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Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma (Lavoisier)
Recorro à célebre frase do cientista francês para aqui dizer que na Política e no Direito nada se perde, tudo se transforma. Isto porque tanto uma coisa como a outra, tal como a natureza, estão longe (muito longe) de serem algo de estáticos dado que tanto a Política como o Direito interagem com a sociedade e adaptam-se, por vezes de uma forma radical, às mutações que a sociedade vai sofrendo. A prova de tal é o facto de muitos países já terem experimentado uma série interminável de modelos de governação. Modelos que em muitos casos provocaram o nascimento de novos Estados e até mesmo de novos Direitos em zonas do planeta onde dantes imperava uma espécie de união que se presumia saudável, eterna e comumente aceite por todos.
Ora tudo isto para aqui dizer que a Comunicação Social portuguesa tem contribuído, de uma forma manifestamente errada, para que uma crassa maioria da população portuguesa mantenha uma profunda ignorância face ao que está a suceder na Catalunha.
O Estado de Direito e a Constituição são duas “coisas” que não são imunes ao desenrolar dos tempos. Dito de outra forma; tanto o Estado de Direito como a Constituição de cada país adaptam-se às novas realidades que o “caldeirão” social “cozinha” ao longo dos tempos. A não ser assim, ainda hoje em pleno século XXI os cidadãos norte-americanos de origem africana não teriam acesso a determinados espaços públicos e o apartheid nunca teria tido um fim na África do Sul.
A razão pela qual a nossa Comunicação Social ignora os factos até aqui apresentados só a esta assiste, mas os efeitos colaterais desta sua posição acabam por ser reveladores da fraquíssima capacidade crítica de uma grande franja da população portuguesa.
Mas a “falha” não se fica por aí.
Quando o Governo de Mariano Rajoy vem para a Praça Pública com o argumento de que os catalães estão a violar o Estado de Direito e a Constituição acaba por fazer exactamente o mesmo - propositadamente ou não - que Nicólas Maduro (Presidente venezuelano) que se refugia no Estado de Direito e na Constituição do seu país para justificar a brutal opressão a que a oposição venezuelana vem sendo sucessivamente submetida.
Quer dizer, a nossa Comunicação Social critica e faz com que critiquemos (e bem) a loucura que se vive na Venezuela mas esta faz de tudo para que apoiemos a trapalhada que o Governo autoritário de Madrid criou?
Não percebo a razão pela qual parece ser tão difícil a tanto português perceber o que está em jogo.
Não entendo como são poucos os portugueses que se apercebem da forma como a opinião pública sobre a temática da Catalunha tem sido manifestamente manipulada a favor de uma facção que tudo indicia que poderia, e deveria, ter procurado colocar a razão do seu lado em vez de a impor pela força da insensatez e da ignorância.
Uma última nota para tentar refutar (mais) uma tremenda mentira que a nossa Comunicação Social tem repetido vezes sem conta como se uma mentira contada muitas vezes se tornasse verdade.
Ao contrário do que tem sido veiculado, a Catalunha tem aliados no panorama internacional. Ainda recentemente a Bélgica, Estado-membro da União Europeia, ofereceu asilo político a Carles Puigdemont (Presidente da Generalitat).
E não, a Bélgica não é uma “República das Bananas”. É antes um Estado que achou que deveria tomar uma certa, e determinada, posição face aos recentes tiques franquistas do Estado espanhol.
Aproveitando ainda esta breve nota, lanço aqui dois pequenos desafios a quem esta a favor da argumentação de Rajoy e seus apoiantes.
Vamos recordar a posição da União Europeia face à independência da Escócia antes e depois do Brexit?
Vamos também recordar o facto de o Kosovo não ser - ainda -reconhecido internacionalmente como um Estado por muitos países (entre eles a Espanha!) e tal não o impedir de existir como país soberano?
A título de complemento, não deixa de ser “engraçada” a posição que a União Europeia tomou no caso da independência do Kosovo dado que na altura esta mandou 2000 pessoas das forças de manutenção da paz das Nações Unidas para ajudar o Kosovo no seu processo de independência.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (30/10/2017)
Este foi um dos casos em que o futebol não foi mais forte que o resto. O Sérvia-Albânia, a contar para o Grupo I de qualificação para o Euro 2016, nunca seria um jogo pacífico, devido à história entre os dois países, e o que se passou nesta terça-feira em Belgrado só o provou. Perto do final da primeira parte, com 0-0 no marcador, um drone com a bandeira com o símbolo da Albânia começou a sobrevoar o relvado, o jogo parou e, quando o ex-benfiquista Mitrovic tentou puxar o engenho, foi empurrado por vários jogadores albaneses, situação que alastrou aos restantes jogadores e equipas técnicas, seguindo-se uma invasão de campo dos espectadores, para além de confrontos entre alguns adeptos e as forças de segurança.
Martin Atkinson, o árbitro inglês designado para a partida, ordenou que as equipas recolhessem aos balneários. Depois do intervalo, Dick Advocaat, seleccionador da Sérvia, ainda subiu ao relvado, mas o jogo, para o qual não foi permitida a entrada de quaisquer adeptos albaneses, já não seria retomado.
In: Público
Kosovo, Kossovo, Cóssovo , Cossovo ou Cosovo (Sérvio: Косово; em Albanês: Kosova ou Kosovë) é um território em disputa parcialmente reconhecido na Península Balcânica correspondente, grosso modo, à região conhecida como Dardânia na Antiguidade. O território fez parte dos impérios Romano, Bizantino, Búlgaro, Otomano, Italiano e da Iugoslávia e, no século XX, passou para as mãos do Reino da Sérvia.
Após o falhanço das negociações internacionais para atingir um consenso sobre o Estado Constitucional aceitável, o Governo provisório do Kosovo declarou-se unilateralmente um País independente da Sérvia em 17 de Fevereiro de 2008, sob o nome de República do Kosovo, sendo reconhecido no dia seguinte pelos Estados Unidos e alguns Países Europeus, tais como a França, Portugal e a Alemanha. Porém, o "País" ainda é reivindicado pela Sérvia e não recebeu o reconhecimento de outros países como a Rússia, Brasil e Espanha.
O Governo Sérvio reivindica o território como parte integral da Sérvia, a Província Autônoma de Kosovo e Metohija (em Sérvio: Аутономна покрајина Косово и Метохија, Autonomna pokrajina Kosovo i Metohija, e em Albanês: Krahina Autonome e Kosovës dhe Metohisë).
A maior parte da população do Kosovo é de origem Albanesa. Existe uma minoria Sérvia que representa aproximadamente 5% da população Kosovar.
In: wikipédia
Não me admira absolutamente nada o que aconteceu ontem na Sérvia. É nisto que dá o Ocidente dar uma de chico esperto e meter a foice em seara alheia para “chatear” a Rússia sob o pretexto de punir os Sérvios pelos seus crimes de Guerra.
Só para que se perceba o quão complicado é o ambiente entre Albaneses e Sérvios, na Capital do Kosovo a Comunidade Sérvia está separada do resto da população Albanesa por uma ponte. Mas lá está, o Ocidente é que sabe e toca a impor as suas regras.
Acho é uma piada imensa ao facto de este mesmo Ocidente e seu Polícia terem reconhecido à revelia o Kosovo e terem feito tanto barulho com o caso da Crimeia…