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Nunca me pareceu que um possível regresso ao clima de Guerra Fria possa beneficiar a Europa. Especialmente nos tempos que correm em que do outro lado do atlântico temos uma personagem a liderar os Estados Unidos da América que já mostrou, por mais do que uma vez, que não fará da Europa o seu aliado mas sim o seu inimigo mortal numa espécie de guerra comercial que tem de combatida e vencida pelos norte-americanos a todo o custo. Para mais a União Europeia atravessa aquele que pode (já) ser considerado o pior período da União, fruto de uma política cega de austeridade que culminou numa vaga imensa de populismo em muitos dos países da União que tem agora de lidar com uma tremenda barafunda interna no que à formação dos seus Governos diz respeito.
É no cenário descrito no parágrafo anterior que surge o ataque britânico de Theresa May à Rússia de Putin. Um tremendo “tiro no pé” por parte de uma governante que já percebeu que a história do Brexit vai correr mal. E vai-lhe correr mal porque não se pode querer sair da União e continuar dentro desta. Daí a necessidade que a Sra. Primeira-ministra britânica tem de criar aquilo que me apetece apelidar de fait divers para totós.
Mas atenção. Antes que surjam por cá as interpretações à diagonal das virgens púdicas do costume, eu até que concordo que a Rússia de Putin tenha de ser confrontada e até mesmo pressionada em certos dossiers. Mas tal não deve ser feito da forma que May e o seu Executivo pretendem fazer. Isto de se atirar alegações e acusações para o ar na esperança de ver “quem está comigo” já não funciona. É uma técnica que teve um ponto final após o bluff que levou à invasão unilateral do Iraque há uns anos atrás por parte de ingleses e norte-americanos. Para mais Theresa May bem que pode “esperar sentada” pelo apoio da América de Trump nesta sua demanda contra a Rússia.
O que May fez ao lançar a ofensiva na Guerra Fria que está a travar com Putin foi, tão simplesmente, consolidar ainda mais o poder de Vladimir na Rússia e demonstrar, mais uma vez, que não tem a mi9nima capacidade de manter a ordem no seu país. País que continua exposto a ataques terroristas que se realizam com uma facilidade tal que assusta o mais descansado cidadão. Já a Rússia fica mesmo muito preocupada com o anunciado boicote diplomático inglês ao Mundial de futebol que se vai realizar no próximo Verão.
Não é a atirar lenha para a fogueira que se apaga o fogo Theresa. Primeiro que tudo há que ver quem está disposto a alinhar na Guerra Fria contra um país que está, aos poucos, a tomar a posição de líder mundial (com a China à espreita). E não Theresa, não é por amares a barracada com a Rússia em torno de um assunto sério que todos nós, europeus e britânicos, nos vamos esquecer da trapalhada que está ser a tua negociação do Brexit.
Artigo publicado no site Repórter Sombra
Kristalina Georgieva é hoje em dia o olho de um “furacão” de corrupção, compadrio, aldrabice e outras coisas tais que fazem da política a pior coisa que o Mundo já viu.
Este dito “Furacão” nos últimos anos tem estado a destruir – de forma lenta e progressiva – o projecto europeu. E pelos vistos não faz intenções de se ficar por aí dado que o tal “Furacão” - criado pelo Partido Popular Europeu (PPE), liderado por Angela Merkel e seus irredutíveis apoiantes – se prepara agora para fragilizar (ainda mais) uma instituição internacional que cada vez tem menos credibilidade junto de Estados e Cidadãos. Falo, com toda a certeza, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Passo a explicar.
Desde a sua formação que a ONU tem sido vista mais como uma instituição de boas intenções do que uma instituição de acção. Isto porque não obstante todos os Países do Mundo terem assento na sua Assembleia-Geral, quem realmente comanda os destinos da dita instituição é o Conselho de Segurança. Este Conselho é composto por 15 membros, sendo que 5 dos seus membros são permanentes e tem poder de veto. São eles; Estados Unidos, França, Reino Unido, a Rússia e a República Popular da China. Os demais dez membros são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de dois anos. Acrescente-se que uma resolução do Conselho de Segurança só é aprovada se tiver a maioria de 9 dos quinze membros, inclusive os cinco membros permanentes. Um voto negativo de um membro permanente configura um veto à resolução. O Conselho de Segurança e esta sua forma de funcionar foram de uma importância vital durante o período da Guerra Fria. Período onde foi fundamental manter um certo equilíbrio de forças entre as duas super potências da altura (USA e URSS).
Com o final da Guerra Fria não faz sentido algum manter-se o panorama funcional que perdura na ONU onde a transparência é algo de raro (muito raro mesmo). A organização é hoje vista como uma tremenda anedota onde os mais poderosos ditam a sua Lei. A injustificada invasão do Iraque à revelia do Direito Internacional foi a cereja no topo do bolo do ridículo em que caiu a ONU.
O actual processo de eleição do novo Secretário-Geral das Nações Unidas está, na minha opinião, a ser mediatizado porque os membros da aqui referida organização perceberam que há que mudar algo para que a ONU não se torne numa réplica da falhada Sociedade das Nações. E a verdade seja dita que – embora não sendo perfeito – o processo eleitoral do novo Secretário-Geral da ONU até que estava a decorrer dentro daquilo que se denomina de “normalidade democrática”.
Estava. Pelos vistos a Direita Europeia, não satisfeita com a destruição que tem feito num projecto europeu que demorou décadas a evoluir, eis que esta se serve do pior que existe no Mundo da Política para se chegar à frente com uma sua “Candidata”. E este “chegar-se à frente” não teria mal nenhum se tivesse sido feito em igualdade de armas e circunstâncias. Dito de outra forma; Kristalina Georgieva deve passar pelo mesmo escrutínio a que todas as outras candidaturas foram submetidas até ao momento.
Fica mal – muito mal - ao PPE e a Angela Merkel (mais uma vez) darem uma de “eu quero, posso e mando”. Mas a verdade seja dita que não seria de esperar outro tipo de postura da parte de gente que esta semana vai fazer o impossível para que a sua política seja sancionada por uma Europa dominada por eles próprios.
Um aparte; há por aí uma certa ala dita “feminista” que defende a eleição de Kristalina Georgieva porque entende que é chegada a hora de uma mulher ocupar o cargo de Secretário-Geral da ONU. Confesso que nada tenho contra a ideia de uma mulher poder ocupar o dito cargo. Agora a mulher que venha a ocupar o dito cargo deve demonstrar que tem capacidade para o fazer e, até prova em contrário, Kristalina Georgieva mão demonstrou ter capacidade para outra coisa senão ser uma marioneta na mão de Angela Merkel e seus apoiantes.
Artigo publicado no Repórter Sombra (03/10/2016)
Nunca vi bons e maus no conflito Coreano. Tenho para mim que num conflito ambas as partes tem sempre a sua quota-parte de culpa e por norma as coisas nunca acontecem por acaso.
A Guerra Coreia do Norte/Sul que neste momento está sob um Armistício teve como pano de fundo a Guerra Fria, Guerra esta que terminou após a queda da Ex-URSS. Para além disto o conflito Coreano está também relacionado com o “nascimento” da China Comunista que agora é a potência dominante na Ásia não necessitando da expansão que tanto assustou o Ocidente na década de 50 do século passado.
Temos portanto que embora vigore um clima bélico entre as duas Coreias, qualquer hipótese de tal passar da ameaça é uma simples ilusão. Utilizando uma expressão popular neste momento tanto uma Coreia como a outra mostram os dentes uma à outra. Nenhuma outra situação seria de imaginar dado que ainda se está para perceber como resiste a Coreia do Norte apesar dos inúmeros bloqueios económicos.
Contudo mesmo neste ambiente de claro equilíbrio o regime Norte Coreano tem tendência a provocar a sua vizinha do Sul. Tal atitude foi ainda mais visível quando Kim Jong-un sucedeu ao seu Pai na cadeira do poder dado que o ainda jovem Líder sente necessidade de cimentar a sua posição no País que lidera a ferro e fogo. Daí que não seja de estranhar as tais purgas que tanto incomodam a Coreia do Sul.
Não me oponho a que a Sra. Presidente Sul Coreana se mostre indignada com tais purgas e perseguições políticas internas da Coreia do Norte, o que eu censuro é a sua ânsia na retirada de conclusões precipitadas e dê a entender ao mundo que um ataque Norte Coreano está iminente.
Os Norte-americanos também ajudam ao “filme” da Sra. Presidente Park Geun-hye, porque o que estes querem é “tirar a ferrugem às suas tropas” que estão estacionadas nas fronteiras entre as duas Coreias.
E é por causa de coisas como estas que quando eu vejo documentários sobre o conflito Coreano deduzo logo que estes estão inquinados á partida porque está visto que não são só os Norte-coreanos os maus da fita que provocam o Mundo todo. E para filmes de má qualidade já chegou o último James Bond.