersar manifestantes que tentem levar a cabo o mesmo tipo de invasão.

 

O mal de toda esta história é de ser obrigatoriamente como as moedas e tem duas faces. Vamos esperar que a outra face nunca se mostre para o bem da nossa Democracia.

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publicado às 10:00


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