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Volto a este tema porque estava hoje a ver as capas dos Jornais nacionais no meu tablet quando de repente me deparo com esta notícia que vinha destacada num pequeno quadrado da capa do Jornal de Notícias de hoje.
Ora como trabalho na área ei9s que resolvi ler a dita notícia no site do JN. E a determinada altura eis que leio o seguinte:
Os advogados juniores também conseguiram acompanhar esta subida, passando de nove mil euros anuais para cerca de 15.100.
Não é por nada, mas conheço um colega meu que é Advogado numa Sociedade de Advogados Espanhola que aufere mensalmente €600 líquidos. Conheço também uma colega minha que exercia Advocacia que ganhava consoante a Clientela e na altura esta trabalhava numa prestigiada Sociedade de Advogados. E já agora, conheço ainda outro Colega que começou a exercer Advocacia há relativamente pouco tempo que ganha uns miseráveis €500 mensais.
Nem vou aqui falar das condições de admissão que algumas das Sociedades de Advogados colocam aos novos “Recrutas”, as contribuições obrigatórias para a Caixa de Providência dos Advogados e Solicitadores (CPAS), as quotizações mensais das Ordens Profissionais que tem de ser pagas para se poder exercer a profissão, o elevado n.º de Licenciados em Direito que não conseguem arranjar colocação, e por aí adiante.
Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Quem tem por hábito ler o que aqui vou escrevendo sabe muito bem que sou um crítico feroz do actual estado em que se encontra o Jornalismo Português. Percebo, e até aceito, que o lucro dos nossos Meios de Comunicação Social (CS) sejam algo reduzidos e que tal não lhes permita levar a cabo um trabalho, no mínimo, satisfatório. A nossa CS tem muitas vezes de recorrer às meias verdades e ao dito por não dito para poder facturar mais uns trocos, contudo sou da opinião de que um pequeno esforço da parte de quem nos traz as notícias do que nos rodeia não ficaria mal mesmo não havendo grande margem para tal.
Vêm isto tudo a respeito desta notícia do Diário de Notícias (DN) sobre o novo Regulamento da Caixa de Providência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) da qual destaco o seu título:
Advogados vão descontar quase um quarto do salário mas só daqui a 5 anos
Naturalmente que um título apelativo “obriga” a quê se compre o Jornal para se ler o conteúdo da notícia. Contudo não me parece que se deva fazer título de uma não realidade somente porque se quer vender mais uns quantos papéis ou forçar umas quantas visitas ao Site do Jornal.
O Advogado/Solicitador/Agente de Execução é um Profissional Liberal por excelência. Isto porque existe uma coisinha chamada Deontologia que não permite que estes agentes da Justiça sejam Trabalhadores por conta de outrem dado que tem de respeitar o Principio da Independência custe o que custar. Quando muito poderá existir um eventual Contrato de Avença que determina a que ao Advogados/Solicitador/Agente de Execução seja paga uma retribuição em troca de um serviço que este tenha prestado.
Resumido e trocando por miúdos para que todos percebam; os Advogados/Solicitadores/Agentes de execução não recebem um Salário. Pelo que será de todo impossível que estes descontem quase um quarto dos seus salários tal como titula o DN.
Se a Sra. Filipa Ambrósio de Sousa, Jornalista do já aqui referido Diário, tivesse feito o seu trabalho como deve ser teria percebido que os descontos para o CPAS são fixados em percentagem do salário mínimo (e não do "salário" do Advogado/Solicitador/Agente de execução). Presentemente o escalão mínimo corresponde a 17% do salário mínimo. A ideia é progressivamente passar essa percentagem a 25%.
È este o tipo de Jornalismo que temos. Um Jornalismo que em nome do lucro rapidamente ridiculariza e escamoteia um assunto que até que é importante e que merece ser cabalmente discutido na Praça Pública porque a este ritmo não vai haver Advogado/Solicitador/Agente de Execução que aguente trabalhar no nosso País… Isto a não ser que daqui a cinco anos as coisas estejam de tal maneira bem que vai ser possível ter Clientela á porta dos escritórios disposta a pagar o que for preciso para a cabal resolução dos seus Processos (cenário que me parece altamente improvável diga-se desde já).
“Deixei de ser benfiquista porque percebi o que se passava, a aldrabice que lhes dava as vitórias. O FC Porto ia a Lisboa, jogar com Benfica ou com o Sporting, e no pavilhão até com garrafas de urina levávamos- Eles vinham ao porto e nada podia acontecer-lhes- E se fosse só isso nos jogos importantes arranjavam árbitros convenientes e por muito boa equipa que o FC Porto tivesse – e teve várias – nunca conseguiu ser campeão nacional.”
Ricardo Campos Costa, médico radiologista, antigo Jogador de Andebol do Futebol clube do Porto e da selecção nacional portuguesa in Notícias Magazine de 11 de Agosto de 2013.
Nem vale a pena tecer muitos comentários. A entrevista fala por si e apenas lamento não poder digitalizar este excerto e outros também muito interessantes desta entrevista.
Quem fala assim não pode nunca ser gago e não me venham dizer que isto é tudo inventado. Lamento é que muita gente só tenha olho para criticar um lado e branquear o outro.