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Estamos no século XXI. A Humanidade evoluiu e muitos dos preconceitos do passado estão “enterrados” ou vigoram somente em certos pontos remotos onde persistem por razões territoriais e culturais. Contudo o nosso século tem ainda uma enorme cruz sobre as suas costas e, da maneira como tudo se tem desenrolado, dificilmente se vai livrar dela nos próximos tempos.
Falo aqui da questão da desigualdade em função do género. No século XX as mulheres travaram uma árdua batalha para verem os seus direitos devidamente reconhecidos por sociedades que sempre as viram como meros objectos decorativos ou como seres de parca inteligência que só tinham uma função: velar pela família. Felizmente esta triste – e hedionda – forma de estar foi-se apagando da nossa cultura ocidental. Mas as mulheres podem ter ganho muitas batalhas, mas a guerra não. Existem ainda muitos sectores da nossa sociedade onde as desigualdades - em função do género - se mantêm. Um destes sectores é a política onde a predominância do masculino sobre o feminino é uma triste e enfadonha evidência.
Ora tal faz-me levantar aqui uma questão: Porquê razões as mulheres não conseguem impor-se no mundo da política?
O problema é deveras complexo porque a política é somente uma das múltiplas fracções daquilo que apelidamos de sociedade, contudo parece-me que a solução do dito não passa (de forma alguma) pela insistência e persistência na “calimerice” que a mulher moderna resolve seguir e aplicar como se de uma espécie de solução infalível se trate.
Isto de se vir para Praça Pública defender uma intransigente aplicação forçada de quotas na política e de se vir sempre justificar um – ou vários - mau desempenho de uma mulher na política com a desigualdade que existe neste sector não é, de forma alguma, a solução da problemática.
O que a mulher moderna necessita de fazer para se afirmar de vez na política (e na sociedade em geral) é de colocar as suas representantes mais competentes nos lugares de poder e não de pactuar com as regras do jogo que fazem com que olhemos para as mulheres na política “como mais um”. Dito de outra forma e exemplificando; não é a apostar em figuras como Angela Merkel, Marine Le Pen, Ewa Kopacz, Assunção Cristas, Hillary Clinton, Marisa Matias, Park Geun-hye, Assunção Esteves, Kristalina Georgieva, Maria de Belém, Maria Luís Albuquerque, etc. que a mulher dos nossos dias vai conseguir combater e aniquilar a maldita desigualdade que assola a nossa moderna vivência.
Deixem, então, de seguir a receita da “calemirice” que apenas vai servindo os interesses da desigualdade que dizem querer combater.
Olhem para os ainda pequenos mas enormes exemplos que vão surgindo na política portuguesa. Tentem aprender e amplificar aquilo que Catarina Martins, Mariana Mortágua, Joana Mortágua, Isabel Moreira (entre outras) fazem para se impor na nossa ainda machista política. Dito de outra forma, não custa às mulheres do mundo moderno darem o lugar de destaque/poder a quem tem realmente capacidade para tal em detrimento do “tem de ser porque somos uma pobres coitadinhas”.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (12/12/2016)
Uma nota antes da crónica propriamente dita. Por onde andou a dita “ala feminista” do Bloco de Esquerda na polémica proibição camarária da utilização do Burkini em algumas praias francesas? Não andou. Não se viu. Não falou. Apenas se leu aqui e acolá um ou outro artigo de opinião de um ou outro bloquista, mas das ditas “acérrimas” defensoras das liberdades e dos direitos das mulheres nem uma única palavra. Já quando o caso foi a denominação do nosso Cartão de Cidadão foi o aqui-d'el-rei com direito a legislação, teses sociológicas e demais fundamentação. Depois querem ser levadas a sério. Adiante.
Estamos no século XXI. Já há um século que as mulheres conquistaram o seu direito de serem tratadas por igual por todos (e quando falo aqui em todos refiro-me as todos sem execpção). Não se entende, portanto, que em pleno século XXI as sociedades modernas se sintam ainda no cabal direito e obrigação de dizer às mulheres o que devem vestir, fazer e até mesmo sentir. Não se tenha a mais pequena dúvida de que aquilo que algumas Câmaras Municipais francesas tentaram fazer foi isto mesmo: dizer às mulheres francesas o que vestir, fazer e sentir. Se não fosse este o caso não teriam utilizado o estapafúrdio argumento da segurança para terem criado uma Lei Municipal que proibia a utilização do Burkini nas suas praias.
Pior do que a “islamofobia” é em pleno século XXI a mulher ser ainda vista - por alguns - como um mero instrumento. Uma tremenda tragédia que me envergonha como cidadão de uma Europa que se diz desenvolvida e igual para todos e todas. Custa-me aceitar tamanha forma disparatada de estar de uma Europa que diz querer a igualdade entre todos os Cidadãos e que, em nome de uma ridícula generalização, viola o mais elementar dos direitos básicos de cada um: liberdade!
Se me perguntarem, se eu gosto de ver uma mulher de Burkini eu direi que não. Não gosto. Mas desde quando o meu gosto tem de imperar sobre todos os outros? Desde quando os Executivos Camarários de França podem impor a sua lógica a pessoas que, por opção, tem uma forma distinta de ver e sentir o Mundo? Será que ainda vamos ver o Islamismo a ser considerado crime no Velho Continente recuperando – desta forma – algo que só se viveu na Europa na época medieval onde (curiosamente) as mulheres não tinham direitos alguns a não os respeitantes à lida da casa e satisfação do seu “senhor”?
É verdade que desde a gravíssima crise das dívidas soberanas que tenho a sensação de que o Velho Continente anda completamente à deriva no que às políticas sociais diz respeito, mas confesso que nunca imaginei que a figura da “mulher objecto” voltasse a figurar nas mentes dos políticos europeus.
Bem sei que a tal Lei anti Burkini acabou por ser revogada pelas instâncias judiciais superiores francesas, mas como europeu sinto uma enorme vergonha ao saber que os nossos políticos ainda olham para as mulheres como meros obejctos que tem de obedecer aos seus caprichos disfarçados de bem maior. E uja lata extrema tem estes mesmos políticos quando criticam abertamente os extremistas (aka perfeitos atrasados mentais) do Daesh.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (29/08/2016)
Hoje, mais do que o Dia Internacional da Mulher, é o Dia Internacional do Mundo porque sem as Mulheres a Humanidade nunca existiria!
Não deixa é de ter a sua piada que o reconhecimento Internacional do papel preponderante da Mulher no Mundo tenha tido origem no Socialismo (o Papão dos Centristas e Socais-democratas). E é muito por causa disto que a Sociedade actual se esforça por desvalorizar o dia de hoje e o facto de que as Mulheres são tão boas, e até mesmo melhores, do que os Homens em muitas matérias!
Hoje em dia começa a ser raríssimo o lugar de comando Político, Administrativo, Judicial, Estadual, etc. que não seja já ocupado por uma Mulher. E quando olhamos para a Política vemos que as Mulheres têm conquistado cada vez mais lugares de destaque.
Tal facto é de se louvar porque todo o Ser Humano tem capacidades e qualidades que não são limitadas em razão do seu sexo.
Contudo estas conquistas do sexo feminino estão inevitavelmente e levar-nos para uma realidade que penso que ainda ninguém ousou analisar.
A história recente tem-nos mostrado que as Mulheres conseguem ser tão más quantos os Homens e que os Homens são tão bons quanto as Mulheres. Vejamos dois exemplos bem conhecidos de todos nós:
- Angela Merkel é uma figura poderosa que a nível externo tem feito mais inimigos que amigos mas que é idolatrada na sua Alemanha. Um pouco à semelhança do que sucedeu com o histórico Chanceler Helmut School;
- Yulia Tymoshenko foi a primeira Mulher Ucraniana a ser eleita 1ª Ministra do seu País e mais tarde acabou por ser condenada e presa por ter cedido ao jogo político de Moscovo (foi formalmente acusada de corrupção e tal veio a provar-se em Tribunal). Viktor Ianukovich, actual Presidente da Ucrânia, é agora acusado pelo seu Povo de proteger o 1º Ministro Mykola Azarov que parece ter feito a mesma coisa que Tymoshenko.
Mas esta sucinta análise também tem o seu lado negativo dado que acaba por deitar completamente por terra o mito de que as Mulheres são mais fraternais, competentes e compreensivas que os Homens.
Pode parecer um disparate, mas este é um assunto que dá que pensar. E pensar é coisa que a Sociedade Contemporânea não tem feito muito nos últimos tempos.