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De trambolhão em trambolhão

por Pedro Silva, em 10.11.20

imagem crónica RS.jpg

Muito raramente me debruço e reflicto sobre a política em Portugal. Não gosto de o fazer porque as mentes por cá são tal e qual aquelas velhas máquinas a carvão do século XIX. O pensamento crítico e saudável em Portugal /especialmente na política) demora muito a reagir. E quando reage já é tarde demais. Em Portugal, talvez por uma questão cultural, é muito mais fácil seguir a linha de pensamento dominante (ao estilo bisonte) ao invés de se olhar para o que está realmente mal em vez de se discutir o fútil e se alinhar nis discursos fáceis e falaciosos que ditam Leis nas chamadas redes sociais.

Contudo o actual momento que todos estamos a viver exige uma reflexão. Já não digo chamada de atenção, pois já há muito que venho dizendo aqui e acolá que isso ia acabar assim e - surpresa ou não – “a procissão ainda vai no adro”.

Em pleno verão, à beira mal plantado com o seu guarda-sol a saborear um rico dia de sol e calor ninguém com poderes de comando no nosso Portugal (mesmo os eleitos democraticamente) tiveram “dois dedos de testa” e meia dúzia de sensatez para preparar o que estamos a passar.

Nada disto. Essa coisa das mortes, das decisões atabalhoadas tomadas em cima dos joelhos, do desespero face ao número crescente de infectados com Covid-19, da ruptura dos serviços de urgência médica e outras coisas tais eram (e pelos vistos continuam a ser) um exclusivo do dito “Terceiro Mundo” e “cowboyadas” made in Donald Trump. Por altura do verão, por cá estava tudo na Paz do Senhor, o turismo era outra vez a “galinha dos ovos de ouro”, havia que respeitar as vontades de quem tem Fé e vontade de ir em peregrinação a Fátima e a Festas ditas vulgos Comícios partidários e, inclusive, a Fórmula 1 estava de volta a Portugal para também ajudar a “alavancar a dita galinha”.

Portanto, nesta altura só mesmo os tolinhos e os chatos do costume que só “falam, falam, e falam, mas não dizem nada de jeito” é que vinham chamando à atenção de que o perigo de uma segunda vaga de Covid-19 poderia ser uma realidade. O mesmo tipo de lógica se aplicava, sem apelo nem agravo, ás desgraçadas e desgraçados que ousavam chamar à atenção para a exploração barata, mafiosa e recorrente nos Lares de Idosos que exploravam (e exploram) utentes em troca de condições de Vida miseráveis e onde não era surpresa nenhuma a pandemia ser Rainha e Senhora. A mesma chapada levaram, levam e levarão todos aqueles e aquelas que dizem que os Hospitais públicos, completamente descontextualizados da realidade actual, tem falta de pessoal e de meios. E aí de quem ousasse chamar à atenção para locais de trabalho onde a higiene é uma miragem e os distanciamento social uma espécie de “palavrão malcriadão”.

A verdade oficial, essa que tem de ser repetida por tudo e por todos, é que ninguém estava à espera que a segunda vaga da doença viesse tão cedo.

Os disparates ditos pela Sra. Directora da Direcção Geral de Saúde (vulga DGS), a falta de estratégia nacional para se fazer face à pandemia, os surtos de Covid nas escolas públicas que há décadas tem uma falta gritante de meios e de pessoal, a política da máscara na rua e nos espaços fechados por si só que cria uma falsa sensação de segurança, o recolher obrigatório nocturno e nos próximos dois fim de semanas quando os maiores focos de Covid se encontram nos ambientes familiares, as multidões forçadas nos transportes públicos que são escassos para dar uma resposta segura e eficaz ao número de utentes, a recente declaração de estado de emergência que “atropela” a nossa Constituição porque tudo indicia que não vai ter fim à vista (entre outras coisas) e por aí adiante fazem parte de um dictat que até aqui era apelidado de “negacionista”.

Agora já está tudo a mudar para o “a culpa é tua”…. Amanhã já será outra coisa e assim vai de trambolhão em trambolhão até ao trambolhão final.

Agora já todos percebem porquê razão eu prefiro mil vezes reflectir e opinar sobre política internacional?

E já agora. Está tudo muito feliz com a derrota de Donald Trump mas esquecem-se que o dito “trumpismo” não se vai pagar com a saída de Trump da Casa Branca. E esperem para ver o que o “moderado” Joe Biden vai fazer… Coisa boa não vai ser até porque já dizia um amigo meu quando se deu o pontapé de saía das eleições norte americanas: “vai começar a escolha entre um homem mau e outro menos mau. Tragam as pipocas”.

Artigo publicado no sitee Repórter Sombra (10/11/2020)

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publicado às 21:30


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