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Confesso que já ando nisto da opinião publicada há uns anos. E uma coisa que tenho notado e que é praticamente a todos este meus anos de escrita é que os Portugueses, na sua grande maioria, reagem mal à opinião publicada. Especialmente os da chamada Praça Pública que se esquecem (com relativa facilidade) de que também opinam e que em muitas das suas opiniões - também elas publicadas – existem contradições, enganos, erros, equívocos e outras coisas tais que podem, ou não, ser propositados(as) porque um texto de opinião é isto mesmo: uma opinião cujo grande objectivo é o debate da temática sobre o qual este assenta. A defesa intransigente de uma qualquer posição é algo que se resume somente aos Tribunais onde existe alguém com poderes e capacidades para julgar a posição que cada parte defende.
Ora vem isto a respeito da forma agressiva como certos sectores da sociedade Portuense reagiram à minha última crónica publicada aqui no Repórter Sombra.
É um facto que eu deveria ter procurado aprofundar certos aspectos da minha argumentação. O assinar graciosamente (com o meu próprio nome) um artigo semanal no Repórter Sombra não justifica tudo e cá estou para me retratar publicamente do erro, mas a verdade que a história nos conta é a de que o êxodo para fora da Cidade do Porto começou com o Dr. Fernando Gomes. Tal pode não se ter devido directamente ao IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) mas a verdade é que o antigo Presidente da Câmara Municipal do Porto “perdeu” a batalha para as Cidades limítrofes da Invicta no que a este grave problema diz respeito.
Podemos não aceitar as coisas como elas são e procurar esconder a realidade recorrendo à mais vil das formas que a retórica nos disponibiliza, mas o facto é que tanto o Dr. Fernando Gomes como todos os seus sucessores não conseguiram contrariar o “esvaziamento” da cidade do Porto.
Lamento., Mas contra factos não há argumentos. Assim como lamento profundamente que algumas pessoas tenham recorrido ao insulto gratuito como forma de resposta aos factos. Inclusive tal técnica foi, inclusive, utilizada por aquele que tem hoje em dia sérias responsabilidades para com os munícipes do Porto.
O porquê de tal iniciativa? Não sei mas presumo que tenha sido numa vã tentativa de camuflar um grave problema cuja solução actual discordo.
Repito aquilo que tinha dito na minha crónica anterior: não é a transformar a Baixa da cidade do Porto num Bar gigantesco/Hotel de Luxo/“Condomínio de Luxo” que se revitaliza uma cidade.
Em suma; tal situação justifica que se passe de imediato o rótulo de “ignorante” a quem, como eu, tem uma opinião contrária à política seguida para a revitalização da cidade Invicta?
Ainda sobre o assunto gostaria somente de deixar algumas notas finais:
1 – Custa-me a aceitar que um Presidente da Câmara não faça o possível e impossível para defender os interesses do Município Portuense. O Dr. Fernando Gomes, Engenheiro Nuno Cardoso e o Dr. Rui Rio procuraram sempre a melhor solução para o problema do “esvaziamento” do Porto. Os resultados finais é que acabaram por não ser satisfatórios dado que o problema se manteve e em certas zonas da cidade agudizou-se tremendamente;
2 - Não me parece que o argumento dos Privados sirva como justificação para o que está a suceder na Baixa Portuense. Assim como também me parece manifestamente pouco que a Câmara Municipal do Porto diga que não pode fazer nada perante os Privados. Não concordo com esta argumentação porque me custa um pouco a aceitar que os Privados tenham estado “adormecidos estes anos todos e somente agora (altura de crise profunda na Banca) se tenham lembrado de fazer investimentos na Baixa Portuense. As Câmaras têm mil e umas formas de incentivar/travar o investimento em determinadas zonas da cidade. Só assim se explica que na minha rua tenha surgido um estaleiro de obras encravado entre duas zonas habitacionais (com todo os prejuízos paisagísticos e de saúde que daí advêm);
3 – No Porto existem Habitações Sociais. E muitas destas foram reabilitadas para que sejam, cada vez mais, dignas e proporcionadoras de condições de habitação a quem por lá mora. O problema é que estas mesmas Habitações se situam na periferia da cidade criando, desta forma, Portuenses de primeira, de segunda, de terceira e até de quarta. E não admira que seja cada vez mais complicado habitar em certos Bairros tal é a distância entre estes e a cidade. Mas pelos vistos há quem goste desta fórmula porque assim “não se estraga a paisagem” que é para Turista ver e comprar.
Artigo publicado no Repórter Sombra
O quiosque japonês do Largo de Mompilher, no Porto, já perdeu cerca de metade da sua estrutura, depois do incêndio que sofreu em Junho. Classificada como Imóvel de Interesse Municipal, a estrutura de madeira não tem parado de degradar-se. A Câmara do Porto entaipou-o, mas não dá qualquer informação sobre o quiosque, que é privado.
Para quem mora no Porto sabe muito bem sobre o que estou aqui a escrever. Para quem não mora por cá a foto em baixo que retirei da fonte da notícia servirá para elucidar um pouco.
O desgraçado do Quiosque está situado naquilo que agora se designa por Movida (nome chique para uma zona onde se pode embebedar com autorização e protecção da Câmara Municipal). E digo desde já que acho o Movida uma profunda treta.
É verdade que o Executivo de Rui Rio revitalizou a baixa do Porto com esta zona autorizada de bêbados, mas também é verdade que com a criação desta tal zona “correu” com muito dos seus habitantes. Relembro que Rui Rio prometeu devolver a baixa aos Portuenses e não aos “borracholas” que não tem dinheiro para ajudar um mendigo mas tem que sobre para as cervejolas, shots e outras drogas alcoólicas que atraem muitos Turistas.
O que está a acontecer com o Quiosque Japonês é o mesmo que está a suceder a uma série de prédios da zona da Movida. Não encontram donos nem futuro por causa da promoção da bebedeira. Garrafas espalhadas na rua, malucos aos berros de noite, música alta até às tantas e por aí adiante são coisas que deveriam estar situadas na zona industrial da cidade e nunca no centro.
Acho mal que a Câmara Municipal do Porto se tenha vendido desta forma. Nem todo o dinheiro do Estrangeiro que vem passar umas noitadas no Movida do Porto, nem a receita fiscal das empresas que gerem os seus bares/tabernas/cafés justifica a destruição de uma zona que já chegou a ser considerada a sala de visitas da cidade Invicta.
Hoje em dia a Baixa Portuense, toda ela diga-se desde já, é um enorme amontoado de bares e hotéis. Não há cantinho, por mais pequeno que seja, que não sirva bebidas e dormidas. Assim como também não há lugar nenhum na baixa onde se consiga estar de noite sem levar com uma garrafa ou com um conjunto de tolinhos embriagados.
Não admira que hoje em dia o Porto seja mesmo um Pagode. Pagode que ironicamente se está nas tintas para o seu único e verdadeiro Pagode.