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1. Já há muito que não comento a vivência política da Direita portuguesa. E não o faço porque tal vivência, simplesmente, não existe. Partido Social Democrata e Centro Democrático Social (CDS) já há muito que não sabem o que fazer, o que dizer e, sobretudo, não sabem o que propor aos seus eleitores.
E tudo isto por uma simples razão. Razão que nos tem sido demonstrada pouco a pouco no nosso dia-a-dia. Mário Centeno, Ministério das Finanças do Governo da “Geringonça”, mostrou por A + B que é possível governar sem se seguir a desastrosa política da austeridade bruta e cega. Este demonstrou também que é possível seguir-se as recomendações e anseios do Euro grupo sem se afrontar os ditames da nossa Constituição da República. Os resultados de tal estão aí mesmo com o valor do défice a descer para mínimos históricos: Algo que a Direita sempre determinou como impossível nos tempos de Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque.
Para mais Mário Centeno e a sua equipa das Finanças conseguiu num só ano fazer com que o sistema bancário português voltasse aos eixos depois de ter estado quatro anos completamente à deriva. Contudo, para que este processo fique completo há a extrema necessidade de se recapitalizar o único Banco público português (CGD) dado que este mesmo Banco tem um enorme peso em toda a economia portuguesa. Algo que tanto Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque nunca quiseram fazer dado que estes só tinham como objectivo a privatização da CGD para, desta forma, poderem obter receitas extraordinárias dado que o défice não parava de crescer.
E é aqui que entramos no ponto 2.
2. Estando, então, a Direita de Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas completamente perdidos no abismo, eis que se tornou necessário criar uma qualquer distração para que o eleitorado não se lembrasse de perguntar a si mesmo o que andaram PSD e CDS a fazer nos passados quatros anos em que foram Governo.
E é precisamente neste contexto que surge a Comissão de Inquérito à CGD. Comissão que tinha como objectivo tentar perceber o que levou a que o Banco tenha a extrema necessidade de ser recapitalizado. Dito de outra forma; mais lenha para a fogueira onde se encontra a Direita de Passos Coelho e Cristas.
Mas é precisamente no momento em que a dita Comissão deveria perceber porquê carga de água a CGD andou durante anos a fio a financiar projectos duvidosos e conceder créditos absurdos que surge a polémica em torno da nomeação de António Domingues para a presidência da Administração do Banco público. Isto porque Mário Centeno resolveu sere teimoso e procurou ser habilidoso tendo feito o impossível para que Domingues tivesse sido nomeado como Presidente da Caixa mesmo que este tivesse demonstrado, por mais do que uma vez, que não ia cumprir com a Lei.
A história Centeno/Domingues é por demais conhecida, pelo que não vale a pena estar aqui a repetir tudo. Agora, o que se pode e deve dizer é que Centeno escusava de ter insistido numa pessoa que demonstrou na Praça Pública não ter o perfil adequado para ser Presidente da administração da CGD. Não o tendo feito Mário Centeno salvou a Direita de mais uma humilhação pública.
3. A coisa até que poderia ter outro tipo de desfecho caso o actual Presidente da República percebesse - de uma vez por todas – que já não é um comentador televisivo.
A intromissão de Marcelo Rebelo de Sousa no processo CGD - para além de surreal - é perfeitamente escusada e contribui para que hoje tenhamos a Direita num desvario tal que exige a demissão do único Ministro das Finanças que conseguiu que o nosso pequeno país obtivesse o défice mais baixo da sua história democrática!
Não cabe ao Presidente da República averiguar se o processo de nomeação da Administração do Banco público decorre da forma A ou B. Não é da sua competência e como tal Marcelo não deveria ter permitido a António Lobo Xavier que a história da suposta SMS viesse a público.
Quer dizer, já não bastava o facto de numa Comissão de Inquérito sobre o passado da Caixa Geral de Depósitos se ter andando a discutir tudo menos o passado (tenebroso em muitos momentos) do Banco, e tivemos o Presidente da República a extravasar – e muito – as suas competências no que a este assunto diz respeito.
Não é por nada, mas é muito por causa de coisas como esta que o cidadão se deixa levar pela frase feita “os políticos são todos iguais”. Depois a culpa é dos populistas e afins…
4. Se somos um país orgulhosamente centralista já todos percebemos. Agora não tomemos todos os portugueses por estúpidos. Cá pelo nosso pequeno rectângulo à beira plantado há quem pense pela sua própria cabeça e questione aquilo que o Sr. Primeiro-ministro apelida de “interesse nacional”.
Desde quando é que a construção de mais um aeroporto na centralista capital de Portugal é uma obra de “interesse nacional”?
A não ser que seja do “interesse nacional” Lisboa retirar, a todo o custo, o Porto do pódio de Melhor Destino Europeu.
Deixemo-nos de parolices e de outras coisas tais que não servem o interesse de um país pequeno como o nosso. Portugal continental tem três portas aéreas- Procure-se antes investir nas ditas e nos respectivos acessos para que todas as regiões tirem proveito disto mesmo.
Será assim tão difícil acabar-se de uma vez por todas com o “nacional parolismo” que nos impõe o centralismo em detrimento de um país desenvolvido?
Artigo publicado no site Repórter Sombra (20/02/2017)
Transportes Aéreos de Lisboa (TAL), eis a nova denominação da TAP (Transportes Aéreos de Portugal). Dito de outra forma, Pedro Passos Coelho e o seu (des)governo neo liberal tentou - à descarada – acabar de vez com a única empresa pública de aviação que Portugal tem ao seu dispor (valeu tudo, inclusive negociar com charlatães e gestão danosa da dita companhia) e agora temos o governo negociador de António Costa a fazer a mesma coisa às escondidas para ninguém dar pela privatização da – repito - única empresa pública de aviação que Portugal tem ao seu dispor.
Não deixa de ser lamentável tal situação. Se a ideia (insana) é a de se entregar o controlo do transporte aéreo a privados, que o façam de uma vez por todas. Agora não me venham é com a ladainha de que a TAP tem de ter todo o seu foco em Lisboa e que o que sucedeu na semana passada é somente fruto de “política comercial”. Lamento mas esta ladainha não cola. Não colou no tempo de Passos e não será agora nos tempos mais amenos de Costa que vai colar.
Já aqui o disse uma vez e volto a repetir, Portugal continental três portas aéreas (Aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto, Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa e Aeroporto de Faro em Faro). Todas têm acessos e infra estruturas que permitem que os viajantes possam deslocar-se sem dificuldade por todo o nosso país. Daí que se questione esta visão tão redutora e centralista da actual administração da TAP que - com a conivência do anterior e actual Governo – está a tentar acabar com as aqui referidas portas áreas em detrimento de construções megalómanas e sem sentido na nossa capital.
Somos um país desenvolvido pequeno demais para se pensar “à centralista”. E mesmo nos ditos países grandes ditos desenvolvidos os seus governantes procuram levar a cabo políticas que beneficiem o país no seu todo. É difícil (não impossível) ver um país grande como Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e por aí adiante a tomar (ou a forçar, mesmo que dissimuladamente) decisões que beneficiem uma determinada região do seu país em detrimento de todas as outras só porque a história ditou que a capital se situe ali.
Para além disto a TAP é - mesmo que em parte - uma empresa do Estado (presta um serviço público) e como tal não pode - nem deve - entrar numa guerra comercial com a concorrência. Não o pode nem deve fazer porque a TAP presta um serviço público e sempre que uma Empresa do Estado entra neste tipo de andanças o resultado é sempre desastroso.
Os portuigu8eses já estão fartos de aturar as experiências de gestores incompetentes que acham que sua teimosia deve imperar dê por onde der com o compadrio de Governos com uma visão centralista do seu país.
Se a ideia é a de se criar a Transportes Aéreos de Lisboa (TAL) então que se crie a dita mas primeiro acabe-se com a TAP e deixemos que cada Aeroporto procure o melhor para a região onde se encontra instalado. E tudo isto sem ajudas estatais ou outras coisas tais que tenham como origem o bolso dos contribuintes.
Sobre o Porto gostaria somente de deixar aqui uma breve nota:
- Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, manifestou recentemente a sua vontade de regulamentar o Turismo na cidade invicta. O autarca disse na sua crónica de opinião que vai começar por regular os famosos “tuk-tuk” e mais recentemente ficou-se a saber que autarquia vai criar uma taxa municipal sobre o turismo.
Ambas são medidas e intenções que são muito bem-vindas a uma cidade onde o “vale tudo” é a palavra de ordem no que à exploração do turismo diz respeito. É que tal como no Velho Oeste quando se acaba o filão o investimento “faz a mala” e vai-se embora para outras paragens. Há que legislar e, sobretudo, colocar a cidade acima de tudo porque o Porto está – muito - longe de ser uma das cidades cogumelo dos tempos do faroeste.
Contudo tais medidas pecam por tardias. E vamos a ver se saem do plano das intenções. Rui Moreira não tem por hábito ser um Homem de palavras, mas na política tudo é possível e é certo e sabido que os “garimpeiros” do turismo na invicta vão fazer de tudo para que a rebaldaria que todos vemos no Porto se mantenha até que o filão se esgote de uma vez por todas.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (06/02/2017)
1 – Começo, desde já, por dizer que estou inteiramente do lado do actual Presidente da Câmara Municipal do Porto. E faço-o não por ser Portuense nem pro achar que faça sentido algum a Guerra Norte/Sul mas sim porque Rui Moreira tem toda a razão naquilo que tem dito publicamente sobre a TAP. E, ressalve-se, que já não é o primeiro Autarca da cidade do Porto a ter de tomar tais posições na Praça Pública porque esta posição agressiva para com o Porto, o Norte e Portugal da parte Administração da Companhia Área Portuguesa já tem décadas. Desde que Fernando Pinto foi nomeado por Jorge Coelho, antigo Ministro da Administração Interna de António Guterres (salvo erro), Administrador da Companhia que a TAP tem tido esta triste e pecaminosa postura para com todos nós.
E sim. A postura recente da TAP para com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro afecta-nos a todos de Norte a Sul. Isto porque não faz sentido absolutamente nenhum que quem tenha a sua sede empresarial em Viana do Castelo, Coimbra, Beja ou Faro tenha de entrar e sair de Portugal pelo Aeroporto da Portela (Lisboa). O mesmo tipo de raciocínio se aplica ao turismo. Tal coisa não faz sentido absolutamente nenhum dado que só terá um único efeito negativo: afastar o investimento de Portugal e concentrar numa única região do nosso País tudo e mais alguma coisa!
2 – Rui Moreira tem feito passar a ideia de que a TAP está atentar suprimir o Aeroporto do Porto para que desta forma se force a construção de uma terceira travessia sobre o rio Tejo, se construa um novo Aeroporto em Lisboa e o TGV. E se a lógica de Rui Moreira fizer algum sentido e não tiver sido desmentida por ninguém, então temos aqui uma Guerra. Uma Guerra que Lisboa começou sem necessidade alguma.
Ora vejamos. Portugal Continental tem 3 portas áreas. São elas: Porto, Lisboa e Faro. Em todas elas existem acessos e infra estruturas que permitem a deslocações por todo o País. Como tal faz mais sentido que Portugal invista na melhoria das suas três portas áreas em vez de o fazer somente numa. Contudo tem vindo a público que o Governo de António Costa vai continuar a bater-se pela ampliação do Aeroporto de Lisboa...
Ou seja; Lisboa está mesmo a ”comprar” uma Guerra que não tem sentido nenhum!
3 – Atenção que eu não sou contra a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo. E muito menos me oponho à chegada do TGV ao nosso País. Pelo contrário!
Se é realmente necessário construir uma outra ponte que ligue as duas margens da Capital, então que se faça. Mas, repito, somente se tal for mesmo necessário!
Quanto ao TGV sou da opinião que este já cá deveria estar há muito. Mas não a qualquer preço. Primeiro que tudo há que renovar toda a nossa linha ferroviária que continua a ser exclusiva. E só depois é que se passa à implementação do TGV na zona de Portugal onde a sua construção faça mais sentido.
Passo a explicar; Portugal e Espanha têm um sistema ferroviário que utiliza as construções Franquistas e Salazaristas: a Linha Ibérica. Ligeiramente mais larga do que a que é utilizada na Europa Central, esta obriga a que as mercadorias que venham de Portugal e Espanha tenham de ser recolocadas num outro comboio na fronteira com França. Tal operação acarreta custos que aumentam o preço do produto final. O mesmo problema se coloca ao contrário (com os produtos que venham da Europa Central para a Península Ibérica).
Ora obviamente que faxe a esta situação a construção de um TGV que ligue directamente a Península Ibérica à restante Europa é uma excelente ideia que baixará custos e preços dos produtos. Contudo há que ser racional na sua construção, pois se seguirmos a ideia que está em cima da mesa que passa pela construção de um TGV em solo Luso que terá o percurso mais longo irá fazer com que os custos de exportação/importação de produtos sejam ainda mais elevado do que a manutenção do sistema actual. O que faz mais sentido é construir a linha do TGV mais ou menos no centro de Portugal e reforçar as ferrovias existentes para que se possa fazer a ligação desta ao restante País.
Custa assim tanto chegar a esta conclusão? Pelos vistos para os nossos Governantes cista e de que maneira! E pelos vistos o problema é crónico e contagioso pois passa de Governo para Governo.
4 – Uma última e breve nota.
Vejo muita gente a criticar o Executivo de António Costa por causa da reposição das 35H semanais na Função Pública. Ora eu gostava de perguntar a esta gente o que acha do facto de os Bancários terem, há anos a fio, uma jornada semanal de trabalho de…35H!
Não acham tal uma injustiça para com os Trabalhadores de outros sectores privados ou o vosso mal está somente na Função Pública?
Artigo publicado no Repórter Sombra
"Podemos perceber que a comunidade está naturalmente preocupada, porque isto é um acto muito próximo dos actos de terrorismo. Não tem exactamente os mesmo objectivos, mas põe em causa a segurança das aeronaves"
Rui Machete in Renascença
Não vou tecer comentários a mais este tiro no pé do Ministro dos Negócios Est6ranegeiros, homem de confiança de Cavaco Silva que veio reforçar o Governo Passos/Portas após a Crise Política de Julho de 2013, mas vou colocar no ar a seguinte questão_
E se tivesse sido Angola a fazer exactamente o mesmo que a Guiné-Bissau o Sr. Ministro teria retirado a mesma conclusão ou será que teria ido justificar-se numa qualquer rádio da Guiné-Bissau para evitar uma crise diplomática?
Há que ter em linha de conta que dinheiro é coisa que não abunda em Bissau. Os tais “terroristas” de Machete que não se aproximam muito de “terroristas” não andam por Portugal a comprar jornais, clubes de futebol e a encher e a esvaziar contas bancárias de um dia para o outro-
Daí que seja mais fácil bater nos “terroristas” da Guiné que se aproximam de “terroristas” do que na “Sra. da massa”.
Entretanto a tão propalada e necessitada Diplomacia com os PALOPs foi atirada para as urtigas.