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Qual o real problema da nossa Banca?

por Pedro Silva, em 29.02.16

Imagem Crónica RS.JPG 

O Partido Comunista Português (PCP) levantou uma questão pertinente na semana passada. Nacionalizar o Novo Banco parece ser a solução que Comunistas e Bloquistas têm em mente para a resolução do problema do Novo Banco. Pessoalmente a ideia não em agrada e creio que tal medida é manifestamente insuficiente para se resolver o problema crónico da banca portuguesa. O argumento da Esquerda até que é interessante. Se o Estado está farto de perder dinheiro com o Novo Banco, então que este passe a ser do Estado para que se gaste ainda mais dinheiro. Uma espécie de fórmula que a Caixa Geral de Depósitos utiliza há muitas décadas com os péssimos resultados que todos vemos.

 

Não vejo na nacionalização do Novo banco uma solução. E muito menos me parece que uma solução à Inglesa (nacionalizar o Banco, equilibrar as suas contas e depois vende-lo ao melhor preço) seja a solução de um problema que não é exclusivo do grupo bancário que resultou do colapso do Banco Espirito Santo (BES). Isto porque a problemática da nossa Banca vai muito para além do antigo BES e outros do género. A questão está antes na raiz da nossa Banca, da sua estrutura e da forma como nasceu e se desenvolveu. Elementos que os vários Governos não ousaram nunca tocar vá se lá saber porquê.

 

Creio não estar a dizer nenhuma asneira quando afirmo que 99% da Banca Portuguesa nasceu dos negócios de grandes famílias ricas no século XIX. BES, BCP, BANIF e Totta foram negócios de famílias da alta sociedade lusa que cresceram até se tornarem nos maiores Bancos privados do nosso País. Coincidência ou não. O colapso de quase todos eles deveu-se, em grande parte, a desavenças familiares e gestão danosa dos ditos. A execpção à regra foi o Totta que era pertença da família Champalimaud até ter sido vendido aos Espanhóis do Santander num negócio polémico.

 

E é precisamente a execpção Totta (agora mais conhecido por Santander Totta) que reside a explicação de muita coisa. É que continua a ser o único Banco Português que dá lucro. O Santander Totta não parece ter sido minimamente afectado pela enorme crise do sector bancário que assolou, assola e assolará a Europa.

 

Ora não será então difícil de se concluir que um dos grandes problemas do nosso sector bancário se deve ao facto de os nossos bancos privados terem sido “brinquedos” nas mãos de alguns clãs ricos.

 

O outro problema que temos deve-se aos pequenos Bancos de Investimento. Instituições fechadas em si mesmas onde só circulam grandes fortunas. Ou falando num Português correcto e claro; empresas de fachada (na sua grande maioria) para se “lavar” dinheiro. BPN e BPP são dois bons exemplos deste tipo de Bancos. O problema é que as economias, para o bem e para o mal, precisam deste tipo de Bancos dado que estes têm o condão de atrair capital…. Contudo nos últimos tempos a Europa entrou numa demanda de austeridade brutal sem sentido que tem servido para afastar o “dinheiro sujo” e até mesmo o limpo que se acumulam cada vez maior na Suíça.

 

Ora tudo isto para se chegar a uma simples conclusão: não é com a nacionalização de bancos que vamos ao sítio. E muito menos as recorrentes injecções de capital da parte do Estado e Banco Central Europeu no nosso sector bancário irão resolver a questão. Assim como a brilhante ideia de se criar legislação sem fim para se fazer do Banco de Portugal uma espécie de Policia dos Bancos seja a solução. O que é preciso é retirar os Bancos de quem andou durantes dois séculos a brincar com eles, entrega-los a quem estiver interessado em que estes deem lucro. E se formos a ver este cenário está, aos poucos, a suceder dado que, salvo erro da minha parte, o BANIF era o último grande Banco privado Português que estava nas mãos de famílias ricas.

 

Em suma, o grande problema da nossa Banca não são os Bancos em si mesmo. São antes o facto de aqueles terem sido durante tempo a mais pertença daqueles que faziam destes uma espécie de roca. Deste grupo apenas a Caixa Geral de Depósitos não faz parte, mas esta é um caso à parte dado que é uma espécie de “burro à argola” que é sistemt6ado por todos nós. Mas isto é tema para outra crónica dado que este problema tem pano para mangas. Para muitas mangas.

 

Artigo publicado no Repórter Sombra

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publicado às 23:55


Quem anda à chuva molha-se

por Pedro Silva, em 05.08.14

Tenho ouvido e lido opiniões, algumas de Economistas e Analistas Financeiros conceituados, onde são tecidas fortes críticas à solução encontrada pelo BdP/Estado Português para o caso BES. Entre estas críticas está a habitual desconfiança dos Credores Internacionais.

 

Meus amigos, quem anda à chuva molha-se. Quero com isto dizer que quem se arrisca no Mundo da Bolsa submete-se às regras do jogo por muito dinheiro que tal lhe possa custar.

 

Sempre ouvi dizer que o Mundo da Bolsa é um Casino onde tanto se ganha como se perde, cabendo sempre ao Jogador determinar a sua capacidade de risco para evitar constrangimentos e choraminguices próprias de quem deu um passo maior que as suas pernas.

 

Para além disso, toda a gente sabia, Accionistas inclusive, que o Banco Espírito Santo mais cedo ou mais tarde iria entrar em ruptura. O comportamento de risco que o dito Banco adoptou desde os tempos em que Guterres era Primeiro-ministro de Portugal mais cedo ou mais tarde ia dar no que deu. Por isto quem investiu em acções do “falecido” BES que não se queixe e assuma os riscos que correu em vez de vir para a Comunicação Social dar uma de pobre virgem.

 

Evidentemente que a solução encontrada para o problema não foi a melhor, mas sim a possível pois é de longe preferível evitar uma corrida aos depósitos do que actuar de forma que os Investidores não tivessem perdido em algum do seu Capital de Risco.

 

A meu ver os Accionistas só têm duas coisas a fazer: Responsabilizar os Gestores do Banco e responsabilizar também as Agências que não os informaram devidamente sobre o mais que provável “estouro” do dito Banco.

 

Uma nota final para chamar à colação um facto curioso. Sempre que algo de mau acontece na Alta Finança Portuguesa o nome de Angola aparece sempre metido ao barulho. Estranha coincidência, e admira-me o silêncio de Portugal sobre este facto.

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publicado às 22:02


Ora aí está… Outro BPN!

por Pedro Silva, em 01.08.14

Recordam-se com toda a certeza daquilo que escrevi sobre o BES e da solução para a crise do mesmo. Ora aí está a confirmação de tudo o que aqui escrevi sobre o caso:

E o bolo não ficaria perfeito sem a dita cereja. Ora vejamos qual a sanção que supostamente vai ser aplicada a Ricardo Salgado: 

O Homem nem vai dormir porque não o vão deixar ser Banqueiro durante 10 anos.

 

Continuo a achar uma piada mórbida ao “jogo do empurra” que a Comunicação Social tem vindo a fazer. Então na RTP tem sido um fartote a defesa da rápida nacionalização do Banco com a excessiva dramatização de uma situação que foi criada pelos Privados e que deveria ser resolvida pelos ditos da Família.

 

E já agora, também tem sido deveras engraçado reparar que aquando da nacionalização do BPN meio mundo “caiu em cima” de Sócrates e Vítor Constâncio, mas no caso do BES para este mesmo meio mundo o actual Presidente do BDP é uma joia de profissional que não deu conta daquilo que se passava no Grupo Espirito Santo por obra e graça da lentidão de reacção do sistema de regulação financeira nacional e internacional…

 

P.S: Segundo os especialistas na matéria a nacionalização do BES é uma inevitabilidade. Já segundo os mesmos a nacionalização do BPN foi um assalto aos contribuintes que se entregou de mão beijada aos Angolanos. Deve ser porque são situações tecnicamente diferentes e complexas.

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publicado às 21:57


O cerne da questão

por Pedro Silva, em 11.07.14

Muito se tem escrito e opinado sobre o caso BES. E muitas têm sido as soluções para o problema que afunilam numa só: nacionalização do Banco.

 

Pessoalmente não quero discutir a solução do BES. E isto porque a única solução viável para o Banco (nacionalização) é apenas mais um passo num círculo vicioso que muita gente não quer que tenha um fim.

 

Com a nacionalização do BES os Mercados vão tranquilizar, os Depositantes idem, os Investidores também e os causadores da gestão danosa vão ver o seu nome julgado na Praça Pública mas não sofrerão qualquer sanção Penal/Criminal e no final tudo ficará bem para os mesmos menos do costume. Já os Contribuintes terão de apertar o cinto em mais um esforço patriótico para se evitar o descalabro de um sistema que está preso por arames.

 

Este sistema do empresto dinheiro ao Joaquim e depois vou pedir emprestado ao Manuel sendo que o José cobra a este Juros altíssimos para poder pagar o que deve ao Joaquim colapsou.

 

Ou melhor dizendo, este funciona desde que existam meios que o mantenham a funcionar sobre rodas mesmo estando este completamente degastado e à beira do colapso. Tal é o que sucede nos Estados Unidos da América onde a Reserva Federal Norte-americana tem um papel interventivo muito grande na Economia e onde as Empresas de Rating actuam de forma a proteger os interesses do País.

 

Cá pela Europa o que faz o Banco Central Europeu em termos de regulação do Sector Bancário/Económico/Financeiro? Nada. Limita-se a baixar e a subir as Taxas de Juro na vã esperança de que a Economia da Zona EURO, e não só, dê sinais de retoma. Tudo o resto que vai desde a regulação/monitorização do Sector Bancário, passando pela Economia e terminando nas Finanças está nas mãos dos Reguladores de cada Estado-membro (no caso de Portugal tal cabe ao Banco de Portugal). Mas sucede que estas mesmas Entidades tiveram forçosamente de ceder a maior parte dos seus poderes ao Banco Central Europeu aquando da criação do EURO.

 

È por isto que eu disse no início que em vez haver esta obrigação de ter de se ir a correr para a Nacionalização de um qualquer Banco sob a ameaça do Armageddon, seria preferível que os Líderes Europeus começassem a “mexer o rabinho” com caracter de urgência porque qualquer dia não vão haver Contribuintes para salvar Bancos.

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publicado às 16:57


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