Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A Rotunda

por Pedro Silva, em 22.01.18

imagem crónica RS.jpg 

Concluído que está o acto eleitoral na Catalunha, eis que o esperado acabou por acontecer. Inés Arrimadas, candidata vencedora pelo partido Ciudadanos não conseguiu reunir os consensos necessários na Generalitat para a formação do seu Governo. Tendo sido o segundo mais votado, caberá então a Carles Puigdemont que encabeçou a lista do Partit Demòcrata Europeu Català (PDECAT) nas eleições de 21 de Dezembro de 2017 levar a cabo a formação de Governo. E, ao contrário da sua opositora (Inés Arrimadas), Puigdemont tem o apoio oficial e incondicional de todos os partidos independentistas que conquistaram lugares na Generalitat. Dito de uma forma; o próximo Governo catalão será formado e liderado por Carles Puigdemont que, ao que tudo parece indicar, irá governar a região a partir da Bélgica dado que a perseguição política que Madrid promoveu no final de 2017 parece não ter fim à vista.

 

Facilmente se chega à conclusão de que Mariano Rajoy perdeu a toda a linha esta sua batalha imaginária contra os moinhos catalães.

 

Contudo Rajoy actua e pensa como a famosa personagem de Miguel de Cervantes, uma vez que de Madrid não surgem sinais de que se irá encontrar uma solução pacífica e equilibrada que respeite a vontade da maioria do povo catalão. Inclusive já se falou em jeito de ameaça numa espécie de rebelião de uma micro região que se encontra dentro da Catalunha caso o próximo elenco governamental (fosse este qual fosse) volte a insistir na tese da independência.

 

Mas a tese da independência da Catalunha terá, forçosamente, de voltar à ordem do dia pois Carles Puigdemont e os partidos que o apoiam não parecem dispostos a abdicar desta ideia enquanto Espanha não se sentar à mesa das negociações na busca de uma solução que faça com que tudo volte a ser como era antes da famosa revisão constitucional que reduziu quase a zero a autonomia da Catalunha.

 

Acrescente-se que nesta contenda Carles Puigdemont terá o apoio total dos partidos independentistas catalães (e tudo isto graças a Rajoy). Já do lado do ainda actual Primeiro-ministro de Espanha fica a dúvida de quem irá continuar a fazer o papel de Sancho Pança.

 

A principal consequência desta “guerra” tem-se feito notar nos partidos do bi partidarismo espanhol. Tanto o PSOE como PP estão a perder eleitores, o que coloca bi partidarismo espanhol em vias de extinção. Isto, claro, caso Mariano Rajoy continue a insistir nesta louca corrida em torno de uma Rotunda sem que se escolha uma saída viável.

 

Face ao actual estado de coisas, Mariano Rajoy deveria pedir a demissão ou então exigir a demissão de quem o aconselhou sobre a problemática da Catalunha. E há que dizer que o Rei de Espanha tem muita culpa neste cartório. Poderia, e deveria, ter sido Sua Majestade o Rei o primeiro a tentar propor encontrar-se uma solução viável para todos. Mas já ficou provado que Filipe VI se interessa mais por uma jantarada no país vizinho e por umas viagens de cortesia ao estrangeiro (de preferência a países onde vigoram regimes autoritários como na Arábia Saudita).

 

Para terminar há que dizer que por Espanha já se começa a falar de uma possível revisão constitucional para que o diferendo entre Madrid e Barcelona seja ultrapassado em definitivo. A ideia parece agradar a independentistas e unionistas e passa, tão simplesmente, pela criação de uma Espanha federada (à imagem dos Estados Unidos da América e Federação Russa). Mas será que Rajoy e Sua Majestade o Rei Filipe VI estarão dispostos a abdicar dos seus princípios? Na minha modesta opinião não, senão de outra forma o problema catalão não teria chegado ao ponto a que chegou.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (22/01/2018)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 21:30


7 comentários

Imagem de perfil

De Pedro Silva a 24.01.2018 às 19:06

´É normal que um texto de opinião tenha aquilo que denomina de "inverdades". Especialmente se for um texto de opinião de um cidadão que fundamenta a sua opinião naquilo que vê, lê e ouve na Comunicação Social.


Para mais, como não sou (nem quero ser) o dono da verdade absoluta, exponho o que penso e deixo que comentem. Tudo no mais claro e profundo sentido didáctico até porque haverá quem por alguma razão possa estar bem mais informado sobre a temática do que eu.


De uma forma sucinta porque não creio que valha muito a pena rebater muito do que escreveu (não porque discorde/concorde, mas sim porque não tem nada a ver com a temática central da opinião por mim aqui exposta) apenas lhe digo o seguinte:


Quer ganhou Espanha e o seu Primeiro-ministro com a aplicação do famoso artigo da Constituição?


Nada. Absolutamente  nada. Ganhou, isto sim, um problema em crescendo até porque os partidos independentistas estão unidos na luta que Rajoy iniciou. Sim, leu bem, A luta que Rajoy iniciou. Tivesse este seguido a postura recente do seu "colega" italiano e não estaria agora com um problema sem fim de nome "Catalunha".


Relativamente à questão legal, queria somente deixar aqui dois pontos. 
Um prende-se com a necessidade de se ter um quadro legal que se adeqúe à realidade actual de cada país. A Constituição espanhola (a de 1978) já tem 40 anos de idade e o artigo 155 nunca foi revogado. O seu texto é o mesmo de 1978 como se a realidade de 1978 seja a realidade de 2018. Apenas por manifesta teimosia a Espanha democrática ainda não conseguiu arranjar uma solução que lhe permita manter a unidade entre as suas várias regiões. mas este é um problema histórico ou não fosse a monarquia espanhola casmurra por natureza.


O outro ponto prende-se com o facto de Puigdemont ser um perseguido político. Se não o é, então porque razão a Procuradoria Geral da República espanhola emite um comunicado onde nos é dado a conhecer as acusações de que Puigdemont é alvo concluindo com a frase "quanto mais alto, maior a queda"? Se isto não é uma declaração política então não sei o que isto será.


E já agora, não é ponto assente que Puigdmeont não volte à Catalunha para a tomada de posse. Isto a não ser que a RTP esteja a noticiar uma inverdade (ora pois).


E se Mariano Rajoy não é cada vez mais impopular em Espanha, como explica o facto de este ter tido imensas dificuldades de formar Governo? E com todo o sucedido na Catalunha as coisas não estão nada boas para Rajoy. E para Pedro Sanchez do PSOE também não. O bi partidarismo espanhol está em risco. Só não vê tal quem não quiser.

Comentar post



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

  Pesquisar no Blog

A Oeste nada de novo


Dia do Defensor da Pátria


US War Crimes


Catalunya lliure!


Calendário

Janeiro 2018

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2013
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2012
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D