Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todos os verões acontece a mesma coisa. Ou melhor, todos os verões menos o de 2017 dado que neste verão o canal público de televisão (RTP) que é indirectamente financiado por todos nós decidiu que não irá transmitir mais nenhuma tourada para além das que já se encontram incorporadas na sua grelha de programação.
Ora este pequeno gesto da RTP pode ser o primeiro passo para o fim de um negócio. Sim, leu bem. Negócio. As touradas em Portugal e Espanha não passam de negócios disfarçados de tradição. E as touradas não são um negócio qualquer. São um negócio que financia famílias inteiras. Famílias que preservam uma espécie de status social absolutista onde os “nobres” exibem o seu poder diante do Povo que, por sua vez, os agracia com palmas e eterna admiração. Trata-se, sem sombra de qualquer dúvida, de uma forma de estar completamente ultrapassada mas que se tem mantido até aos nossos dias porque, repito, as touradas são um negócio disfarçado de tradição. E como qualquer negócio lucrativo que se preze, este também consegue manter o poder político debaixo da sua alçada senão de outra forma esta tradição já teria tido um fim há muito tempo.
Não entendo qual é a piada de ver um animal a morrer lentamente de asfixia com uma espada cravada nos seus pulmões. E muito menos percebo a graça de ver um tipo a levar uma marrada de frente de um touro que entretanto já viu o seu lombo ser espetado não sei quantas vezes por um “nobre” cavaleiro. Respeito quem goste de ver tal coisa, mas custa-me perceber a graça deste triste cenário. Especialmente sabendo que hoje em dia os animais deixaram de ser vistos pela Lei como coisas. E se os animais deixaram de ser coisas, então estes não podem ser vítimas de maus tratos e torturas. Nem nos matadouros os ditos animais para abate passam por um terço das provações que passam os touros nas touradas.
Ora face aio que expus até aqui, é muito fácil perceber que isto das touradas não é uma tradição como muitos – erradamente – dizem ser. É antes um negócio que serve somente para manter a riqueza de certas personagens da nossa sociedade que se recusam a viver segundo as regras das sociedades ocidentais do século XXI.
A RTP deu um pequeno grande passo no combate a este negócio que beneficia alguns à custa de muitos. Cabe agora ao poder político (Governo e Autarquias Locais) fazer o mesmo. Portugal e os portugueses agradecem pois ninguém gosta de dar uma de civilizado e ao mesmo tempo promover comportamentos dignos da Santa Inquisição. Já há muito que a Terra deixou de ser plana. Evoluamos.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (07/08/2017)
Estamos no século XXI. A Humanidade evoluiu e muitos dos preconceitos do passado estão “enterrados” ou vigoram somente em certos pontos remotos onde persistem por razões territoriais e culturais. Contudo o nosso século tem ainda uma enorme cruz sobre as suas costas e, da maneira como tudo se tem desenrolado, dificilmente se vai livrar dela nos próximos tempos.
Falo aqui da questão da desigualdade em função do género. No século XX as mulheres travaram uma árdua batalha para verem os seus direitos devidamente reconhecidos por sociedades que sempre as viram como meros objectos decorativos ou como seres de parca inteligência que só tinham uma função: velar pela família. Felizmente esta triste – e hedionda – forma de estar foi-se apagando da nossa cultura ocidental. Mas as mulheres podem ter ganho muitas batalhas, mas a guerra não. Existem ainda muitos sectores da nossa sociedade onde as desigualdades - em função do género - se mantêm. Um destes sectores é a política onde a predominância do masculino sobre o feminino é uma triste e enfadonha evidência.
Ora tal faz-me levantar aqui uma questão: Porquê razões as mulheres não conseguem impor-se no mundo da política?
O problema é deveras complexo porque a política é somente uma das múltiplas fracções daquilo que apelidamos de sociedade, contudo parece-me que a solução do dito não passa (de forma alguma) pela insistência e persistência na “calimerice” que a mulher moderna resolve seguir e aplicar como se de uma espécie de solução infalível se trate.
Isto de se vir para Praça Pública defender uma intransigente aplicação forçada de quotas na política e de se vir sempre justificar um – ou vários - mau desempenho de uma mulher na política com a desigualdade que existe neste sector não é, de forma alguma, a solução da problemática.
O que a mulher moderna necessita de fazer para se afirmar de vez na política (e na sociedade em geral) é de colocar as suas representantes mais competentes nos lugares de poder e não de pactuar com as regras do jogo que fazem com que olhemos para as mulheres na política “como mais um”. Dito de outra forma e exemplificando; não é a apostar em figuras como Angela Merkel, Marine Le Pen, Ewa Kopacz, Assunção Cristas, Hillary Clinton, Marisa Matias, Park Geun-hye, Assunção Esteves, Kristalina Georgieva, Maria de Belém, Maria Luís Albuquerque, etc. que a mulher dos nossos dias vai conseguir combater e aniquilar a maldita desigualdade que assola a nossa moderna vivência.
Deixem, então, de seguir a receita da “calemirice” que apenas vai servindo os interesses da desigualdade que dizem querer combater.
Olhem para os ainda pequenos mas enormes exemplos que vão surgindo na política portuguesa. Tentem aprender e amplificar aquilo que Catarina Martins, Mariana Mortágua, Joana Mortágua, Isabel Moreira (entre outras) fazem para se impor na nossa ainda machista política. Dito de outra forma, não custa às mulheres do mundo moderno darem o lugar de destaque/poder a quem tem realmente capacidade para tal em detrimento do “tem de ser porque somos uma pobres coitadinhas”.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (12/12/2016)
Ponto prévio; para que servem os impostos? Para duas coisas muito importantes nas sociedades contemporâneas. O primeiro grande objectivo dos impostos é o de criar financiamento para que o Estado possa servir, da melhor maneira possível, os seus cidadãos. O segundo grande objectivo dos ditos é o de criar justiça social dado que o Mundo em que vivemos, onde o Capitalismo selvagem é Rei e Senhor, é pródigo na criação de desigualdades sociais que podem provocar graves convulsões sociais (como exemplo veja-se o que sucedeu antes da a 2.ª Guerra Mundial).
Obviamente que o que foi por mim descrito no pronto prévio só funciona em alguns países. Noutros, por força das mentalidades e percurso histórico, as coisas não se desenrolam desta forma. Muitas vezes os impostos – sejam eles directos ou indirectos – são “armas” que são utilizados pelos partidos que se encontram no poder para modelarem a sociedade do seu país à sua maneira.
Em Portugal nos últimos quatros anos a Direita serviu-se desta “arma” para impor aos portugueses uma nova forma de estar, forma de estar esta que consistiu não no equilíbrio das contas públicas nem na melhora da prestação dos serviços prestados pelo Estado mas sim na criação de um tremendo fosso entre os ricos e os pobres. E justiça lhe seja feita! O Governo de PSD/CDS – liderado por Passos Coelho e no qual Assunção Cristas foi Ministra – conseguiu aquilo que nem os sucessivos Governos de Cavaco Silva e Durão Barroso/Santana Lopes conseguiram. Nunca Portugal teve tantos ricos. E tudo isto graças a uma política fiscal que praticamente isentou as grandes fortunas do pagamento de impostos vs política fiscal intensamente agressiva sobre a Classe Média/Pobres. Toda esta operação teve um nome pomposo e uma desculpa esfarrapada que durante muito tempo “colou”. Falo, obviamente, da “austeridade” e do “foi a Troika que mandou”.
Com a recente mudança de Governo por via das eleições legislativas, eis que temos no nosso horizonte mais próximo uma política fiscal que visa alcançar um dos grandes objectivos dos impostos: o da justiça social. Isto porque tudo parece indiciar que o Executivo de António Costa pretende alargar a dita “austeridade” a todos os sectores da nossa Sociedade. Dito de outra forma; para o actual Governo quem tiver mais rendimentos vai passar a pagar mais impostos, possibilitando assim que quem tenha menos rendimentos pague menos impostos.
Ora perante tamanha evidência como reage a Direita (entenda PSD e CDS)? Aumento brutal de impostos! Dizem ambos. Descodificando tal afirmação, para a Direita justiça social é sinónimo de aumento brutal de impostos.
Para mais é preciso ter-se uma tremenda lata para se vir para a Praça Pública falar em “aumento brutal de impostos” quando durante os últimos quatro anos quem “massacrou” uma grande maioria de portugueses com impostos, taxas e “taxinhas” foram PSD e CDS.
p.s. O outro grande objectivo dos impostos (equilíbrio das contas públicas e melhoria da eficácia dos serviços públicos) poderia funcionar - em Portugal e não só - caso o Mundo não estivesse hoje envolto num Capitalismo selvagem onde só interessa fazer dinheiro seja a que custo for. Para mais a Europa está teimosamente “presa” a um caduco e desfasado Tratado Orçamental que a impede de ser o Estado Social que diz ser.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (19/09/2016)
Tive a oportunidade de ter feito parte de duas Juventudes Partidárias. Quais foram não interessa porque não vou aqui debater em qual das duas tive uma melhor experiência, mas sim procurar reflectir sobre o quão positivas estas podem ser para a nossa Sociedade.
Numa Sociedade onde os Cidadãos cada vez menos se interessam pelo País cabe às Juventudes Partidárias a dura tarefa de contornar esta espiral de desinteresse.
O problema é que estas Organizações já há muito que foram tomadas de assalto por indivíduos de ambos os sexos que procuram fazer da Política a sua carreira profissional alimentando a Corrupção porque tal faz parte da sua profissão. São por norma pessoas com formação superior mas que nunca souberam o que é o mundo do trabalho dado que andaram, e andam, sempre próximas do Poder e dele vivem e sobrevivem como parasitas que se tornam cada vez mais gananciosos à medida que o tempo passa. Paulo Portas, José Sócrates, Miguel Relvas, Carlos Moedas e Passos Coelho são alguns bons exemplos deste tipo de indivíduos. Para além do problema dos “papa tachos” que nunca fizeram nada na Vida senão Política, eis que temos os fanáticos que fazem da sua militância uma espécie de Clubismo e tudo o que o Líder diz e faz, por muito disparatado que possa ser, é para se vangloriar e quem não alinhar na dança é atirado borda fora.
O Bloco de Esquerda optou por não ter Juventude Partidária porque, como disse atrás, estas já não são bem vistas pela Sociedade, mas não creio que a solução passe por tal radicalismo. E também não é pelo facto de o Bloco não ter uma Juventude Partidária que faz dele um Partido credível aos olhos da maioria dos Portugueses. Os últimos resultados eleitorais falam por si.
O que as Juventudes Partidárias precisam é de ser mais pro activas, terra a terra e mostrar interesse e vontade de intervir verdadeiramente na Sociedade mostrando que estão atentas, do lado dos Cidadãos e que trabalham sempre em prol do bem-estar deste último. Esta atitude da JSD (Juventude Social Democrata), embora sendo de um Partido que não me identifico nem nunca me identificarei, é de louvar e parece-me ser algo bem-intencionada se bem que tem por detrás uma clara intenção política. O problema é que isto será, quase de certeza, sol de pouca dura…
Hoje, mais do que o Dia Internacional da Mulher, é o Dia Internacional do Mundo porque sem as Mulheres a Humanidade nunca existiria!
Não deixa é de ter a sua piada que o reconhecimento Internacional do papel preponderante da Mulher no Mundo tenha tido origem no Socialismo (o Papão dos Centristas e Socais-democratas). E é muito por causa disto que a Sociedade actual se esforça por desvalorizar o dia de hoje e o facto de que as Mulheres são tão boas, e até mesmo melhores, do que os Homens em muitas matérias!