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A primeira volta das eleições presidenciais em França ditou que Marine Le Pen e Emmanuel Macron disputem entre si a segunda volta das aqui referidas eleições. A primeira ilação a retirar é que vença quem vencer, a França ficará mal entregue e a União Europeia muito mais próxima do colapso. Não é nada complicado perceber a razão de tal dado que basta olhar para o que propõem ambos os candidatos aos eleitores franceses. Le Pen é uma alucinada que parece viver nos anos 30 do século passado. Macron é, sem sombra de qualquer dúvida, o continuar de uma política interna e externa que está aos poucos a destruir o projecto europeu.
Muito boa gente manifestou a sua satisfação por uma personagem como Macron ter passado à segunda volta das presidenciais em França. Esquece-se tal gente - talvez por distração – que o eleitorado que votou em Le Pen já não suporta mais o modelo de europa que Macron pretende manter. E convêm dizer que este eleitorado é o “eleitorado jovem” que, mais cedo ou mais tarde, irá suceder ao eleitorado que depositou o seu voto em Macron. Dito de outra forma; a tão desejada eleição de Macron irá contribuir para que mais cedo ou mais tarde a extrema-direita alcance o poder em França com as nefastas consequências que todos conhecemos.
Tudo isto dá que pensar. Assim como dá que pensar a clara ingerência do Governo português nas eleições. Isto, a não ser que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ache que todos os outros Estados-membros da União Europeia possam tecer comentários positivos ou negativos sobre as futuras eleições portuguesas.
O que também dá que pensar é a extrema importância que a Comunicação Social tem dado aos tais de “mercados”. Quer dizer; é assim tão importante a forma como um conjunto de especuladores que só tem em vista o lucro sempre que se realiza um acto eleitoral num país da União Europeia? Desde quando é que os “mercados” podem ingerir na Democracia? Desde quando é que os “mercados” tem legitimidade para pressionar os cidadãos para que o resultado de uma determinada eleição seja do seu agrado?
Queria terminar deixando uma nota final em jeito de esclarecimento dirigida ao comentador político António Lobo Xavier e a quem concorda com esta sua mentira. Partidos anti europa são aqueles que pensam, agem e falam como a Frente Nacional da Sra. Le Pen (por exemplo). Partidos que não pactuam com o actual estado de coisas na União Europeia e que dizem ser vital alterar o Tratado Orçamental e adaptar o Tratado de Lisboa à nova realidade não são anti europa. São antes mais europeístas do que aqueles que andam por todo o lado a dizer que o são. Ser-se europeísta no verdadeiro sentido do termo é preocupar-se com o actual estado de coisas e procurar alternativas a tal. E já agora, o actual estado de coisas foi criado e fomentado pelos tais partidos que se dizem europeístas.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (02/05/2017)