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A história não se repete?

por Pedro Silva, em 16.04.18

imagem crónica Reporter Sombra.jpg 

José Pacheco Pereira, conhecido historiador e comentador político da nossa Praça, disse publicamente que a história nunca se repete. Ora face ao que aconteceu recentemente na Síria, apetece-me perguntar a Pacheco Pereira se acredita mesmo que a história nunca se repete.

 

E coloco tal questão porque a forma como França. Estados Unidos da América e Inglaterra resolveram intervir numa questão grave (suposta utilização de armas químicas na Síria), cujos factos estão (e se calhar continuarão) por provar, faz recordar os sórdidos tempos em que um conjunto de aliados resolveu levar a cabo a invasão unilateral de um Estado soberano sob o pretexto de uma ameaça que o Mundo veio a saber - muito mais tarde - que não passava da criativa imaginação de um programador de simuladores de guerra.

 

A pequena grande diferença entre o sucedido no Iraque no passado e com a Síria no presente não é aquela ideia de que “só fomos ali dar umas bastonadas à malta para impor a ordem e nada mais”. Esta foi a mensagem que Emmanuel Macron, actual Presidente francês, fez passar e que a Comunicação Social e um vasto número de comentadores fizeram eco naquela de que “uma mentira contada muitas vezes se torna verdade”.

 

Macron deveria saber que tudo o que diz e faz se deve pautar pela extrema cautela e responsabilidade. Mas não o fez e, pelos vistos, este terá, inclusive, sido o orgulhoso autor moral de um ataque unilateral ao território sírio feito à revelia de toda e qualquer legislação internacional com base no famoso pretexto do “porque sim”.

 

Acredito que esta postura de Macron se tenha devido - talvez – ao facto de este ter faltado às aulas de História em que os alunos e alunas aprendem que a Síria já deixou de ser uma colónia francesa há umas largas décadas. Mas o Presidente francês está ainda a tempo de aprender que a França já não tem um vasto império colonial (tal como a Inglaterra) e que os Estados Unidos da América não são os “Donos disto Tudo”.

 

Voltando “à vaca fria”, bem vistas as coisas, o pretexto e Modus Operandi (MO) deste perigoso e populista “trio” de líderes ocidentais (Macron, May e Trump) é exactamente o mesmo dos aliados de 2003 até porque, salvo prova em contrário, ainda não se sabe quem foi que lançou o suposto ataque químico numa cidade e região que as tropas de Bashar al-Assad tinham acabado de libertar das mãos das forças rebeldes.

 

Dito de uma forma mais simplista, o que aconteceu na Síria em 2018 foi, sem tirar nem por, o mesmo que aconteceu no Iraque em 2003.

 

Portanto, ao contrário do que diz Pacheco Pereira, a história repete-se. O que não se repete são as consequências da sua repetição.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra

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publicado às 21:30


4 comentários

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De Nuno Dias a 17.04.2018 às 11:31

Finalmente! Já estava a perder a esperança, farto de ler a mesma propaganda repetida por papagaios.
Parabéns e obrigado.
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De Filos a 17.04.2018 às 16:58

Infelizmente várias coisas os políticos não perceberam com os erros do passado e têm uma tendência “mórbida” de os repetir: -  o interesse e intervenção dos E.U.A. em países islâmicos já vem desde a altura da Guerra Fria contra a ex-URSS,  pois já Zbigniew Brzezinski (Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Jimmy Carter em 1979 no Paquistão armou os Mujahidin e a Jihad (Luta-Guerra “Santa” islâmica) começava...e infelizmente porque muitos grupos islâmicos assim o querem, a guerra e os conflitos bilaterais entre E.U.A./Rússia reavivaram-se quando a Rússia (devido principalmente à sua base naval na Síria) ter “interferido” e lutando ao lado do Presidente Laico, Ocidentalizado, Multicultural em que havia Liberdade, inclusive religiosa chamado Bashar al-Assad, pertencente à minoria Xiita/Alauita, mas faz melhor ao mundo em geral e à Síria em particular, do que mil com mentalidades Sunitas/Wahabitas como da Arábia Saudita!

 

 

Ter em conta que em 1979 aquando da “revolução” islâmica no Irão que causou um retrocesso civilizacional de séculos do Aiatolá Ruhollah Musavi Khomein, infelizmente foi substituída, já na altura, uma "ditadura" a do Xá Reza Pahlevi, por uma ditadura Teocrática, milhares de vezes pior, cujos efeitos se começaram a espalhar pelo mundo. Não esquecer também que, por ex. os E.U.A. deitaram “lenha” para uma fogueira que já existia, pois o conflito entre Sunitas e Xiitas é secular, já vem desde o século VII aquando a morte do “profeta” Maomé e a discórdia do seu sucessor.

E por exemplo a guerra entre o Irão e o Iraque, foram de disputas territoriais e também político/religiosas em que depois mais uma vez os "referidos" países intervieram!

 

https://www.youtube.com/watch?v=A9RCFZnWGE0

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De Filos a 17.04.2018 às 16:59

Completamente de acordo…apesar dos protagonistas serem diferentes os acontecimentos infelizmente repetem-se devido a muitos factores!

 

As “invasões” dos vários países principalmente muçulmanos seria um assunto que daria “pano para mangas”…e infelizmente existem muitíssimos interesses sejam eles económicos (Gaz e Petróleo), interesses religiosos (sobretudo os conflitos seculares no islão entre Sunitas/Wahabitas da Arábia Saudita e Xiitas (Irão) e as várias “interpretações” e subdivisões por ex. os Sufistas, os Xiita (Alauitas, Duodecimais)…

Por ex. durante a guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às actividades militares do grupo Hezbollah.

No Paquistão e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como os Talibã, atacam com frequência lugares de fé xiita.

Os conflitos actuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens sunitas nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a ideologia da Al-Qaeda.

Faço minhas as palavras dos Bispos da Síria nomeadamente o  Monsenhor Georges Abou Khazen, Bispo de rito latino de aleppo: quando afirma que: " com estes mísseis, tiraram a máscara. Agora estão a combater os actores principais. Antes era uma guerra próximo... e agora que os atores menores foram derrotados, estão combatendo os verdadeiros protagonistas do conflito ".

Os terroristas eram carne de canhão, os principais protagonistas estavam por trás. E agora devem ter aparecido, porque os seus planos estavam a ser acabados.

Quando o Presidente Oftalmologista Bashar al-Assad “estava” a ganhar a guerra contra o Isis e Al Nusra, mas depois ele deu a ordem Ilógica do ataque químico para que todo o mundo se pusesse contra ele…porque tudo estava a correr muito bem com ele e com as várias conquistas territoriais… 

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De Filos a 17.04.2018 às 17:00

O principal problema dos países “ocidentais” laicos, com raízes Judaico/Cristãs, foi terem-se “intrometido” e tomado partido ora apoiando os Sunitas, ora os Xiitas, nas guerras entre países muçulmanos, por ex. da guerra entre o Irão e o Iraque em 1980, fosse na guerra entre o Afeganistão e Paquistão em 1979, fosse na guerra entre o Iraque e o Kuwait em 1990 (a vulgarmente chamada Guerra do Golfo), etc. e em outros países muçulmanos em que haviam guerras civis internas, como por ex. na Líbia e países “externos” especialmente ocidentais meteram-se na guerra e NUNCA O DEVERIAM TER FEITO e deixado os vários “ninhos de vespas” em paz e no sítio deles!

 

 

Os Sunitas (principalmente Arábia Saudita) não quer procurar o entendimento e a paz com os Xiitas (Irão) porque os consideram “infiéis” e acusa-os que não seguem verdadeiramente o Islamismo, e depois os Muçulmanos "queixam-se" das interferências ocidentais, porque o problema dos países ocidentais como principalmente os EUA, Inglaterra e outros "aliados", foi depois da revolução islâmica de 1979, do DIABO Ayatollah Khomeini e das várias guerras entre países muçulmanos, por ex. GUERRA IRÃO/IRAQUE; Guerra PAQUISTÃO/AFEGANISTÃO; Guerra IRAQUE E KUWAIT (Guerra do Golfo), etc. e ao longo destes anos todos, o Ocidente ora se "virava" apoiando os Sunitas, ora "apoiando" os Xiitas...os países ocidentais, assim como a Rússia em 1979 no Afeganistão e depois os EUA com receio que a Ex-União Soviética ganhasse mais poder também se envolveram...eles NUNCA DEVERIAM TER "INTERFERIDO" nos vários "Ninhos de Vespas" e deveriam ter deixado as "vespas" no canto delas e que tivessem lutado umas com as outras!

Agora, infelizmente, o Ocidente prefere apoiar e aliar-se aos Lobbies Sunitas/ Salafistas=Wahabitas da Arábia Saudita em detrimento de um país maioritariamente muçulmano mas onde havia liberdade religiosa, e social, onde por ex. não era imposta qualquer “vestimenta” às mulheres como acontece no Irão ou na Arábia Saudita!

 

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