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E fazer-se alguma coisa?

por Pedro Silva, em 06.08.18

imagem crónica RS.jpg 

Um artigo publicado pela revista Science lança novas luzes sobre o fim da civilização maia, há cerca de mil anos. O estudo de sedimentos do lago Chichancanab, localizado no Iucatão (México), permitiu verificar que entre os anos 800 e 1000 houve profundas alterações climáticas que se refletiram numa diminuição drástica da precipitação. De acordo com os cientistas, “a seca extrema e prolongada acabou por ditar o abandono da região pelas populações, a que se seguiu o declínio e a falência das estruturas sociais que sustentavam o modo de vida da civilização maia”.

 

Dei com esta pequena curiosidade na «newsletter» Dragões Diário do passado dia 4 de Agosto do corrente ano cível. Um curiosidade que me faz apelar, mais uma vez, à nossa classe política para que se faça uma tremenda pressão sobre a economia, sociedade portuguesa, europeia e mundial para que isto das alterações climáticas não acabem por nos ditar o mesmo triste e enfadonho destino da famosa civilização maia.

 

Já sei que por esta altura os habituais cépticos estão abanar a cabeça em profunda reprovação pelo que já aqui expus até ao momento. Mas tenham, lá calma. Já vos mostro onde é que as vossas teorias são como um pequeno furo de um barco em alto mar.

 

É verdade que o nosso planeta se altera ao longo dos tempos. Já tivemos enormes períodos de frio, outros de intenso calor e ainda outros em que as monções eram frequentes um pouco por todos os continentes. É normal que tal seja assim dado que a Terra é um ser vivo em constante mutação. O problema do nosso tempo é que estas mesmas mutações estão, cada vez mais, a suceder num espaço de tempo cada vez mais reduzido. Para além de que a sua imprevisibilidade é, devido à tal questão da rapidez, um factor crescente e que coloca os países num estado de alerta permanente.

 

Ora esta tal rapidez das alterações climáticas tem um tremendo impacto na forma como a humanidade se relaciona. As migrações /algo que recentemente tem dado tantos problemas ao Velho Continente) vão ser cada vez mais frequentes dado que pelo “andar da carruagem” vai ser manifestamente impossível ao Ser Humano habitar em alguns locais do nosso planeta. Isto para não falar nas variadíssimas alterações que a agricultura mundial irá sofrer e a sempre penosa e muito delicada questão da gestão da água potável.

 

Colocando as coisas de uma forma bem mais simplistas e recorrendo, mais uma vez, ao exemplo da civilização maia, se tivermos uma classe política portuguesa, europeia e mundial que vá atrás do discurso de superioridade dos cépticos que se recusam a aceitar que as alterações climáticas são um tremendo problema, a probabilidade de a Humanidade - tal como a conhecemos - vir a colapsar é enorme. Alguma coisa deve ser feita. E deve ser feita enquanto é tempo e enquanto as populações tem ainda bem vivas na sua memória os efeitos da recente onda de calor que “varreu” a Europa nas últimas semanas.

 

E já agora, bem sei que ainda é cedo para se retirar alguma conclusão, mas depois do que aconteceu no ano passado com incêndios a devastarem uma boa parte do nosso território nacional, a ceifar Vidas e a causar enormes transtornos a todo um país, como é que é possível que estejamos todos a viver o mesmo pesadelo só que desta vez mais a sul (Serra do Monchique, Algarve)?

 

Tanta propaganda com a prevenção, tanta coisa com multas pesadas aos proprietários que não limpassem os seus terrenos a tempo e horas, tanta gente especializada no terreno a patrulhar tudo e mais alguma cosia e voltamos ao mesmo?

 

E sabem porquê razão voltamos ao mesmo?

 

Porque desde Setembro do ano passado até Julho deste ano - mais coisa, menos coisa - tivemos o Estado português a “chagar” o pessoal todo com a sua propaganda e no terreno tudo ficou na mesma. As estradas municipais continuam a ser o local com mais combustível para os incêndios florestais e os comportamentos de risco das populações do interior mantêm-se porque nada se fez no verdadeiro sentido do termo para que as coisas mudem.

 

Só mesmo um ceguinho é que não poderia ver que o terror de Monchique ia ser uma realidade mais onda de calor, menos onda de calor… Tal só não aconteceu novamente na zona centro de Portugal porque o que havia para arder já ardeu…

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (06/08/2018)

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publicado às 21:30


12 comentários

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De Psicogata a 07.08.2018 às 09:43

Infelizmente as pessoas preferem enfiar a cabeça na areia em vez de se consciencializarem que as alterações climáticas não são uma invenção ou algo que só acontecerá num futuro longínquo, mas quem está realmente preocupado com isso é que é visto como alucinado.
O mundo anda virado do avesso e só descansaremos quando o planeta Terra ficar literalmente de pernas para o ar, com os Polos a derreter e os Trópicos a gelar.
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De Vagueando a 07.08.2018 às 10:12

Consciencializadas as pessoas já estão. Não estão é viradas para fazer os sacrifícios necessários (e que a consciencialização supostamente exige), excepto se for para ir uma manifestação dizer umas baboseiras e aparecer na televisão.
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De Psicogata a 07.08.2018 às 10:19

Infelizmente acho que muitas pessoas não têm noção das repercussões das alterações climáticas e com tanta desinformação e com tanto desleixo dos líderes é fácil perceber essa falta de noção.
Mas concordo que existem muitas pessoas que sabem, mas não estão dispostas a mudar os seus hábitos.
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De Pedro Silva a 07.08.2018 às 20:48

Inteiramente de acordo com o comentários de ambos.
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De Joao Miguel Guterres a 07.08.2018 às 15:15

Secas sempre as houve e ondas de calor também.  
Com esta onda calor podia haver e houve incêndios de grandes proporções. Monchique tinha plano inacabado de proteção. Foi estupido mas para próxima devem saber. E não é verdade que zona centro de Portugal "o que havia para arder já ardeu". Ainda há muito verde.  Relacionar  isto com as alterações climáticas ainda é fácil falar e difícil de arranjar solução.
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De Pedro Silva a 07.08.2018 às 21:58

“Secas sempre as houve e ondas de calor também.  
Com esta onda calor podia haver e houve incêndios de grandes proporções. Monchique tinha plano inacabado de proteção. Foi estupido mas para próxima devem saber.”

 

De acordo. E é muito por causa disto que o nosso Estado (e não só) já deveria ter-se preparado tal como andou a propagandear por tudo quanto é meio de Comunicação Social.

 

“E não é verdade que zona centro de Portugal "o que havia para arder já ardeu". Ainda há muito verde.  Relacionar  isto com as alterações climáticas ainda é fácil falar e difícil de arranjar solução.”

 

Neste ponto estava, tão simplesmente, a ser irónico. E o verde não é problema. O problema é o verde crescer à balda.

 

Nunca ouviu falar em organização e manutenção do território rural e florestal? Uma das soluções para o problema passa muito por aí.

 

Falar é fácil de facto. Querer fazer-se aquilo que se diz que deve ser feito é que é bem mais complicado… 

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De J.S.M.suave e nas tintas a 07.08.2018 às 15:51

E sabem por que razao voltamos ao mesmo?
Porque h'a pessoas, como o sr, que nunca aprendem. Limitam-se a copiar o que outros dizem, sem sentido critico e sem pudor.Apenas porque lhe parece confortavel segui-las, na ausencia de opiniao pessoal critica e convicta: 'e a designada conversa de caf'e, ou,em termos academicos, um texto feito de colagem de peda¢os,sem uma unica ideia pessoal.
Nao sei se os seres humanos sao culpados pelo aumento generalizado da temperatura, mas sei uma coisa: nunca seremos capazes nem preventivamente,nem em combate, de acabar com estes fogos enquanto as temperaturas atingirem estes valores. Seres Humanos nao sao deuses!
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De Pedro Silva a 07.08.2018 às 22:18

Confesso que perceber o seu comentário é algo que somente os ditos “deuses” devem conseguir fazer.

 

Corrija-me se estiver errado, mas para si uma pessoa expor uma opinião fundamentada - no caso - num excerto de um artigo que leu e cujas fontes estão identificadas é, passo a citar, “copiar o que outros dizem, sem sentido critico e sem pudor.Apenas porque lhe parece confortavel segui-las, na ausencia de opiniao pessoal critica e convicta: 'e a designada conversa de caf'e, ou,em termos academicos, um texto feito de colagem de peda¢os,sem uma unica ideia pessoal”?

 

Se for este o caso… Muito bem então.

 

“Nao sei se os seres humanos sao culpados pelo aumento generalizado da temperatura, mas sei uma coisa: nunca seremos capazes nem preventivamente,nem em combate, de acabar com estes fogos enquanto as temperaturas atingirem estes valores. Seres Humanos nao sao deuses!

 

Não são “deuses”, mas são seres cuja responsabilidade nestas coisas é, quase sempre, muito grande. Especialmente no que toca ao desleixo e ao deixa andar que isto vai ao sítio sozinho.

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De J.S.M.suave e nas tintas a 07.08.2018 às 23:23

Afinal, percebeu perfeitamente o meu comentario! So nao percebeu "porque^ razao voltamos ao mesmo?", nao e verdade?!
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De Artur Antunes a 07.08.2018 às 19:53

Flutuações sempre houveram.
Seja por um acaso que cause a mudança de massas de ar frias ou quentes de sítio, seja por uma fase de aquecimento ou arrefecimento solar, por vulcões mais activos que libertaram mais CO2, por um aumento de fitoplancton que ajudou no passado a descongelar o planeta, entre outras.


O que não é natural é a actual concentração de CO2 na atmosfera. Este sim já causa mossa e afecta bastante o ciclo natural de mudanças e a sua evolução. Então estamos naquela: que se lixe... não há nada a fazer... vamos carregar no acelerador a fundo!


Nem que fosse para salvaguardar os nossos pulmões!
Nada. Nem por esse motivo. Depois calam-se ao ler notícias de que os casos de cancro aumentam.


Quando se falou no problema do Ozono todos se mexeram: xiça que ficávamos todos torrados! O problema controlou-se.


Agora para quem gosta de teorias da conspiração.
Que certas potências no mundo saem economicamente beneficiadas do rápido aquecimento que temos verificado: há. E curiosamente dessas potências saem imensas "provas" em websites obscuros em como a nossa actividade não tem qualquer efeito no problema. Para esses ter quem não acredite dá mesmo jeito, não dá? Nos mares do norte já não precisam de quebra-gelos. Voltar a energias poluentes para beneficiar corporações com meios de produção energética ultrapassados é um lobby rentável para alguns bolsos.
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De Pedro Silva a 07.08.2018 às 22:28

“O que não é natural é a actual concentração de CO2 na atmosfera. Este sim já causa mossa e afecta bastante o ciclo natural de mudanças e a sua evolução. Então estamos naquela: que se lixe... não há nada a fazer... vamos carregar no acelerador a fundo!

 

Ora nem mais!

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De Sarin a 10.08.2018 às 03:30

Caro Pedro, tendo estado ausente da blogosfera devido, entre outros, também às alergias (espero que tenha passado bem estas semanas de frio e calor anormais), só agora coloco a leitura em dia.
E permita-me um reparo: foi no Dragão Diário que leu que a civilização Maia desapareceu há cerca de mil anos? É que a civilização Maia foi pré-colombiana e perdurou mais de século e meio após a chegada de Colombo. Ponto de inflexão numa curva de crescimento de uma civilização difere de desaparecimento de uma civilização. Mas pronto, se leu no Dragão Diário está explicado   (não resisti ; e como não tenho twitter... )


O real tema do postal, subscrevo, claro! :)

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