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A história repete-se. A Catalunha tenta (à força) realizar um referendo que o governo central de Espanha não autorizou alegando, para tal, uma disposição legal da sua actual Constituição. Tudo isto poderia – e deveria – ter sido devidamente evitado se Mariano Rajoy, actual primeiro-ministro espanhol, não fizesse parte de uma certa família política que nos últimos anos tem conduzido a Europa ao estado quase calamitoso em que se encontra.
Como Homem de Leis quando se me colocam em ciam da mesa o problema do referendo catalão sou obrigado a seguir o famoso brocado romando “Dura Lex, Sed Lex”, mas o problema do dito referendo é essencialmente político. E como problema político que é este deveria ter sido resolvido através do diálogo, diálogo este que não existe desde o famigerado atentado terrorista que ocorreu em Barcelona no passado mês de Agosto. Alias, na altura tive a oportunidade de aqui criticar a postura de Rajoy face à postura política de Carles Puigdemont perante o atentado. Ora, face a tal não me admira mesmo nada que tudo tenha evoluído para o actual estado de coisas na Catalunha.
Ontem assistimos a uma demonstração da arrogância e falta de respeito do Governo Central Espanhol para com a Democracia. Democracia que é – pasme-se - a razão da existência deste mesmo Governo. Tal postura da parte do Executivo liderado por Rajoy é usual na Europa dos nossos dias. Daí eu dizer que nos últimos dias a Catalunha é o espelho da Europa. A grande diferença reside, somente, no facto de a Europa não poder (ainda) mobilizar as forças da ordem para impor pela força as suas ideias e disposições.
Já há muito que venho dizendo que a “Direitola” que tomou de assalto as Democracias europeias através do voto é algo de perigoso. Não pela forma, mas sim pelo seu conteúdo dado que os membros desta “família” política (Rajoy, Merkel, Passos Coelho, Assunção Cristas, Órban, Juncker, Durão Barroso e por aí adiante) acham que somente os seus ideais e ideias devem imperar. Senão vejamos, para Mariano Rajoy é certo que no referendo da Catalunha o “sim á independência” venceria. Senão este teria tratado da questão de uma outra forma (e acrescente-se que Rajoy não pode, nunca, dizer que Carles Puigdemont não quis dialogar). Mas com que razão Mariano Rajoy afirma tal coisa? Com a razão do famoso “Pensamento Único” que já fez, por exemplo, com que o partido nazi tenha alcançado variados lugares no Parlamento alemão.
Efectivamente a Catalunha é hoje em dia o espelho da Europa. O espelho de uma Europa autoritária e anti democrática que é o viveiro ideal dos nacionalismos que no passado já a estilhaçaram em mil pedaços.
E já que aqui falamos do “Pensamento Único”, tenho de lamentar a postura do FC Barcelona face ao referendo catalão. Não se pode reclamar democracia e liberdade de expressão para a Catalunha e ao mesmo tempo vincular - à força - os sócios de um Clube. Um Clube de futebol não é de quem o preside. É antes pertença dos seus associados. Não creio que para se ser associado do FC Barcelona se tanha, obrigatoriamente, de ser um independentista. Haverá, com toda a certeza, sócios do FC Barcelona que não concordam com a independência da Catalunha.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (02/10/2017)
imagem de zerozero
Se me pedirem para descrever o Portugal 3 x Hungria 0 numa frase, eu diria de imediato “crónica da normalidade”. Não que a nossa selecção não tenha tido as suas dificuldades em levar de vencida uma equipa húngara que tanto deu que fazer no último Europeu de selecções, mas a verdade seja dita que hoje Portugal foi muito mais competente do que na altura e, desta forma, evitou os dissabores que já tinha sentido no já aqui citado passado recente.
Mas não se pense que a equipa de Todos Nós teve pela frente uma partida fácil. A Hungria veio a Portugal com um único objectivo: empatar! E para tal o seu seleccionador montou uma equipa que durante muito tempo pareceu a selecção da Bolívia.
A Hungria começou o jogo com uma linha defensiva de cinco defesas (3 centrais e dois laterais), um meio campo densamente povoado e na frente apresentou um ponta de lança que mais parecia um “tanque humano”. Era tremendamente difícil à linha avançada de Portugal criar perigo na baliza húngara. Para mais no meio campo luso coabitavam duas “moscas mortas” de nome William Carvalho e André Gomes que não sabem o que é velocidade de execução. Durante muito tempo o futebol ofensivo de Portugal era quase que exclusivamente lateralizado.
Felizmente nas zonas laterais estava um Ricardo Quaresma, um João Mário e um Raphael Guerreiro que, por força da insistência, ajudaram André Silva a abrir uma brecha no tremendo “muro” húngaro. Cristiano Ronaldo aproveitou esta mesma brecha para derrubar, de vez, o dito muro mas os problemas da nossa selecção continuavam a ser os mesmos por força da estratégia húngara e da insistência de Fernando Santos em manter as duas “moscas mortas” em campo.
Com a chegada da segunda parte e a perder por duas bolas a zero a Hungria mudou o seu sistema de jogo, procurou pressionar os defesas de Portugal e a partir daí as tais “moscas mortas” começaram a jogar melhor. Mas mesmo assim não se pode dizer que Portugal tenha tomado conta do jogo, não obstante a vantagem no marcador e a mediana qualidade do adversário assim o permitir. A tal tranquilidade só apareceu após Cristiano Ronaldo ter marcado um grande golo de livre.
Mas pronto, o importante é que Portugal ganhou e continua a perseguir uma Suíça que teima em não vacilar nesta longa corrida para o Mundial da Rússia.
MVP (Most Valuable Player): João Mário. O médio do Inter jogou e fez jogar. Foi muito por causa do excelente trabalho ofensivo de João Mário que a nossa selecção levou de vencida uma “chatinha” Hungria. Apenas faltou o golo para “coroar” a enorme exibição do médio.
Chave do Jogo: Veio tarde. E veio para resolver a contenda a nosso favor. Apareceu no minuto 65´, altura em que Cristiano Ronaldo marcou o terceiro golo de Portugal. Só neste momento é que acabou a resistência húngara.
Arbitragem: Não há nada a apontar ao trabalho da equipa de arbitragem. A partida foi tranquila e ambas as equipas procuraram - quase sempre - levar a cabo um jogo limpo não obstante aqui e acolá os húngaros terem abusado um pouco do físico. O Sr. Szymon Marciniak e restante equipa estiveram bem neste jogo de selecções que se realizou no Estádio da Luz.
Positivo: André Silva/Cristiano Ronaldo. Qualquer equipa do mundo daria tudo para ter uma frente de ataque composta por Cristiano Ronaldo e André Silva. O entendimento quase perfeito entre ambos permite a Portugal ter uma frente de ataque temível que tem sido o “abono de família” da equipa das Quinas neste apuramento.
Negativo: André Gomes. Agora percebo porquê razão este é tão criticado no FC Barcelona. Lento a executar, lento a ler o jogo e muito lento com a bola nos pés. Pior do que ele na sua posição só mesmo o Héctor Herrera do Futebol Clube do Porto.
Efectivamente começa a ser um sacrifício tremendo ir ao Dragão ver o FC Porto jogar! Que tristeza de modelo de jogo este que Julen Lopetegui insiste em implementar à força na equipa Azul e Branca. Para mais do outro lado do relvado estava um Gil Vicente que veio à Invicta remeter-se à sua defesa e rezar para que o seu golo surgisse de um ressalto (e quase que tal sucedia!).
Eu até que sou dos primeiros a dizer que prefiro a vitória a um bom jogo de futebol, mas o que se viu hoje em pleno Estádio do Dragão é mau demais para qualquer adepto aguentar.
O Futebol Clube do Porto não pode andar 45 minutos a trocar a bola para trás e para os lados no seu meio campo. Nem sequer deve pensar em tal coisa! Um candidato ao Título deve entrar em campo decidido a vencer o jogo e não em fazer jogo passivo até que a genialidade de um ou outro Atleta resolva a partida. Se não tivesse surgido o golo nos primeiros minutos da partida de certeza que os Azuis e Brancos teriam chegado ao intervalo empatados a zero e a ter de enfrentar na segunda parte um Gil moralizado e os nervos de um Estádio a exigir a vitória.
Assim não pode ser Julen! Já é milésima vez que digo que a posse pela posse não serve para absolutamente nada! A equipa tem de progredir no campo em posse e recorrendo ao “toca e foge” do FC Barcelona de Guardiola e da Alemanha de Joachim Löw. Custa assim tanto perceber isto Julen?
E já que estamos numa de “recados”, Lopetegui já vai sendo de impores aos teus Jogadores uma maior proximidade entre linhas. È que isto e andar a trocar a bola com os Jogadores a uma distância muito grande entre eles pode ser a morte do artista. Por acaso isto hoje não aconteceu porque do outro lado estava o Gil Vicente do medroso José Mota, mas fosse outro o protagonista e de certeza que não estaria agora a dissecar uma vitória Portista.
Vá o segundo lugar já é posse do FC Porto. Sabe a pouco, muito, muito, mas mesmo muito pouco, mas é o que se pode ter neste momento…
Vamos a ver se o Guimarães e o Marítimo fazem uma “gracinha” nestas duas últimas jornadas. Acredito mais nos Madeirenses do que nos Vimaranenses dado que os primeiros tem de vencer os seus jogos todos até à última jornada para se qualificarem para a Europa, mas vamos a ver o que vai acontecer. E isto partindo do principio de que o FC Porto ganha os seus jogos pois claro!
Por questões meramente profissionais apenas pude seguir com olhos de ver a segunda parte do Boavista FC 0 x FC Porto 2. A primeira parte desta partida segui via rádio mas estou seguro quando afirmo que Julen Lopetegui está a melhorar e a perceber como tem de estar no futebol português. Demorou mas finalmente o Basco está a melhorar no que à gestão do seu plantel diz respeito e apenas tem de melhorar na questão da posse. Vamos por partes.
Esta partida no Bessa tinha dois grandes obstáculos para os Dragões: Chuva e um Relvado sintético. Ora tal exigia um Porto combativo que tentasse fazer um jogo rápido para que a bola circulasse por todos os sectores como tanto gosta Julen. Mas não foi isto que aconteceu.
Durante quase 80 minutos tivemos um FC Porto lento, chato e previsível que perante uma equipa Boavisteira fechada na sua defesa não soube, em momento algum, imprimir um pouco de velocidade para que a posse da bola fosse algo mais do que o toca para trás e para os lados. Não sur+reendia ninguém o empate a zero ao intervalo.
E foi aqui que Lopetegui mostrou estar a fazer os possíveis para melhorar o seu desempenho enquanto Treinador do Clube Azul e Branco. Fazer entrar Tello e Brahimi na segunda parte foi uma excelente jogada que trouxe velocidade e criatividade ao jogo. A velocidade de Tello acabou por dar a vitória e os três pontos ao Futebol Clube do Porto.
Só lamento que Julen Lopetegui tenha necessitado de tanto tempo para saber como deve estar numa equipa como o Futebol Clube do Porto. Vamos a ver se ainda vai a tempo de conquistar o Título de Campeão desta Época, se bem que não me agrada nada isto de ter de esperar por desaires alheios…
Ainda sobre o jogo do Bessa queria deixar aqui duas notas finais:
- José Ángel está a demonstrar claras dificuldades em se adaptar ao Dragão. Por pouco o Espanhol não fazia um tremendo disparate defensivo que quase dava golo ao Boavista FC. E se os Axadrezados tivessem marcado golo era o valha-me Deus para dar a volta ao jogo. Confesso que esperava mais de Ángel, se bem que compreendo que a falta de jogos o impeça de ir melhorando;
- Casemiro tem mesmo de jogar de início? É que Rúben Neves é o Jogador perfeito para o estilo de jogo que Lopetegui tanto gosta. O moço sabe como pautar o jogo e tem uma capacidade de passe fabulosa. Não gosto de comparações mas Rúben faz-me lembrar o Xavi do tempo do FC Barcelona de Pep Guardiola. Merecia, e deveria, jogar mais vezes. O jogo do Futebol Clube do Porto agradece.
Venha o Sporting CP!
Numa jornada muito importante, mas longe de ser decisiva, o Futebol Clube do Porto realizou um jogo perfeitamente normal em Moreira de Cônegos e, a meu ver, até mostrou algumas melhorias. Principalmente a nível defensivo.
Ao contrário de muito boa gente, e até do Treinador do Moreirense, não creio que o Mercado de Inverno tenha enfraquecido a equipa Minhota. É verdade que saíram Atletas importantes e de qualidade, mas bem vistas as coisas não me pareceu que o Moreirense tivesse jogado de uma forma muito diferente daquilo que fez no Dragão aquando da primeira volta do Campeonato. Miguel Leal projectou a sua equipa para a conquista de um empate e não o conseguiu pois o Dragão cumpriu com sua obrigação e venceu com naturalidade. Estar a encontrar justificação para o injustificável é o jogo típico dos que vêm no Futebol Clube do Porto um alvo a abater e infelizmente muitos destes “Snipers” habitam na nossa Comunicação Social.
Ainda sobre o Moreirense penso que o seu Treinador quis jogar com o facto de Julen Lopetegui preferir um futebol de posse pela posse e não deu grande importância ao fraco estado do relvado do seu Estádio. E deu-se mal pois ainda na primeira parte ficou sem dois dos seus melhores Jogadores que saíram lesionados.
Quanto ao FC Porto, confesso que me agradou em alguns aspectos. Foi notória durante a partida a intenção de Lopetegui em que a equipa Azul e Branca variasse o seu estilo de jogo. Os extremos trocavam várias vezes de posição e a equipa tanto optava pela posse da bola como se servia dos passes rápidos em profundidade para o ataque. Desta forma os Jogadores mexem-se em campo e criam linhas de passe e os result6ados positivos surgem. Coisa que não sucede quando lhes dá para o “toca para trás e para os lados” de que Julen tanto gosta.
A nível defensivo tenho de reconhecer que os Azuis e Brancos estiveram ao sue nível. A defesa “não meteu água” apesar de num momento ou outro ter passado por alguns apertos por estar mal posicionada em campo e insistir nos atrasos irracionais para o Guarda-redes. Espero que estas melhoras sejam para continuar e apenas lamento que venham tão tarde.
Uma nota final sobre Tello. O Espanhol cada vez mais me faz lembrar Mariano González. O rapaz tem técnica, velocidade e muita garra, mas quando lhe colocam uma bola nos pés e uma baliza pela frente o moço não acerta uma. Bem dizia eu que não era coisa boa o FC Barcelona ter emprestado o Jogador por duas Temporadas.
E pronto, agora é esperar pelo resultado do jogo entre Benfica e Sporting. Um deles vai perder pontos para o FC Porto, se bem que eu prefiro de longe que seja o SL Benfica a perder. Mas o que eu preferia mesmo era que o Dragão não tivesse de andar atrás do azar alheio para vencer o Campeonato.