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Confesso que não tenho vontade alguma de falar sobre Política. E não o faço porque aquilo já foi Mundo para gente séria. Actualmente não é mais que uma espécie de pântano onde uma vasta maioria procura o seu lugar ao sol mesmo que tenha de ser à custa da sua dignidade.
Um bom exemplo disto mesmo é o vasto rol de reacções não institucionais que temos visto da parte da Direita Portuguesa, e da franja Jornalística que a apoia, ao facto de António Costa ter vencido as Primárias no Partido Socialista com a consequente demissão de António José Seguro de quase todos os seus cargos Políticos. O de Deputado parece ter ficado num conveniente esquecimento, mas isto é história para outras núpcias.
Já li e ouvi que com António Costa vamos regressar ao passado dado que com este vêm aí um descalabro económico tal que tudo o que foi feito de bom pelo actual Executivo vai cair por terra.
O discurso não institucional da Direita Portuguesa está de tal forma enervado que tudo o que sirva para desviar as atenções do óbvio é atirado para cima da mesa.
Sócrates é que conduziu o País para a armadilha da Troika, diz a Direita! Esquece-se a mesma de que o CDS-PP, Partido de Direita liderado por Paulo Portas, celebrou acordos sectoriais com o último Governo Sócrates e como tal também terá a sua quota-parte de culpa na queda económica e financeira do nosso País.
Depois temos a questão da Dívida Pública. E aqui a coisa toma contornos muito engraçados.
Segundo a Direita os Socialistas levam sempre a cabo uma governação irresponsável a nível financeiro e económico de tal ordem que depois temos de recorrer a ajuda externa. Esquece-se a nossa Direita do facto de a Crise das Dívidas Soberanas ter sido fruto de uma estratégia keynesiana assumida pela União Europeia. E ainda neste sentido a mesma ignora que a explosão do Défice Público se dá com Durão Barroso, que Sócrates curiosamente...baixou! Em 2005 o Défice era de 6,1%, e foi isto que o Governo de Sócrates recebeu do PSD e conseguiu em 2007 baixar para 2,6, o valor mais baixo dos últimos 30 anos.
E já agora, dizer que o Défice com Cavaco Silva em 1993 bateu nos 8,1% e que Guterres o tinha em 1999 nos 2,8%. Mas desta parte a nossa amiga não se lembra.
Para remate final há que dizer que a Direita ignora por completo o facto de a Deflação ter passado a ser uma terrível realidade nestes quase quatro anos em que esteve no Poder na União Europeia. Um feito inédito em tão curto espaço de tempo! E nem aqui vou falar na tremenda embrulhada em que meteu a Ucrânia.
Depois admirem-se que eu passe muitas vezes ao lado das questões Políticas.
Esta semana que está a terminar foi, sem sombra de dúvida, a semana onde ficamos todos a saber que a nossa Democracia se transformou num tremendo circo só comparável aquilo que vemos nos Países do Terceiro Mundo. Evidentemente que estou aqui a falar do caso Tecnoforma/Passos Coelho e das suas ONGs e claríssimas violações à Lei e demais Regulamentos da nossa Assembleia da República (AR).
Agora tudo isto não justifica, a meu ver evidentemente, o linchamento político de que Passos Coelho tem sido alvo. Para mais isto não nos leva a lado algum dado que já existem provas mais que dadas de que o actual Governo não tem um pingo de vergonha. O famoso irrevogável de Paulo Portas e os descalabros criados e alimentados pelos Gabinetes de Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz são alguns destes exemplos.
Tudo isto num País Democrático e evoluído em todos os sentidos teria culminado com a demissão voluntária do Primeiro-ministro tal como sucedeu recentemente na Escócia por exemplo. Mas por cá isto não sucede e a tendência é para piorar pois perante o caso Tecnoforma/ONGs de Passos Coelho a nossa AR resolve dar uma de Juíza sem ter competências para tal e todos ficamos a perceber que isto está a caminhar para um “buraco negro” que um dia vai acabar mal.
Casos como este da Tecnoforma e restante trapalhada do nosso Primeiro-ministro devia ser analisado, dissecado e devidamente julgado no tempo próprio e no local devido como é o caso dos Tribunais, mas por cá a malta prefere deixar que o tempo “esconda” as falcatruas para depois as usar como arma de arremesso no tempo que mais lhe convêm. E como um mal nunca vêm só, eis que António José Seguro tem a brilhante ideia de sugerir o levantamento do sigilo bancário de Passos Coelho como se isto do levantamento de tal coisa fosse como ir comprar um maço de tabaco ao quiosque…
Ora, perante tal mais vale levarmos isto para a brincadeira, até porque esta malta que se passeia nos corredores do Poder não sabe ser séria. E muito menos ganhamos alguma coisa ao alimentar os Jornais e os seus linchamentos na Praça Publica, porque se a ideia era a de evitar que Passos Coelho se recandidate bastava levar a cabo tal intenção num Comício do PSD, mas isto deve ser muita areia para a camioneta desta malta.
Estou farto, mais que farto da politiquice! Vem tal a propósito do facto de António Costa ter assumido publicamente a sua vontade de liderar o partido Socialista.
Não me vou meter para aqui a dizer quem é melhor ou pior. As coisas são o que são, António José Seguro é um Homem do aparelho, sem lugar na Praça Pública, movido pelos interesses do tal aparelho do qual é proveniente e tem uma tremenda dificuldade em lidar com os seus Camaradas de Partido. Já António Costa é o oposto dado que é uma figura pública muito conhecida, a sua opinião sobre a realidade actual do País é mais do que conhecida, tem trabalho feito em vários Governos PS/Câmara Municipal de Lisboa e não é uma figura que possa facilmente ser controlada pelo aparelho do PS.
Será pelo exposto natural que a Populaça tenha muito mais confiança em António Costa do que em António José Seguro.
Contudo é preciso termos em linha de conta que quando o Governo de Sócrates caiu António Costa remeteu-se ao esquecimento. E é preciso também recordar que na altura os Pesos Pesados do Partido Socialista não “se chegaram à frente” e até apoiaram o actual Secretário-geral do Partido. Só agora, depois de Seguro ter desempenhado o papel de “carne para canhão” é que se lembraram que afinal o Seguro não é lá muito seguro e há que colocar à frente do PS um Homem forte da Política Nacional.
Onde estava este Homem forte quando o Partido precisou dele? Aparece agora estilo Messias depois de duas vitórias eleitorais do Partido Socialista (Autárquicas e Europeias). Faz lembrar aqueles treinadores que deixam o Clube, o seu sucessor ganha Títulos e eles ainda vêm dizer que o mérito não é de quem lhes sucedeu mas sim deles próprios que já não lá estão.
È por causa destes “joguinhos” e do facto de os Políticos e restante pessoal á sua volta mudar de opinião como quem muda de cuecas que eu não tenho vontade alguma de voltar a participar na Política. Este tipo de coisas dá asco ao mais pobre dos Cidadãos!
Entretanto o circo pós Europeias segue o seu curso normal. Depois admiram-se que o pessoal se esteja a borrifar para a Europa, Parlamento Europeu e restante tralha desta União Europeia do Tratado de Lisboa.