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Hoje em dia encontrar uma Bicicleta que não tenha Velocidades (Mudanças) é um exercício complicado, mas ainda existem lojas que vendem a nossa amiga de duas rodas sem as ditas Velocidades. É tudo uma questão de local.
Mas para que servem as Velocidades (Mudanças) ? Ora vejamos.
As Velocidades servem para que a pedalada seja mais larga ou mais curta. Trocando isto por miúdos para que toda a gente perceba vamos recorrer a dois exemplos:
- Se estivermos a utilizar uma “Bicla” que tenha 6 velocidades (por exemplo) se estivermos a pedalar com a 1.ª velocidade engatada vamos sentir necessidade de pedalar muito mais porque estamos na pedalada larga que é ideal para as subidas que exigem um maior esforço do Ciclista como é óbvio;
- Por seu turno se estivermos com a 6.º Velocidade engatada vamos sentir necessidade de pedalar menos porque basta um pequeno esforço para que a Bicicleta atinga uma velocidade bastante elevada. Neste caso estamos na pedalada curta, pedalada esta que é a ideal para zonas planas.
Ora perante o exposto facilmente se percebe porquê razão se levanta questão de uma Bicicleta ter ou necessariamente de ter velocidades. Para quem via no Norte do país (no Porto por exemplo) as velocidades dão muito jeito porque estamos a falar de uma região montanhosa com muitas subidas e descidas. Já o Algarvio(a) não terá esta necessidade porque em Vila Real de Santo António (por exemplo) as planícies e vales são a nota dominante.
Resumindo; uma Bicicleta ter ou não ter Velocidades dependerá sempre de uma análise ponderada do Ciclista e de onde este vai andar com a dita. Isto a não seu que estejamos afalar de um Ciclista profissional como o Rui Costa claro está.
Para finalizar deixo aqui um importante conselho para a malta que compre uma Bicicleta com Velocidades: não se metam a gastar com Bicicletas de 12 ou mais Velocidades. É um disparate e só traz problemas porque as Velocidades têm de estar sempre em níveis diferentes senão o sistema desafina todo e é um bico-de-obra para colocar tudo em ordem. Falo por experiência. Tenho uma Bicicleta Urbana de 6 Velocidades e estas chegam e sobram para que eu ande perfeitamente à vontade pelas ruas do Porto.
Desde muito jovem que tive uma paixão pelas duas rodas. A culpa é toda dos meus Pais, principalmente do meu Pai, que até eu ter passado por uma doença deveras complicada me brindou sempre com uma bicicleta.
Mas tal como as nossas namoradas e esposas a relação não foi fácil e teve momentos de elevada tensão.
As minhas primeiras pedaladas no comando de uma Bicicleta foram sempre acompanhadas do meu Pai e das… famosas rodinhas. Para me ver livre das tais rodinhas foi um dia de juízo… Mas lá consegui e passei a subir e descer a minha primeira rua montado numa Bicicleta.
O tempo foi passando e a minha pequena amiga de duas rodas teve de ceder o sue lugar a uma bicicleta para graúdos. Na altura a moda eram as BMX que tinham um selim desconfortável mas que eram de uma resistência impressionante. O que a pobre da Bicla passou comigo sentado em cima dela até ter sido encostada.
Muito mais tarde, salvo erro quando eu tinha os meus 15 anos, seguiu-se outra sucessão. Desta vez para uma de montanha que era uma novidade na altura. Com tal Bicla e idade os desafios eram outros e a viagem até ao labiríntico jardim perto de minha casa passou a ser o pão nosso de cada fim-de-semana. Pouco me importava com as manobras que tinha de fazer no elevador onde a pobre desgraçada não cabia. O que eu queria era ir dar umas quantas voltas de bicicleta e o resto era música.
Chegados aos meus 16 anos o Destino pregou-me uma partida e a doença obrigou-me a colocar de lado a minha “carreira” de Ciclista. Foram anos duros e a bicicleta sentiu tal abandono forçado “na pele”. Acabou esquecida nos arrumos do prédio onde ainda hoje permanece a ser torturada pela ferrugem.
Passou-se o Liceu, a Faculdade, Licenciatura, Estágio e abertura de escritório sem voltar a pensar em voltar a dar ao pedal. A paixão continuava lá mas nunca conseguiu voltar aos tempos de antigamente.
Isto até à semana passada. Farto que estava de fazer o trajecto casa/escritório, escritório/casa a pé e com pouca paciência para os Transportes Públicos, eis que resolvi comprar uma Bicicleta. Desta vez não é uma BMX e muitos menos uma de Montanha dado que o meu objectivo não é o de andar a trilhar montanhas (embora aqui para o Porto mais pareça). A ideia é ter um meio de transporte barato, seguro e fácil de se estacionar. Como tal eis que com 36 anos feitos agarrei nas poupanças e comprei uma Bicla Citadina.
A experiência tem sido engraçada. Confesso que não tem sido fácil pois em 20 anos muita coisa mudou para melhor (e eu notei tal coisa quando recomecei a pedalar…), mas nada que me impeça hoje de fazer o trajecto habitual de uma forma bem mais rápida. O problema é que tenho “muita ferrugem para tirar”, mas isto é outra história que contarei noutra altura.