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O Panteão Nacional vai receber Sophia de Mello Breyner antes de Eusébio, segundo noticia a TSF no seu site.
Perante tal facto eis que os defensores de Eusébio no Panteão porque sim e porque sim logo vieram a terreiro “acenar” com a ida da Poeta para o referido local aos que foram contra esta ideia. Assim numa de agora estás calado dado que já te fizeram a vontade.
Mas o problema está mesmo aí. No agora fazerem a vontade. E para se chegar a tal conclusão basta que se leia a notícia com alguma atenção para se perceber que mais uma vez um local que deveria ser o símbolo máximo do nosso Portugal foi instrumentalizado pelos Partidos Políticos em nome dos seus interesses eleitoralistas.
Senão vejamos:
A presidente do Parlamento não pôs entraves à trasladação pediu apenas para que houvesse consenso entre todos os grupos parlamentares.
Esta é difícil de se perceber.
A Sra. Presidente da Assembleia da República quando confrontada com a hipotética colocação dos restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira no Panteão Nacional levantou de imediato o problema dos custos da operação, mas já com a transladação dos restos mortais de Sophia de Mello Breyner Assunção Esteves não pôs entraves tendo pedido apenas para que houvesse consenso entre todos os grupos parlamentares.
Na última sessão legislativa de 2013, esse acordo foi conseguido. Na semana de Natal (...)
Embora sendo Sophia de Mello Breyner um dos nomes sonantes da nossa Cultura e um “enorme peso pesado” da literatura Portuguesa que é reconhecido em todo o Mundo e cujas obras são estudadas nas nossas escolas, a sua transladação para o Panteão Nacional só teve consenso entre os Partidos próximo do Natal. A ideia surgiu em Abril de 2013 e foram precisos 9 meses para que surgisse o tal consenso!
Já no caso de Eusébio até se violou o prazo que a Lei estabelece para que se analise e debata a questão.
O problema dos Partidos em Portugal é o de tomarem todos os Portugueses por iguais e acharem que esta velha estratégia do come e cala-te funciona.
Depois há quem fique muito indignado quando se diz que os Políticos são todos iguais e que não devem ser levados a sério. Vá-se lá saber porquê…
Hoje proponho que quem me lê faça um simples exercício.
José Sócrates, na qualidade de Comentador da RTP, quando falava sobre Eusébio afirmou que no dia do Portugal x Coreia do Norte, em 1966, quando saiu de casa Portugal perdia por 3 x 0, e quando chegou à escola já a Selecção vencia por 5 x 3.
Confesso que estava a seguir o programa, mas não dei importância nenhuma a esta declaração que me pareceu de uma banalidade atroz.
Muito depois de ter ouvido o Comentador eis que segui com as minhas habituais tarefas do dia-a-dia, quando de repente começo a deparar com um certo borburinho na internet sobre as tais declarações de Sócrates.
Fui ver o que se passava e eis que meio mundo resolveu fazer um julgamento sumário a Sócrates dado que, segundo estes, era de todo impossível o Comentador ter tido aulas naquela altura porque o dia do jogo foi num Sábado do período de férias escolares. Acrescente-se que neste meio mundo estava um tal de Correio da Manhã.
Confesso que acreditei nas acusações. Estava eu longe de imaginar que naquela altura (1966) havia aulas ao sábado de manhã, e que à tarde havia actividades escolares. Além disso, as férias escolares só começavam no final de Julho!
Fiquei surpreendido e rapidamente me retratei assumindo o meu erro e ignorância.
O mesmo não sucedeu com este tal meio mundo que perante a evidência começou a divagar e a trazer a lume a famosa licenciatura de Sócrates que foi feita a um Domingo e a apelidar de Socráticos todos aqueles que tentavam mostrar que as suas acusações eram falsas e despropositadas.
Agora expliquem lá uma coisa (eis o exercício):
- Como é que este meio mundo (Correio da Manhã incluído) conseguiu estar tão atento a um pormenor de um assunto tão banal como o de ter escola no dia 23 de Julho de 1966 e não prestou atenção nenhuma ao que o Governo não fez no que à Lei do Cinema diz respeito?
Atualmente, o Panteão Nacional abriga cenotáfios (memoriais fúnebres) de grandes vultos da História de Portugal, como D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque, bem como, os restos mortais de alguns presidentes da República e escritores. As excepções a este perfil de personalidades são Humberto Delgado e Amália Rodrigues.
O próximo, tudo o indica, será o futebolista Eusébio da Silva Ferreira, porque há “um grande consenso nacional” e os partidos políticos (pelo menos o PS, PSD, CDS e BE) já vieram dizer que são a favor.
José Correia in Reflexão Portista
Pelo excerto escusado será dizer que sou totalmente contra a entrada de Eusébio no Panteão Nacional. E defendo esta minha ideia recorrendo a um argumento diferente daquele que foi utilizado por José Correia.
O que me move contra esta estapafúrdia ideia de colocar os restos mortais do Pantera Negra no nosso Panteão prende-se com o aproveitamento político de uma figura que, salvo erro, procurou sempre estar sempre afastada da política. Até porque com toda a certeza a Eusébio já lhe bastou a clara ingerência do Estado Novo na sua vida e carreira futebolística.
Para mais convêm recordar os mais distraídos que estamos em ano de eleições europeias e que toda e qualquer forma de populismo que possa ser aproveitada pelos Partidos para “caçar” votos é bem-vindo. Alias não é por mero acaso que só agora o Parlamento Europeu se tenha interessado por investigar a Troika… Mas isto é assunto para outros debates.
E escusado será dizer que interessa e muito ao Governo PSD/CDS, Presidente da República e Partidos do arco da governação que a “populaça” ande entretida com o “coloca o Eusébio no Panteão e não coloca o Eusébio no Panteão”.
Mas isto nem é o pior de tudo.
Pior que a instrumentalização política do Eusébio da Silva Ferreira é o Presidente do SL Benfica dizer que a transladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional é uma exigência do povo português e não do Benfica e depois vermos um segurança do clube a retirar os cachecóis do Sporting CP que foram depositados na Estátua de Eusébio sob um pretexto que simplesmente roça o ridículo e que toma todos os Benfiquistas por arruaçeiros.
Isto que vemos no vídeo em cima aconteceu ontem aqui na Invicta por volta das 16H. Foram momentos de puro terror os que se viveram entre a esplanada do Castelo e a Rua de D. Carlos I, junto ao Castelo de S. João da Foz.
O mar também causou problemas na Costa da Caparica, onde uma idosa foi retirada de uma habitação que se encontrava cercada por água.
Alguns deste graves temas foram assunto de cobertura televisiva da parte das nossas televisões (RTP incluída) e Rádios?
Não. Ontem só o funeral de Eusébio é que interessava. Bem que podiam ter morrido pessoas que Eusébio é que dá audiências. Tais factos não precisam de cobertura nenhuma porque nem sequer é necessário tomarem-se medidas para se evitar que algum dia aconteça uma tragédia nas zonas afectadas pela fúria do mar.
O que interessa à Vida nacional neste momento é colocar Eusébio no Panteão da Assembleia da República. E ai de quem esteja contra! Tudo o resto é terciário. Até podia cair uma bomba atómica que “no passa nada”.
O que nos vale é que hoje em dia a informação está ao alcance de um simples “clic”. Não fosse assim e isto seria como nos tempos da “Velha Senhora” onde se ouvia às escondidas a frequência de uma qualquer estação de rádio/tv estrangeira para se saber o que se passa no Mundo.
Já o tinha dito via Twitter mas agora faço-o aqui mesmo correndo o sério risco de ser mal interpretado e de me repetir.
Todos nós devemos muito a Eusébio da Silva Ferreira. Todos nós que amamos o futebol devemos partilhar este momento de dor independentemente da nossa cor clubística, mas aquilo que a Televisão do Estado (RTP) está a levar a cabo é um tremendo exagero só comparável com o que fez a Televisão Estatal da Coreia do Norte aquando da morte do seu Querido Líder.
Isto de apelidar de Telejornal um “especial Eusébio” e de ignorar por completo qualquer outra notícia é um insulto à memória do Pantera Negra que sempre foi conhecido por ser uma pessoa humilde e correcta para com todos.
Pior ainda é ver os pivots dos Telejornais da Rádio Televisão de Portugal vestidos de preto e afirmarem que morreu um dos maiores símbolos do Sport Lisboa e Benfica. Ou seja, conseguem ser mais “Papistas que o Papa” e atiram para o esquecimento tudo aquilo que Eusébio fez na Selecção Nacional de Portugal como se Portugal fosse composto somente por adeptos do Benfica.
Que me desculpem estes “Norte Coreanos” da RTP e outros tantos que concordam com este tipo de loucura colectiva, mas a Vida é algo mais que futebol e se eu financio a RTP, mesmo que indirectamente, exijo que a ética e o profissionalismo sejam respeitados.
Tenho todo o cabal direito de protestar e de exigir do Canal Público o mesmo que fazem os outros órgãos de comunicação social, ou seja, dar especial destaque à morte do maior símbolo do futebol Português sem descurar o que se passa no resto do Planeta e em qualquer outro ponto do nosso País.
Isto a não ser que agora sejamos oficialmente parte da Coreia do Norte.
P.S.: um bem-haja ao Jornalista Daniel Oliveira. É sempre bom saber que ainda existe quem tenha uma mente lúcida que não se deixa levar pelas massas “norte coreanas”.