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De um amarelo ridículo

por Pedro Silva, em 30.05.16

Imagem crónica RS.jpg 

"Muitos dos alunos e pais da Didálvi, em Barcelos, irão à manifestação de amanhã. Mas no raio de 5 a 9 quilómetros de distância do colégio há duas escolas secundárias, três escolas básicas e uma básica e secundária. Todas públicas. A Escola Secundária de Barcelos foi requalificada e, sem fazer seleção de alunos, está, para quem liga aos rankings, nas primeiras 150 em mais de 632 escolas. A Alcaides de Faria, ainda mais próxima, ficou em 166º. E têm vagas. Vai-se poupar, com a não abertura de novas turmas subsidiadas no Didálvi, um milhão e meio no próximo ano e mais de três milhões a partir do ano seguinte. (...) Dizia João Alvarenga, diretor do Colégio Didálvi e anterior presidente da associação que lidera os protestos, quando foram distribuídos computadores Magalhães em escolas públicas: “Não é despejando dinheiro sobre o sistema, não é despejando computadores sobre o sistema que se vai fazer com que ele funcione.” (...) Penso que chegou a altura de não despejar mais dinheiro no negócio do "Dr. João Alvarenga” e tratar de resolver os problemas das escolas que são de todos e para todos."

 

O que lemos no paragrafado anterior é um excerto de um artigo de opinião do Jornalista Daniel Oliveira sobre os Contratos de Associação. Nesta sua peça jornalística o Daniel relata a história de um dos muitos Colégios privados que se manifestaram no passado Domingo em Lisboa porque no próximo ano lectivo vai deixar de estar abrangido pelo Contrato de Associação. Um caso entre muitos outros de manipulação de informação e de sério atentado à seriedade de cada um de nós.

 

Repito o que já aqui escrevi sobre os Contratos de Associação: é uma vergonha que um país como o nosso em pleno século XXI não tenha ainda uma rede escolar pública que cubra as necessidades de toda a população.

 

Contudo quando escrevi tal coisa estava longe de imaginar que a vergonha poderia ser maior. Temos mesmo de estar terrivelmente envergonhados quando ouvimos os líderes do PSD e CDS, Dirigentes de Colégios privados, Pais, Associações, Igreja Católica, Comentadores, Jornalistas e alguns Políticos a defenderem a clara violação da Lei em nome de qualquer coisa que a razão está longe de perceber.

 

Realmente custa a perceber algo tão simples como ser estritamente necessário que o Estado – através do dinheiro dos Contribuintes - tenha de manter o financiamento de vários Colégios privados quando mesmo ao lado destes existem Escolas publicas com condições para receber alunos. E quando me refiro aqui a condições de receber os alunos falo da existência de uma rede de transportes que possa transportar os alunos até às Escolas e condições estruturais para o normal funcionamento da Escola. Critérios que o Ministério da Educação teve em linha de conta na sua análise das zonas onde decidiu não dar continuidade aos Contratos de Associação.

 

 Confesso que me é de todo impossível perceber quem defende intransigentemente os Colégios Privados. E mais me custa tentar perceber a posição destas pessoas quando estas têm por base da sua opinião coisas como:

 

- Qualidade do ensino. Mas esquecem-se que o Privado seleciona quem quer ensinar pelo que é muito mais fácil que este apresente melhores notas nos rankings de escolas;

 

- Ideologia de Esquerda. Contudo quem defende a utilização racional dos Contratos de Associação recorreu, e recorre, à mais vasta argumentação sem ter feito a mais pequena referência á ideologia de Esquerda;

 

- Elevados custos da Escola pública. Omitindo o facto de nos últimos quatro anos PSD e CDS terem optado por deixar a Escola Pública ao abandono em detrimento de um aumento brutal dom investimento estatal no Ensino privado;

 

- Diminuição do poder de escolha. Como se a revogação de metade dos Contratos de Associação inibisse os pais de poderem escolher o local onde os seus filhos devem estudar. Se querem que os seus filhos frequentem um Colégio privado podem muito bem faze-lo pagando os estudos do seu próprio bolso;

 

- Aumento do desemprego. Fazendo ouvidos de mercador ao facto de o Ministério da Educação vai ter dito publicamente - e por mais do que uma vez - que vai contratar Professores e Pessoal não docente para poder fazer face ao aumento de alunos nas Escolas públicas das autarquias onde deixarão de existir Contratos de Associação?

 

Em suma; todo um choradinho de argumentos da parte de alguém que tem todo o direito de se manifestar sem razão alguma vestido de um amarelo ridículo. Amarelo este que fica ainda mais ridículo devido à óbvia instrumentalização de crianças nas ditas manifestações.

 

Artigo publicado no Repórter Sombra

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publicado às 21:55

Imagem Crónica RS.jpg 

A semana passada ficou marcada por muita polémica. E quando aqui digo “polémica” não me estou a referir a tal no sentido negativo do termo porque por vezes a polémica consegue ser algo de positivo. Um bom exemplo disto mesmo foi a enorme polémica que se gerou em torno dos Contratos de Associação. Tal serviu para revelar aquilo que a Direita quer para Portugal.

 

Vamos por partes.

 

 Esta temática foi aquela sobre a qual PSD, CDS e seus comentadores políticos contaram mais mentiras e lançaram inúmeras contradições. Uma vergonha da parte de dois Partidos que nem a Assembleia da República sabem respeitar dado que até desataram aos murros às mesas da “Casa do Povo” só porque se a verdade.

 

A verdade crua e nua é que Pedro Passos Coelho mentiu aos Portugueses (para não variar, acrescente-se) sobre este assunto. Isto porque está provado que não era necessário criar condições para que os Colégios Privados (aka Colégios Católicos e/ou Cooperativas de Ensino) “crescessem como cogumelos” em muitos Distritos do nosso País, pois se em muitos destes Distritos havia, e há, Escolas Públicas que podem – e devem – receber as crianças, e outros que queiram fazer valer o seu direito ao ensino, não era necessário que o Estado Português celebrasse Contratos de Associação com Colégios. Muito menos era necessário o Executivo Passos/Portas ter colocado um ponto final ao “travão” que impedia o aparecimento de Colégios ao lado de Escolas Públicas.

 

Para quem não sabe, os tais Contratos de Associação foram criados na década de 80 do século passado para fazer face a um problema que o nosso país herdou do Estado Novo: a falta de uma Rede Pública de Escolas. Isto porque nos tempos da Ditadura só podia estudar quem era rico. Como tal chegar – se ao século XXI e ter ainda a necessidade de se recorrer aos referidos Contratos é “terceiro mundista”. Ora sendo assim cabia ao Governo de Pedro Passos Coelho/Paulo Portas (como a qualquer outro) a modernização da Escola Pública para que esta chegue onde não existe dado que só desta forma se poderá colocar, de uma vez por todas, um ponto final neste flagelo social.

 

Mas pelos vistos a ideologia neo liberal do “Privado tudo pode e o Mercado tudo dita” aliada À mentira cabal de que o Privado é, de longe, melhor do que o Público falou mais alto. Tudo isto fez com que nos últimos quatro anos se levasse a cabo o ”homicídio lento” do Ensino Público.

 

Dito de outra forma; está, mais uma vez, demonstrado que para a Direita seremos sempre e para todo o sempre “terceiro mundistas”.

 

Ainda sobre a temática gostaria de deixar só mais uma breve nota.

 

Dizer que o Ensino Público é naturalmente mau e que deve ser substituído pelo Ensino Privado subsidiado pelo Estado é algo de criminoso e revela má-fé de quem profere tal coisa. Apostar na melhoria do Ensino Público é uma obrigação (das muitas) que o Estado tem para com todos nós. Tal como sucede nos países da Europa Central e do Norte onde até filhos de Monarcas frequentam a Escola Pública. Mas para certos políticos, cronistas, figuras públicas e comentadores cá do Burgo a Europa do Norte e do Centro só foram um exemplo a seguir durante a vigência do nosso XIX Governo Constitucional.

 

Artigo publicado no Repórter Sombra

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publicado às 16:54


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