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Numa altura em que a crise da Covid-19 aumenta e meio mundo anda a insultar o outro meio por ser "irresponsável", talvez seja a hora de aceitarmos de uma vez por todas que o que é inevitável, inevitável é.
Na Inglaterra, a primeira vacinada foi simbolicamente uma idosa, nos EUA uma enfermeira, em Portugal foi um diretor. Somos um país de penachos, como sempre fomos nos últimos 48 e nos anteriores 48 anos. E um país de tolos, pelos relatos que oiço da invasão completa de hospitais por batalhões de jornalistas em total desorganização, entrevistando pessoas em salas de espera e nos corredores, perseguindo cada uma das pessoas que é vacinada. Em plena pandemia! Ninguém pensa. Ninguém prepara nada como deve ser, a não ser para o espetáculo mal amanhado do show-off televisivo. Que ridículo.
(...)
PS2: horas depois do início do processo, os jornalistas continuam nas salas onde são administradas as vacinas, invadem salas de espera em direto nos telejornais e passei-se nos corredores dos hospitais. Gostava de saber onde param as regras da DGS e qual o interesse disto, que põe em causa a saúde pública em vários dos principais hospitais portugueses.
Retirado algures do facebook
Depois de tudo isso querem mesmo que eu leve isto a sério?
Querem mesmo fazer-me crer que a pandemia nos ensinou alguma coisa?
Se há coisa que me mais me tem assustado nesta pandemia não é o facto de estarmos a enfrentar uma doença desconhecida que tem ceifado Vidas de todas as faixas etárias. E muito menos me assusta a mais do que provável exploração que a indústria farmacêutica fez, faz e fará de um problema que se nota à escala global. Todos sabemos que os países e Estados que tiverem maior capacidade financeira tem acesso privilegiado a soluções que outros países e estados onde a pobreza sistémica é uma realidade por força dos interesses dos países e Estados mais ricos.
O que me assusta verdadeiramente é que o Mundo, mais concretamente o Ocidente, a Europa e, no caso do meu país (Portugal), não ter a mínima e manifesta capacidade de se organizar minimamente para aquilo que é uma guerra contra um inimigo perigoso de facto mas que pode muito bem ser controlado e, a seu tempo e com muito custo, derrotado.
É medonha a forma quase que infantil como os nossos governantes não conseguem pensar a médio e longo prazo, ficando – sempre – pelas intervenções curtas que lhes garantem estabilidade e votos para poderem dar continuidade à sua governação. E não lhes interessa, ou parece não interessar, que continuem a falecer pessoas quando as suas mortes podiam (e deviam) ter servido para a necessária recauchutagem de um sistema que se fez obsoleto em nome de uma paranóia tal em torno de um rigor financeiro que serviu, serve – e pelos vistos – servirá os interesses de alguns.
Numa guerra, mesmo nas indesejadas como a que estamos a viver, existem baixas. É um facto incontornável que cidadãos, pessoal médico, polícias, administrativos, etc. serão vítimas fatais desta guerra contra a Covid-19. Não há volta a dar dada a força e capacidade de mutação do raio do vírus. E face a tal o que tem feito a classe política europeia (a portuguesa inclusive)?
Tem procurado levar a cabo políticas que permitam a que os profissionais de saúde tenham mais e melhores condições de trabalho?
Já foram aprovadas e aplicadas medidas tais como fiscalização apertada e coimas pesadas para Lares de Idosos, Centros de Dia e locais de trabalho onde a higiene e segurança não existem?
Foi disponibilizada verba e logística para a modernização de Centros de Saúde, Hospitais, Edifícios públicos, Esquadras, Tribunais, Prisões e demais infraestruturas estatais que foram construídas nos anos 80 do século passado e assim permaneceram?
A resposta é um redondo não! Nada se fez e nada se fará. Tudo o que tem sido feito pelos Estados europeus (Portugal incluído) cinge-se, única e simplesmente, ao ataque cerrado e cego aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos em nome da saúde pública. A criação de estigmas e de frases feitas do tipo “estão pessoas a morrer nos Hospitais, como tal não podem haver festejos” tem sido uma constante.
Já dizer-se que morrem pessoas nos Hospitais porque esses não tem capacidade de resposta adequada aos tempos que correm é algo que parece “queimar uns quantos fusíveis” dos ditos Catedráticos da Saúde que atiram com tais frases feitas para a Praça Pública não com o objectivo de acalmar e sensibilizar a população mas sim de causar ainda mais pânico e divisões numa população que deveria, acima de tudo, estar unida contra um inimigo comum.
Agora acena-se com a vacina como se de uma solução miraculosa se trate. Chama-se à atenção de que a dita não será suficiente, o que é verdade pois algo que é feito à pressa e sob uma tremenda pressão (do sector financeiro especialmente) não poderá – nunca – ser a solução do grave problema mas sim mais um problema suave que juntará ao já existente problema da Covid.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (15/12/2020)
Excerto retirado daqui
Na semana passada publiquei aqui o seguinte.
E havia quem no inicio da pandemia dissesse que tudo isto ia tornar a Humanidade mais racional e... Humana!
Muito raramente me debruço e reflicto sobre a política em Portugal. Não gosto de o fazer porque as mentes por cá são tal e qual aquelas velhas máquinas a carvão do século XIX. O pensamento crítico e saudável em Portugal /especialmente na política) demora muito a reagir. E quando reage já é tarde demais. Em Portugal, talvez por uma questão cultural, é muito mais fácil seguir a linha de pensamento dominante (ao estilo bisonte) ao invés de se olhar para o que está realmente mal em vez de se discutir o fútil e se alinhar nis discursos fáceis e falaciosos que ditam Leis nas chamadas redes sociais.
Contudo o actual momento que todos estamos a viver exige uma reflexão. Já não digo chamada de atenção, pois já há muito que venho dizendo aqui e acolá que isso ia acabar assim e - surpresa ou não – “a procissão ainda vai no adro”.
Em pleno verão, à beira mal plantado com o seu guarda-sol a saborear um rico dia de sol e calor ninguém com poderes de comando no nosso Portugal (mesmo os eleitos democraticamente) tiveram “dois dedos de testa” e meia dúzia de sensatez para preparar o que estamos a passar.
Nada disto. Essa coisa das mortes, das decisões atabalhoadas tomadas em cima dos joelhos, do desespero face ao número crescente de infectados com Covid-19, da ruptura dos serviços de urgência médica e outras coisas tais eram (e pelos vistos continuam a ser) um exclusivo do dito “Terceiro Mundo” e “cowboyadas” made in Donald Trump. Por altura do verão, por cá estava tudo na Paz do Senhor, o turismo era outra vez a “galinha dos ovos de ouro”, havia que respeitar as vontades de quem tem Fé e vontade de ir em peregrinação a Fátima e a Festas ditas vulgos Comícios partidários e, inclusive, a Fórmula 1 estava de volta a Portugal para também ajudar a “alavancar a dita galinha”.
Portanto, nesta altura só mesmo os tolinhos e os chatos do costume que só “falam, falam, e falam, mas não dizem nada de jeito” é que vinham chamando à atenção de que o perigo de uma segunda vaga de Covid-19 poderia ser uma realidade. O mesmo tipo de lógica se aplicava, sem apelo nem agravo, ás desgraçadas e desgraçados que ousavam chamar à atenção para a exploração barata, mafiosa e recorrente nos Lares de Idosos que exploravam (e exploram) utentes em troca de condições de Vida miseráveis e onde não era surpresa nenhuma a pandemia ser Rainha e Senhora. A mesma chapada levaram, levam e levarão todos aqueles e aquelas que dizem que os Hospitais públicos, completamente descontextualizados da realidade actual, tem falta de pessoal e de meios. E aí de quem ousasse chamar à atenção para locais de trabalho onde a higiene é uma miragem e os distanciamento social uma espécie de “palavrão malcriadão”.
A verdade oficial, essa que tem de ser repetida por tudo e por todos, é que ninguém estava à espera que a segunda vaga da doença viesse tão cedo.
Os disparates ditos pela Sra. Directora da Direcção Geral de Saúde (vulga DGS), a falta de estratégia nacional para se fazer face à pandemia, os surtos de Covid nas escolas públicas que há décadas tem uma falta gritante de meios e de pessoal, a política da máscara na rua e nos espaços fechados por si só que cria uma falsa sensação de segurança, o recolher obrigatório nocturno e nos próximos dois fim de semanas quando os maiores focos de Covid se encontram nos ambientes familiares, as multidões forçadas nos transportes públicos que são escassos para dar uma resposta segura e eficaz ao número de utentes, a recente declaração de estado de emergência que “atropela” a nossa Constituição porque tudo indicia que não vai ter fim à vista (entre outras coisas) e por aí adiante fazem parte de um dictat que até aqui era apelidado de “negacionista”.
Agora já está tudo a mudar para o “a culpa é tua”…. Amanhã já será outra coisa e assim vai de trambolhão em trambolhão até ao trambolhão final.
Agora já todos percebem porquê razão eu prefiro mil vezes reflectir e opinar sobre política internacional?
E já agora. Está tudo muito feliz com a derrota de Donald Trump mas esquecem-se que o dito “trumpismo” não se vai pagar com a saída de Trump da Casa Branca. E esperem para ver o que o “moderado” Joe Biden vai fazer… Coisa boa não vai ser até porque já dizia um amigo meu quando se deu o pontapé de saía das eleições norte americanas: “vai começar a escolha entre um homem mau e outro menos mau. Tragam as pipocas”.
Artigo publicado no sitee Repórter Sombra (10/11/2020)