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Excerto retirado daqui
Na semana passada publiquei aqui o seguinte.
E havia quem no inicio da pandemia dissesse que tudo isto ia tornar a Humanidade mais racional e... Humana!
Os tempos que correm são complicados. Inéditos não o são dado que a Humanidade já enfrentou várias pandemias no passado. Muitas delas com consequências bem mais nefastas do que a actual provocada pela SARS-cov2 (Covid-19) dado que o Mundo não possuía, nem um terço, do conhecimento e material científico e médico que tem hoje à sua disposição.
Temos tudo para não sofrer da mesma forma que os nossos antepassados sofreram com a doenças terríveis como a gripe espanhola (por exemplo) que marcou – e de que maneira – um Mundo em plena Guerra Mundial.
Contudo o cenário actual não é bem esse…
Bem que poderia e deveria ser. A razão até que o dita desta forma, mas existem no nosso planeta três figuras que por força dos destino e de uma conjugação infeliz de factores fazem com que a crise do Covid-19 seja muito mais profunda do que aquilo que já o por natureza. E logo 3 figuras icónicas que por força da Democracia comandam os destinos dos seus países.
Para quem ainda não percebeu a quem me refiro, eis que apresento a fabulosa equipa do Palermices & Companhia.
Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América. O “cowboy” que assumiu o papel de Xerife pretende colocar toda a China no banco dos réus porque, segundo a sua lógica, foi esta quem escorraçou o vírus para todos os outros. Objectivo de tal? Ainda não se sabe, mas acho que terá alguma coisa a ver o facto de os chineses serem - “somente” - os maiores credores da segunda maior economia do Mundo. Para mais, a malta morre aos milhares nos Estados Unidos e muitos são enterrados em valas comuns porque isto do distanciamento social é uma treta made in China comunista.
Jair Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil. O Capitão sem medo que puxa pelos galões para apelar a golpes militares no seu país porque isto da Covid-19 não passa de uma “gripezinha”. Bolsonaro é um visionário que lidera um país onde alguns dos seus Estados tem de partilhar ambulâncias e onde existem povoações que nem sequer sabem o que água canalizada. O arrojado Bolsonaro ainda vai arranjar forma de colocar a China como autora dos seus apelos públicos ao regresso à Ditadura. Entretanto se porventura morrerem uns quantos milhares de brasileiros por causa da Covid-19 e o Brasil vir a enfrentar no futuro uma crise sem precedentes a culpa é de toda a gente menos do Capitão.
Boris Jonhson, Primeiro-ministro de Inglaterra. Para Boris o Keep Calm and Carry On é uma velha máxima britânica quem tem de ser seguida à risca. Até porque isto da pandemia não é para o holligan britânico. Para além de tal, o Serviço Nacional de Saúde lá do tasco aguenta tudo e mais alguma coisa. Pelo menos era assim que este pensava antes de a Covid-19 lhe ter entrado pela casa adentro e o ter colocado na cama de um Hospital a lutar pela Vida. Agora está em fase de recuperação e tem-se remetido ao silêncio enquanto o Reino Unido enfrenta uma onda de mortes e onde a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde é cada vez maior chegando-se, inclusive, ao ponto de se temer o colapso do dito Serviço.
Artigo publicado no site Repórter Sombra
Ainda a respeito do actual estado de coisas na ferrovia portuguesa (um assunto que agora já não interessa a ninguém), li algures um texto de opinião de um defensor da privatização total da exploração da dita.
Obviamente que parto do principio (do qual sou um acérrimo defensor) de que cada pessoa tem direito à sua opinião e a expor a dita opinião. Agora, na minha perspectiva, convêm que a opinião seja minimamente fundamentada e, sobretudo, que faça algum sentido lógico.
O problema do texto em questão está, essencialmente, na fundamentação que serviu de base à formulação do juízo de opinião de quem acha que a empresa Caminhos de Portugal (CP) deve ser totalmente privatizada porque, segundo o exemplo dado pelo autor da ideia, em Inglaterra a privatização do sector da ferrovia nos idos anos 80 teve uma taxa de sucesso de 3%. De lado ficou o facto de os ingleses terem uma cumplicidade histórica enorme com a dita ferrovia quando comprados com a realidade portuguesa e as constantes e ainda muito actuais enxurradas de reclamações que os utentes da ferrovia das Terras de Sua Majestade fazem relativamente ao precário serviço prestado pela tão ferrovia totalmente privada. A culpa, digo eu (seguindo a lógica do autor), será do complexo processo de privatização inglês, embora o dito autor não tenha perdido muito do seu precioso tempo a explicar em que consistiu tal processo.
Mas há mais. Seguindo ainda a lógica do crente da doutrina da Santa igreja das Privatizações, os variadíssimos problemas que os nossos comboios enfrentam resolvem-se com a entrega da exploração dos ditos a privados e com a criação da mística figura do Regulador. Assim como se de uma espécie de Cardeal que, face à experiência recente no nosso país, nada faz e nada diz sobre as “toneladas” de reclamações que recebe diariamente.
Sinceramente, há coisas que devem ser vistas e analisados tendo pro base a dura realidade. Realidade que não está expressa nas páginas de um qualquer excel e muito menos nos enormes “calhamaços” teóricos dos doutrinários da Santa Igreja das Privatizações.
Já aqui o disse e repito, sectores existem que pela sua natureza não podem – nem devem! – ser privatizados. A ferrovia portuguesa, por muito que custe a muito boa gente aceitar tal, não pode, nem deve ser privatizada. Nem total, nem parcialmente. Isto porque o investidor que invista numa privatização de um qualquer sector outrora nas mãos da gestão do Estado vai, legitimamente, exigir o devido retorno do seu investimento. E exige tal seja a que custo for. Tal passa pelo fecho de estações, supressão de comboios/serviços, despedimento de pessoal, precariedade das condições de trabalho e, inclusive, comparticipações do Estado/Autarquia caso este mesmo investidor seja obrigado a ter de assegurar um qualquer serviço minimalista em zonas que lhe dão prejuízo.
Para além de tudo o que já aqui expus - corrijam-me se estiver errado - tirando o sector das telecomunicações, a tal de “liberalização total” redundou sempre num enorme prejuízo para o consumidor/utente. Mesmo que a tal “liberalização total” seja patrocinada/forçada pela União Europeia.
Ora, evitando já certos pensamentos e ideias pré concebidas que são repetidas até à exaustão, eu não sou a favor da manutenção e/ou criação de enormes empresas estatais.
Sou antes favorável à manutenção das empresas estatais onde estas sejam manifestamente necessárias e que estas sejam alvo de uma gestão correcta e enquadrada à realidade em que se encontram a laborar. Dito de outra forma e colocando em ciam da mesa o assunto aqui em análise; eu não sou favor da privatização total ou parcial da CP em nome de uma taxa de sucesso inglesa na ordem dos 3%.
Eu sou antes a favor de que haja coragem e decência da parte de quem nos governa (e pretende governar) para que a gestão da CP seja algo que é pensado para a década e não consoante as vontades e orientações políticas de cada Governo.
Isto tudo porque, repito, o sector da ferrovia portuguesa é algo que pela sua natureza não se pode, nem se deve, privatizar sem que tal tenha um enorme custo para a população em geral.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (11/09/2018)
José Pacheco Pereira, conhecido historiador e comentador político da nossa Praça, disse publicamente que a história nunca se repete. Ora face ao que aconteceu recentemente na Síria, apetece-me perguntar a Pacheco Pereira se acredita mesmo que a história nunca se repete.
E coloco tal questão porque a forma como França. Estados Unidos da América e Inglaterra resolveram intervir numa questão grave (suposta utilização de armas químicas na Síria), cujos factos estão (e se calhar continuarão) por provar, faz recordar os sórdidos tempos em que um conjunto de aliados resolveu levar a cabo a invasão unilateral de um Estado soberano sob o pretexto de uma ameaça que o Mundo veio a saber - muito mais tarde - que não passava da criativa imaginação de um programador de simuladores de guerra.
A pequena grande diferença entre o sucedido no Iraque no passado e com a Síria no presente não é aquela ideia de que “só fomos ali dar umas bastonadas à malta para impor a ordem e nada mais”. Esta foi a mensagem que Emmanuel Macron, actual Presidente francês, fez passar e que a Comunicação Social e um vasto número de comentadores fizeram eco naquela de que “uma mentira contada muitas vezes se torna verdade”.
Macron deveria saber que tudo o que diz e faz se deve pautar pela extrema cautela e responsabilidade. Mas não o fez e, pelos vistos, este terá, inclusive, sido o orgulhoso autor moral de um ataque unilateral ao território sírio feito à revelia de toda e qualquer legislação internacional com base no famoso pretexto do “porque sim”.
Acredito que esta postura de Macron se tenha devido - talvez – ao facto de este ter faltado às aulas de História em que os alunos e alunas aprendem que a Síria já deixou de ser uma colónia francesa há umas largas décadas. Mas o Presidente francês está ainda a tempo de aprender que a França já não tem um vasto império colonial (tal como a Inglaterra) e que os Estados Unidos da América não são os “Donos disto Tudo”.
Voltando “à vaca fria”, bem vistas as coisas, o pretexto e Modus Operandi (MO) deste perigoso e populista “trio” de líderes ocidentais (Macron, May e Trump) é exactamente o mesmo dos aliados de 2003 até porque, salvo prova em contrário, ainda não se sabe quem foi que lançou o suposto ataque químico numa cidade e região que as tropas de Bashar al-Assad tinham acabado de libertar das mãos das forças rebeldes.
Dito de uma forma mais simplista, o que aconteceu na Síria em 2018 foi, sem tirar nem por, o mesmo que aconteceu no Iraque em 2003.
Portanto, ao contrário do que diz Pacheco Pereira, a história repete-se. O que não se repete são as consequências da sua repetição.
Artigo publicado no site Repórter Sombra