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Dei ao acaso com este artigo num mural do facebook de uma pessoa amiga. Como o tema do dito me diz respeito eis que perdi um pouco do meu tempo a lê-lo.
Ao princípio até que partilhei dos pensamentos da Filipa Rebelo porque passei pelo mesmo processo que a Cronista descreve e sei dar o devido valor. Contudo o suspiro final da dita Crónica fez-me torcer o nariz de uma forma tal que acabei por desvalorizar tudo o que fora exposto atrás. Diz a autora que “Um dia, quando tiver filhos, vou-lhes dizer para não irem para Direito.” Frase mais hipócrita que esta não existirá no Mundo inteiro de certeza!
Para além de hipócrita a Cronista acaba por se contradizer. Em determinada altura a mesma diz que “A minha geração teve (tem) azar na altura em que acaba por entrar no “mercado de trabalho”: estava a começar a “crise”, aquela que dura até hoje. Mas a culpa de tudo aquilo por que passamos não foi só da crise, mas de todo um sistema que está errado desde o início, ou seja, desde o ingresso na faculdade, mas isso é outra história.”
Ora quem me garante que na altura dos meus Filhos terem de ingressar na Faculdade a crise não terá desaparecido e o tal de “sistema” sido alterado? Ou melhor, poderá a Filipa Rebelo garantir com certeza que nada mudou quando os seus Filhos terminarem uma Licenciatura em Direito? Ou será esta uma forma de lançar um aviso à navegação numa de não venham para Direito porque eu quero ter o meu espaço?
Vejamos fazer uma Licenciatura numa qualquer área é mais do que escolher algo com ou sem saída profissional. É o culminar de um processo que começa aos seis anos das nossas Vidas que se encerrará na formação numa área que nos moldará a Vida para todo o sempre. Ninguém vai para o Curso A ou B somente porque hoje em dia o dito tem muita saída. Para mais pode muito bem suceder que aquando do final da Licenciatura no tal “Curso com muita Saída” este não venha a ter saído alguma!
È um facto que no Direito as coisas não são fáceis. Exige-se muito do aluno na Faculdade, usa-se e abusa-se do Estagiário e quando nos inscrevemos na Ordem temos que lutar contra uma concorrência feroz e fazer face a muitas despesas que obrigam a que a ajuda de custo familiar se prolongue para lá da Faculdade, mas isto é assim para todas as áreas! Hoje em dia nem os Médicos têm emprego garantido cá pelo Burgo!
O que os nossos Filhos precisam é que os ajudem a fazer frente a um Mundo cada vez mais competitivo e insensível. O que estes precisam é que os ensinem a lutar pelos seus objectivos e a defender os seus ideais e não de alinhar na hipocrisia derrotista própria de um egoísmo Lusitano cada vez mais latente e ”cravado” na nossa Sociedade.
Já é mais do que sabido que o Executivo de Passos que também é de Portas tem uma tremenda cisma para com tudo o que seja Público. E como dizia a minha Avó, uma cisma é pior que uma doença, e a verdade é que os factos comprovam a sua sabedoria.
E vêm a propósito do seguinte: depois de o “amigo” Crato se ter servido dos seus melhores esforços para que o Ensino em Portugal recue uns trinta anos, eis que agora este teve a fabulosa ideia de alargar o cheque-ensino até ao 12.º ano de escolaridade.
Porreiro pah dirão muitos do que estão a ler tal coisa, mas também dizia a minha Avó que não há bela sem senão e então quando a coisa vem do Crato não pode mesmo ser nada de bom. Isto porque tal “chequezito” vai dar a possibilidade de serem as famílias a escolher a escola dos seus filhos. Isto como se no actual sistema a malta já não pudesse escolher a escola para onde quer que os seus filhos vão estudar.
Ora o que vai acontecer com tão iluminada medida?
Simples, como se vende a famigerada e ridícula ideia de que o Ensino Público é para os pobretanas mal-educados e mal-encarados, eis que os Papás vão a correr inscrever o menino e a menina no Externato onde por acaso, mas só mesmo por acaso, o menino e a menina vão melhorar as notas do dia paras a noite sem terem que fazer muito por isto. Se depois nunca mais saem do sítio na Faculdade é porque o Ensino Público não presta.
Mas o que realmente move Crato na formação da sua cratera não é isto. O que este realmente quer é dar continuidade à Reforma do Estado de que Miguel Relvas tanto gostava e que um certo Coelho tratou de vender à Troika como se de uma grande coisa se trate.
Pouca gente pensa ou se apercebe disto, mas se houver a esperada debandada de alunos para o Ensino Privado, as Escolas Públicas vão ter de fechar e os Funcionários (Professores incluídos) que trabalham nestas Escolas vão ter que ir para a rua viver do ar e do vento até porque Portugal é um Pais de clima ameno e solo fértil.
Hoje em dia é um Crime ser-se Funcionário Publico e como tal é se perseguido de todas as maneiras e feitios porque nós, comuns dos Cidadãos, não precisamos do Serviço Público para absolutamente nada.