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Quando se fala em Comunicação Social e Políticos parte-se do princípio de que a primeira existe para evitar que os segundos abusem da arte da política, contudo no actual estado de coisas em Portugal tal não é bem assim. E não é bem assim porque de há uns bons anos para cá, a nossa Comunicação Social percebeu que o “dito por não dito e o meio dito” é muito mais proveitoso do que informar. A nossa classe política – obviamente - agradece tal gesto. Veja-se, por exemplo, o caso de Marques Mendes (conhecido fracasso político da nossa Praça de comentadores) que todas as semanas debita um tremendo chorrilho de disparates em directo na televisão. Disparates estes que são ecoados vezes sem conta pela nossa Comunicação Social porque há quem compre tal coisa.
Mas se a Marques Mendes - e a outros do mesmo triste calibre - podemos “dar um desconto” (como diz o Povo na sua imensa sabedoria), mas o mesmo não pode, nem deve, suceder de forma alguma a quem tem responsabilidades acrescidas na vida política portuguesa. Refiro-me, ora pois, a Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas. Tanto um como o outro lideram partidos que tem hoje o importante papel de fazer oposição ao actual elenco governativo e respectiva plataforma de política de entendimento na Assembleia da República (a tal de “Geringonça”).
Dito de outra forma, cabe a Passos e Cristas analisar ao pormenor todo o tipo de informação que lhes entra pelo gabinete adentro antes de vir para a Praça Pública dar uma de Marques Mendes. Se não o fizerem correm o sério risco de perder credibilidade e, consequentemente, votos. Isto porque ao contrário do citado comentador a responsabilidade de Passos e Cristas é para com o país e não para com as audiências do seu programa de falar para um cenário animado.
Isto tudo para se chegar ao cerne da questão. Pedro Passos Coelho e Assunção Cristas bem que poderiam achar-se no cabal direito de exigir da parte do Governo liderado por António Costa todo e qualquer tipo de satisfações sobre o que aconteceu, e acontece, nos incêndios em Portugal. Esta é a função principal da nossa Comunicação Social, mas tanto a esta como Passos Coelho e Assunção Cristas preferiram ir atrás daquilo que se denomina de circo mediático. Só assim se explica a triste figura destas personagens face a uma suposta lista de mortos da tragédia de Pedrógão Grande que uma Empresária resolveu colocar a circular. Lista esta cujo conteúdo está completamente desfasado da realidade como comprovou a Procuradoria-Geral da República.
Estivéssemos nós (por exemplo) nos Estados Unidos da América onde a Comunicação Social faz o seu papel de busca da verdade para evitar os disparates políticos que a “caça ao voto” muitas vezes produz, e tanto Pedro Passos Coelho como Assunção Cristas teriam tido outro tipo de comportamento face à tal “lista da empresária”. Mas como estamos num país onde reina a lei do “rei nem roque” na Comunicação Social é, portanto, natural que a oposição à Geringonça seja a Direitola que promove todo e qualquer tipo de disparate. Mesmo que tal lhe custe votos, dignidade e credibilidade.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (31/07/2017)