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Esta semana que está a terminar foi, sem sombra de dúvida, a semana onde ficamos todos a saber que a nossa Democracia se transformou num tremendo circo só comparável aquilo que vemos nos Países do Terceiro Mundo. Evidentemente que estou aqui a falar do caso Tecnoforma/Passos Coelho e das suas ONGs e claríssimas violações à Lei e demais Regulamentos da nossa Assembleia da República (AR).
Agora tudo isto não justifica, a meu ver evidentemente, o linchamento político de que Passos Coelho tem sido alvo. Para mais isto não nos leva a lado algum dado que já existem provas mais que dadas de que o actual Governo não tem um pingo de vergonha. O famoso irrevogável de Paulo Portas e os descalabros criados e alimentados pelos Gabinetes de Nuno Crato e Paula Teixeira da Cruz são alguns destes exemplos.
Tudo isto num País Democrático e evoluído em todos os sentidos teria culminado com a demissão voluntária do Primeiro-ministro tal como sucedeu recentemente na Escócia por exemplo. Mas por cá isto não sucede e a tendência é para piorar pois perante o caso Tecnoforma/ONGs de Passos Coelho a nossa AR resolve dar uma de Juíza sem ter competências para tal e todos ficamos a perceber que isto está a caminhar para um “buraco negro” que um dia vai acabar mal.
Casos como este da Tecnoforma e restante trapalhada do nosso Primeiro-ministro devia ser analisado, dissecado e devidamente julgado no tempo próprio e no local devido como é o caso dos Tribunais, mas por cá a malta prefere deixar que o tempo “esconda” as falcatruas para depois as usar como arma de arremesso no tempo que mais lhe convêm. E como um mal nunca vêm só, eis que António José Seguro tem a brilhante ideia de sugerir o levantamento do sigilo bancário de Passos Coelho como se isto do levantamento de tal coisa fosse como ir comprar um maço de tabaco ao quiosque…
Ora, perante tal mais vale levarmos isto para a brincadeira, até porque esta malta que se passeia nos corredores do Poder não sabe ser séria. E muito menos ganhamos alguma coisa ao alimentar os Jornais e os seus linchamentos na Praça Publica, porque se a ideia era a de evitar que Passos Coelho se recandidate bastava levar a cabo tal intenção num Comício do PSD, mas isto deve ser muita areia para a camioneta desta malta.
Não quero ser mais um a ter pena de José Sócrates. Não o quero fazer porque o Comentador Político da RTP sabe muito bem defender-se sozinho dos ataques cerrados que lhe vão fazendo.
Contudo como Cidadão que obrigatoriamente contribui para o Canal Público de Televisão não posso ficar calado perante o Julgamento na Praça Pública que foi promovido pelo Jornalista José Rodrigues dos Santos.
Tenho para mim que a Classe Jornalística em Portugal deve seguir um tal de Código Deontológico. E penso que neste mesmo Código existem artigos que obrigam a que o Profissional da Comunicação Social seja isento e imparcial.
Ora talvez por ser um dos “pesos pesados” da nossa Praça, José Rodrigues dos Santos deixou o Código Deontológico nas urtigas que se encontram à porta da Sede da RTP e, seguindo claras instruções do seu Patrão, eis que no habitual espaço de comentário do antigo Ministro José Sócrates resolve fazer o papel de Advogado do Diabo.
Houve quem tivesse achado piada ao assunto o que é natural dado que em Portugal as vistas ainda são curtas e os Partidos são Clubes de Futebol, contudo eu não alinho nestas atitudes de circo só para cativar mais audiência.
Diga-se desde já que isto das audiências foi a justificação dada pelo Director de Programa que perante o desempenho de José Rodrigues dos Santos sentiu a urgente necessidade de vir defender publicamente a actuação do mesmo.
Deve ter sido porque o Escritor de Romances esteve mesmo muito bem e não fez nada que merecesse uma forte e justificada crítica da parte de toda a gente.
Ora tal leva-me a concluir que a opinião de Sócrates, por muito absurda que por vezes possa ser, incomoda fortemente a Direita Portuguesa. Direita esta que insiste em braquear a não governação do actual Executivo de Passos/Portas… Tal diz muito do caracter da tal mudança que a maioria dos Portugueses quis colocar no Poder há uns três anos atrás. Mas isto é tema para outras reflexões.
Tenho acompanhado a situação da Crimeia via telejornal da RTP. Não que seja adepto do Canal Público de televisão ou porque ache que o seu telejornal é mais apelativo e organizado que os dos outros canais (por acaso até acho), mas especialmente porque até uma certa altura havia um jornalista Russo a fazer o acompanhamento da tensão na República Independente da Crimeia/Ucrânia.
Como é sabido cabe ao Repórter levar a cabo a árdua tarefa de informar. E profissional é aquele Jornalista que informa sem tomar partido para qualquer dos lados. Moravitch, não obstante ser Russo, fazia tal na perfeição mesmo estando o seu País envolvido no tenso problema.
Mas pelos vistos alguém da Direcção da RTP achou que não se deveria continuar a pautar o acompanhamento da Crise no Leste Europeu pela informação. Havia que colocar um certo galo no poleiro. De preferência um que seja vaidoso, nada profissional e tendencioso.
E eis que agora nos passa a surgir em directo José Rodrigues dos Santos, enviado especial da RTP à Crimeia.
A partir daí tem sido um terror acompanhar o que se passa por tão conturbada terriola.
Quase todos os dias somos bombardeados com um Jornalismo de Investigação que mais parece propaganda a favor do novo Regime Ucraniano. Regime este, relembre-se, saiu violentamente das ruas onde, pasme-se, emergem com força Partidos Nacionais Socialistas (entenda-se neo nazis).
Nas intervenções de José Rodrigues dos Santos vale tudo. Tal como nos seus romances há um mau da fita, mau este que tinha claramente de ser protagonizado pela Federação Russa claro está, ou não fossem os Russos o produto maléfico que Deus deixou no Mundo. Perolas como camiões sem matrícula serem obviamente Russos. Os Soldados sem bandeira ou galões são das Forças Especiais Russas e até os Civis que interpelam o Jornalista e a sua equipa são, como não podia deixar de ser, Agentes Secretos Russos. Já dar provas de tudo isto que afirma o nosso grandioso Repórter de Guerra “chuta para o lado e marca o canto”, porque o espectáculo não pode parar.
Esquece-se o Zé da RTP que nem toda a gente gosta de ler os seus Romances e que numa qualquer box existe um canal estrangeiro que faz semelhante palhaçada. Basta procurar pela CNN e ver a forma ridícula como os “desgraçados” do microfone são “obrigados” a relatar o que se passa á sua volta como se de um jogo de futebol se tratasse sem nada perceberem do assunto nem do meio onde estão.
Efectivamente exigia-se muito mais de um canal que por acaso, mas mesmo só por mero acaso, é obrigatoriamente pago por todos nós.
Já o tinha dito via Twitter mas agora faço-o aqui mesmo correndo o sério risco de ser mal interpretado e de me repetir.
Todos nós devemos muito a Eusébio da Silva Ferreira. Todos nós que amamos o futebol devemos partilhar este momento de dor independentemente da nossa cor clubística, mas aquilo que a Televisão do Estado (RTP) está a levar a cabo é um tremendo exagero só comparável com o que fez a Televisão Estatal da Coreia do Norte aquando da morte do seu Querido Líder.
Isto de apelidar de Telejornal um “especial Eusébio” e de ignorar por completo qualquer outra notícia é um insulto à memória do Pantera Negra que sempre foi conhecido por ser uma pessoa humilde e correcta para com todos.
Pior ainda é ver os pivots dos Telejornais da Rádio Televisão de Portugal vestidos de preto e afirmarem que morreu um dos maiores símbolos do Sport Lisboa e Benfica. Ou seja, conseguem ser mais “Papistas que o Papa” e atiram para o esquecimento tudo aquilo que Eusébio fez na Selecção Nacional de Portugal como se Portugal fosse composto somente por adeptos do Benfica.
Que me desculpem estes “Norte Coreanos” da RTP e outros tantos que concordam com este tipo de loucura colectiva, mas a Vida é algo mais que futebol e se eu financio a RTP, mesmo que indirectamente, exijo que a ética e o profissionalismo sejam respeitados.
Tenho todo o cabal direito de protestar e de exigir do Canal Público o mesmo que fazem os outros órgãos de comunicação social, ou seja, dar especial destaque à morte do maior símbolo do futebol Português sem descurar o que se passa no resto do Planeta e em qualquer outro ponto do nosso País.
Isto a não ser que agora sejamos oficialmente parte da Coreia do Norte.
P.S.: um bem-haja ao Jornalista Daniel Oliveira. É sempre bom saber que ainda existe quem tenha uma mente lúcida que não se deixa levar pelas massas “norte coreanas”.