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Mulher objecto

por Pedro Silva, em 29.08.16

PS_mulherobjecto_destaque.jpg 

Uma nota antes da crónica propriamente dita. Por onde andou a dita “ala feminista” do Bloco de Esquerda na polémica proibição camarária da utilização do Burkini em algumas praias francesas? Não andou. Não se viu. Não falou. Apenas se leu aqui e acolá um ou outro artigo de opinião de um ou outro bloquista, mas das ditas “acérrimas” defensoras das liberdades e dos direitos das mulheres nem uma única palavra. Já quando o caso foi a denominação do nosso Cartão de Cidadão foi o aqui-d'el-rei com direito a legislação, teses sociológicas e demais fundamentação. Depois querem ser levadas a sério. Adiante.

 

Estamos no século XXI. Já há um século que as mulheres conquistaram o seu direito de serem tratadas por igual por todos (e quando falo aqui em todos refiro-me as todos sem execpção). Não se entende, portanto, que em pleno século XXI as sociedades modernas se sintam ainda no cabal direito e obrigação de dizer às mulheres o que devem vestir, fazer e até mesmo sentir. Não se tenha a mais pequena dúvida de que aquilo que algumas Câmaras Municipais francesas tentaram fazer foi isto mesmo: dizer às mulheres francesas o que vestir, fazer e sentir. Se não fosse este o caso não teriam utilizado o estapafúrdio argumento da segurança para terem criado uma Lei Municipal que proibia a utilização do Burkini nas suas praias.

 

Pior do que a “islamofobia” é em pleno século XXI a mulher ser ainda vista - por alguns - como um mero instrumento. Uma tremenda tragédia que me envergonha como cidadão de uma Europa que se diz desenvolvida e igual para todos e todas. Custa-me aceitar tamanha forma disparatada de estar de uma Europa que diz querer a igualdade entre todos os Cidadãos e que, em nome de uma ridícula generalização, viola o mais elementar dos direitos básicos de cada um: liberdade!

 

Se me perguntarem, se eu gosto de ver uma mulher de Burkini eu direi que não. Não gosto. Mas desde quando o meu gosto tem de imperar sobre todos os outros? Desde quando os Executivos Camarários de França podem impor a sua lógica a pessoas que, por opção, tem uma forma distinta de ver e sentir o Mundo? Será que ainda vamos ver o Islamismo a ser considerado crime no Velho Continente recuperando – desta forma – algo que só se viveu na Europa na época medieval onde (curiosamente) as mulheres não tinham direitos alguns a não os respeitantes à lida da casa e satisfação do seu “senhor”?

 

É verdade que desde a gravíssima crise das dívidas soberanas que tenho a sensação de que o Velho Continente anda completamente à deriva no que às políticas sociais diz respeito, mas confesso que nunca imaginei que a figura da “mulher objecto” voltasse a figurar nas mentes dos políticos europeus.

 

Bem sei que a tal Lei anti Burkini acabou por ser revogada pelas instâncias judiciais superiores francesas, mas como europeu sinto uma enorme vergonha ao saber que os nossos políticos ainda olham para as mulheres como meros obejctos que tem de obedecer aos seus caprichos disfarçados de bem maior. E uja lata extrema tem estes mesmos políticos quando criticam abertamente os extremistas (aka perfeitos atrasados mentais) do Daesh.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (29/08/2016)

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publicado às 23:08


21 comentários

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De Anónimo a 30.08.2016 às 14:43

"Pedro Silva30 Ago 16 às 12:23

Discordo.

As regras tem de ter algum sentido lógico senão não tem razão de existir. Regras sem lógica é algo perfeitamente inconcebível.

Quanto à sua comparação com a proibição de andar nu na via pública sou da opinião que tal comparação não faz sentido. É o mesmo que dizer que não posso andar com a camisola do meu Clube na cidade de um Clube rival porque a Sociedade se sente mais segura."

Peço desculpa por responder assim, mas no telemóvel não o consigo fazer doutra forma (ou não sei).

Basta uma pequena pesquisa para constatar que existem leis que são criadas pela razão que disse em todo o mundo, incluindo obviamente Portugal.

Para mim faz sentido a comparação. Se invés da proibição total se criassem praias para quem usa burkini como acontece no caso de praias para nudistas, aí não estaria em causa a liberdade das pessoas? Aliás até se pode considerar este caso uma segmentizaçao da população.

Acho que é situação comparável, pois são exactamente os dois extremos da mesma situação de um lado o desprovimento de roupa do outro o uso total de roupa.
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De Pedro Silva a 30.08.2016 às 15:49

Não tem que pedir desculpas. O importante foi ter deixado a sua opinião.


Mais uma vez discordo. Primeiro porque as regras para poderem ser aplicadas tem de ser lógicas. Não foi por acaso que a polémica Lei de proibição do Burkini em certas parias francesas foi revogado). Agora se me disser que em certos Países existem regras que aos nossos olhos nos parecem sem nexo é outra conversa porque em Direito existem várias "famílias" que se comportam de maneiras distintas tanto na forma como legislam, sobre o que legislam e como julgam.


Também não me parece que a criação de guetos nas praias seja a melhor maneira de se solucionar o problema. As muçulmanas tem todo o direito de frequentar a mesma praia que nós quer usem Burkini ou não. O nudismo é um caso à parte porque andar nu na via pública é crime (daí as zonas balneares de nudismo que são excepções à regra, excepções previstas na Lei).

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