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Catalunha, o espelho da Europa

por Pedro Silva, em 02.10.17

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A história repete-se. A Catalunha tenta (à força) realizar um referendo que o governo central de Espanha não autorizou alegando, para tal, uma disposição legal da sua actual Constituição. Tudo isto poderia – e deveria – ter sido devidamente evitado se Mariano Rajoy, actual primeiro-ministro espanhol, não fizesse parte de uma certa família política que nos últimos anos tem conduzido a Europa ao estado quase calamitoso em que se encontra.

 

Como Homem de Leis quando se me colocam em ciam da mesa o problema do referendo catalão sou obrigado a seguir o famoso brocado romando “Dura Lex, Sed Lex”, mas o problema do dito referendo é essencialmente político. E como problema político que é este deveria ter sido resolvido através do diálogo, diálogo este que não existe desde o famigerado atentado terrorista que ocorreu em Barcelona no passado mês de Agosto. Alias, na altura tive a oportunidade de aqui criticar a postura de Rajoy face à postura política de Carles Puigdemont perante o atentado. Ora, face a tal não me admira mesmo nada que tudo tenha evoluído para o actual estado de coisas na Catalunha.

 

Ontem assistimos a uma demonstração da arrogância e falta de respeito do Governo Central Espanhol para com a Democracia. Democracia que é – pasme-se - a razão da existência deste mesmo Governo. Tal postura da parte do Executivo liderado por Rajoy é usual na Europa dos nossos dias. Daí eu dizer que nos últimos dias a Catalunha é o espelho da Europa. A grande diferença reside, somente, no facto de a Europa não poder (ainda) mobilizar as forças da ordem para impor pela força as suas ideias e disposições.

 

Já há muito que venho dizendo que a “Direitola” que tomou de assalto as Democracias europeias através do voto é algo de perigoso. Não pela forma, mas sim pelo seu conteúdo dado que os membros desta “família” política (Rajoy, Merkel, Passos Coelho, Assunção Cristas, Órban, Juncker, Durão Barroso e por aí adiante) acham que somente os seus ideais e ideias devem imperar. Senão vejamos, para Mariano Rajoy é certo que no referendo da Catalunha o “sim á independência” venceria. Senão este teria tratado da questão de uma outra forma (e acrescente-se que Rajoy não pode, nunca, dizer que Carles Puigdemont não quis dialogar). Mas com que razão Mariano Rajoy afirma tal coisa? Com a razão do famoso “Pensamento Único” que já fez, por exemplo, com que o partido nazi tenha alcançado variados lugares no Parlamento alemão.

 

Efectivamente a Catalunha é hoje em dia o espelho da Europa. O espelho de uma Europa autoritária e anti democrática que é o viveiro ideal dos nacionalismos que no passado já a estilhaçaram em mil pedaços.

 

E já que aqui falamos do “Pensamento Único”, tenho de lamentar a postura do FC Barcelona face ao referendo catalão. Não se pode reclamar democracia e liberdade de expressão para a Catalunha e ao mesmo tempo vincular - à força - os sócios de um Clube. Um Clube de futebol não é de quem o preside. É antes pertença dos seus associados. Não creio que para se ser associado do FC Barcelona se tanha, obrigatoriamente, de ser um independentista. Haverá, com toda a certeza, sócios do FC Barcelona que não concordam com a independência da Catalunha.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (02/10/2017)

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publicado às 12:00


A Comunicação Social e os Políticos

por Pedro Silva, em 31.07.17

imagem crónica RS.jpg 

Quando se fala em Comunicação Social e Políticos parte-se do princípio de que a primeira existe para evitar que os segundos abusem da arte da política, contudo no actual estado de coisas em Portugal tal não é bem assim. E não é bem assim porque de há uns bons anos para cá, a nossa Comunicação Social percebeu que o “dito por não dito e o meio dito” é muito mais proveitoso do que informar. A nossa classe política – obviamente - agradece tal gesto. Veja-se, por exemplo, o caso de Marques Mendes (conhecido fracasso político da nossa Praça de comentadores) que todas as semanas debita um tremendo chorrilho de disparates em directo na televisão. Disparates estes que são ecoados vezes sem conta pela nossa Comunicação Social porque há quem compre tal coisa.

 

Mas se a Marques Mendes - e a outros do mesmo triste calibre - podemos “dar um desconto” (como diz o Povo na sua imensa sabedoria), mas o mesmo não pode, nem deve, suceder de forma alguma a quem tem responsabilidades acrescidas na vida política portuguesa. Refiro-me, ora pois, a Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas. Tanto um como o outro lideram partidos que tem hoje o importante papel de fazer oposição ao actual elenco governativo e respectiva plataforma de política de entendimento na Assembleia da República (a tal de “Geringonça”).

 

Dito de outra forma, cabe a Passos e Cristas analisar ao pormenor todo o tipo de informação que lhes entra pelo gabinete adentro antes de vir para a Praça Pública dar uma de Marques Mendes. Se não o fizerem correm o sério risco de perder credibilidade e, consequentemente, votos. Isto porque ao contrário do citado comentador a responsabilidade de Passos e Cristas é para com o país e não para com as audiências do seu programa de falar para um cenário animado.

 

Isto tudo para se chegar ao cerne da questão. Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas bem que poderiam achar-se no cabal direito de exigir da parte do Governo liderado por António Costa todo e qualquer tipo de satisfações sobre o que aconteceu, e acontece, nos incêndios em Portugal. Esta é a função principal da nossa Comunicação Social, mas tanto a esta como Passos Coelho e Assunção Cristas preferiram ir atrás daquilo que se denomina de circo mediático. Só assim se explica a triste figura destas personagens face a uma suposta lista de mortos da tragédia de Pedrógão Grande que uma Empresária resolveu colocar a circular. Lista esta cujo conteúdo está completamente desfasado da realidade como comprovou a Procuradoria-Geral da República.

 

Estivéssemos nós (por exemplo) nos Estados Unidos da América onde a Comunicação Social faz o seu papel de busca da verdade para evitar os disparates políticos que a “caça ao voto” muitas vezes produz, e tanto Pedro Passos Coelho como Assunção Cristas teriam tido outro tipo de comportamento face à tal “lista da empresária”. Mas como estamos num país onde reina a lei do “rei nem roque” na Comunicação Social é, portanto, natural que a oposição à Geringonça seja a Direitola que promove todo e qualquer tipo de disparate. Mesmo que tal lhe custe votos, dignidade e credibilidade.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (31/07/2017)

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publicado às 21:30


Triste direit(ol)a

por Pedro Silva, em 14.07.17

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imagem retirada de facebook

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publicado às 12:00


O Pedro que anda a passo

por Pedro Silva, em 07.03.16

Imagem Crónica RS.jpe 

1 – Disse aqui em tempos que a “Direitola” tinha chegado ao fim. Na altura disse também que isto era motivo de regozijo para todos nós pois o Partido Social Democrata (PSD) tinha voltado a ser um Partido no verdadeiro sentido do termo e não uma espécie de grupo de fanáticos irredutíveis que se acham Srs. da verdade e de tudo e mais alguma coisa.

 

Contudo o tempo mostrou que eu estava redondamente enganado dado que o PSD voltou e eleger como Líder uma personagem que já disse publicamente querer ser Primeiro-ministro de Portugal sem eleições. E isto é somente a “ponta do icebergue” de um País que tem na oposição um PSD à “Direitola” e um CDS-PP à Social-democrata.

 

2 – Desenganem-se aqueles que tem por norma ler o que vou aqui escrevendo. Não sou a favor de nozes únicas embora me agrade, e de que maneira, um Governo de Esquerda/Centro-esquerda.

 

Tenho para mim que a Democracia só funciona no verdadeiro sentido do termo quando o debate constritivo de ideias surge na nossa Assembleia da República.

 

É muito por causa disto que critico fortemente a postura de Pedro Passos Coelho e da sua Direcção partidária porque ambos têm demonstrado publicamente, e por mais do quem vez, que só lhes interessa o Poder para poderem fazer o querem, como querem e quando querem contra tudo e contra todos.

 

3 – Foi constrangedor, e revelador, a posição que o PSD tomou aquando do debate do Orçamento de Estado para este ano. O Partido Social Democrata, através dos seus representantes na Assembleia da República e programas de debate televisivos, disseram que votariam contra o Orçamento na generalidade e na especialidade e que não apresentariam uma única alteração ao documento por uma questão de responsabilidade.

 

Uma clara demonstração de que o PSD se está a borrifar para Portugal e para os Portugueses. Uma posição que – pasme-se - o Partido Português de Direita (CDS-PP) não partilha dado que Assunção Cristas anunciou que os Centristas irão apresentar alterações ao Orçamento quando este for debatido na especialidade.

 

4 – Como se não bastasse a clara demonstração de que o Partido Social Democrata é hoje a encarnação da “Direitola” eis que tivemos o seu líder, Pedro Passos Coelho, a defender a maior “sacanice” que os políticos podem fazer ao seu povo.

 

Fica mal a Passos Coelho vir defender publicamente Maria Luís Albuquerque. E fica-lhe mal porque ele sabe muito bem, assim como todos nós, que a arrow não contratou a dita Sra. por causa das suas competências (que não nego que as tenha), mas sim pelo seu conhecimento de causa ou não fosse Portugal de hoje um País “atolado” em dívidas e crédito mal parado.

 

Em suma, o Pedro vai a passo e ainda não se apercebeu que todos lhe estão a passar à frente (o CDS-PP inclusive). Mas ele até que vai feliz. Feliz e de pin com a bandeira portuguesa na lapela.

 

Artigo publicado no Repórter Sombra

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publicado às 16:19


Podemos estar sossegados?

por Pedro Silva, em 01.02.16

Imagem Crónica RS.jpg

1 – Findas as eleições presidenciais eis que Marcelo Rebelo de Sousa sucede a Cavaco Silva na presidência da nossa 3.º República.

 

E se o Povo disse está dito. Democracia é isto mesmo e como tal não se pode agradar, nunca, a Gregos e Troianos. Haverá sempre uma margem da população Lusa que não ficou contente com a vitória de Marcelo, mas como disse atrás, este é um dos “males” da Democracia e temos todos de saber conviver com eles.

 

E é sobre este mal que lanço aqui a minha grande dúvida sobre o Presidente Marcelo.

 

O Professor tem por hábito querer agradar a todos, contudo já todos vimos que tal é impossível em Democracia. Daí que me pergunte como irá Marcelo lidar com as questões fracturantes da nossa Sociedade.

 

Cavaco Silva ao ter vetado a adopção de crianças por casais do mesmo sexo e as alterações à Lei do Aborto deixou a Marcelo duas destas questões… Vamos a ver como o Professor se irá comportar. Até lá mantenho a minha postura de esperar para ver, mas vou desde já dizendo que se calhar não vamos ter, ainda, o desejado sossego que ambicionamos desde que José Sócrates colocou a Troika a “entroikar-nps”.

 

2 – Ainda sobre a eleição de Marcelo apraz-me dizer que não tenho assim tanta certeza de que vamos voltar a ter um centro na nossa Política e que a Direita e Esquerda ficaram órfãs.

 

E tenho tal ideia muito por causa do que escrevi no ponto anterior. O que irá Marcelo irá fazer quando estiver diante de uma postura mais radical da parte de Passos Coelho e da sucessora de Paulo Portas? Irá procurar apelar ao bom senso da parte de quem já o apelidou, indirectamente, de cata-vento? Ou irá este dar razão e aceitação incondicional à sua família política como fez Cavaco Silva nos anos em que foi Presidente da República?

 

Desenganem-se aqueles que pensam que pensam que a Esquerda e Direita estão órfãs. Aliás não sei de onde se retira tal conclusão porque do que se sabe do Marcelo comentador é que numa semana diz uma coisa sobre um determinado tema e na semana seguinte diz outra bem diferente sobre o mesmo tema.

 

Portanto vamos aguardar. Não nos deixemos iludir pela postura tímida de Passos e Portas até porque estes já nos mostraram, num passado não muito distante, que são capazes de tudo.

 

3 - "Podíamos arranjar uma candidata mais engraçadinha e com um discurso mais populista" ... "São opções e não quero critica-las" .... "Não somos capazes de mudar. Fazemos sempre a mesma opção por uma forma séria de fazer política".

 

Estas foram algumas das declarações de Jerónimo de Sousa ao péssimo resultado alcançado pelo Partido Comunista Português nas presidenciais.

 

Jerónimo é o menos culpado de todos neste triste filme. Isto porque quem realmente manda no PCP é o Comité Central, um órgão secular cujos membros só são substituídos quando falecem (ao estilo da antiga União Soviética e o seu famoso politburo). Daí que seja natural este tipo de discurso quando o Partido “leva uma banhada” de alguém mais jovem e cuja forma de estar na política se adaptou aos tempos modernos.

 

Os Partidos Comunistas estão em vias de extinção por esta Europa fora e pelos vistos o PCP quer seguir o mesmo caminho. E estas declarações são bem elucidativas no que ao futuro do PCP diz respeito.

 

O problema do Partido Comunista Português é precisamente o de não ser capaz, nunca, de mudar e de teimar em fazer sempre o mesmo seja onde for e em que contexto for. Em suma, estão orgulhosamente sós até ao fim e depois a culpa é das “engraçadinhas” e dos “populistas”.

 

4 – Já que aqui falei de coisas que nunca mudam na nossa Imprensa também existem coisas que nunca mudam.

 

Até que compreendo que se queira manter o nível das vendas porque sem lucro não há órgão da Comunicação Social que resista não obstante TODOS serem subsidiados pelo Estado Português, mas tenham lá santa paciência e parem com o berreiro caótico da semana passada…

 

Se a Europa dialoga com Portugal é o fim do mundo. Se a Europa impõe medidas a Portugal é o fim do mundo. Se a Europa tem dúvidas sobre o Orçamento de Estado do corrente ano cível e procura vê-las esclarecidas é o fim do mundo. Se o Governo Português dialoga com as Instituições Europeias e Credores é o fim do mundo.

 

Sinceramente. Decidam-se Srs. e Sras. Jornalistas. Bem sei que o vosso brio profissional foi pelo ralo abaixo há muito tempo e que o vosso Código Deontológico serve somente para pisa papéis ou para equilibrar uma mesa cuja perna esteja torta, mas existem limites. Somos um Povo de brandos costumes mas tudo tem um limite!

 

5 – Para o final deixei duas breves notas que, quando tiver oportunidade, serão mais desenvolvidas.

 

A primeira prende-se com a forma vergonhosa como a Europa tem tratado o problema dos Refugiados.

 

Expulsões, maus tratos, pulseiras coloridas, apreensão de bens, etc, etc. Tudo actos que nos fazem recordar o período negro da Alemanha nazi que são praticados por Paises ditos desenvolvidos como a Suécia, Dinamarca, País de Gales, Hungria e Áustria obrigam-nos a reflectir se, realmente, aprendemos alguma cosia com o Holocausto.

 

Bem sei que o Sr. Martin Schulz não quer que se toque no problema de se tratar os Refugiados como os nacionais dos Países referidos em cima (um Ministro Dinamarquês disse isto mesmo: é tudo uma questão de se tratar os Refugiados da mesma forma como se trata um Dinamarquês na Dinamarca), asm isto tem mesmo de ser denatido, dissecado e devidamente analisado… Sob pena de a Europa se tornar numa espécie de IV Reich.

 

O outro ponto prende-se com a candidatura de António Guterres ao cargo de Secretário-geral da ONU.

 

Anda para aí muita malta animada com o tema mas por acaso a malta sabe que isto da ONU é uma tremenda fantochada não sabe?

 

Primeiro que tudo quem realmente manda na ONU é o Conselho de Segurança. O Secretário-geral não é mais do que um simples fantoche do Conselho de Segurança.

 

Segundo, depois que os Estados Unidos da América e Inglaterra lançaram a moda das invasões unilaterais de Países à revelia do Direito Internacional porquê carga de água nós Portugueses e Cidadãos do Mundo temos de ficar orgulhosos com a candidatura do Engenheiro Guterres?

 

Artigo publicado no Repórter Sombra.

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publicado às 19:00


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