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Sirvo-me do título da última obra do Realizador Norte-americano David O. Russell para descrever na perfeição o sucedido no Brasil. Não se tenha a mais pequena dúvida que o Impeachment não passou de uma trafulhice levada a cabo por quem está tão envolvido no famoso caso “lava jacto” como a Dilma. O que aconteceu, no fundo e no cabo, foi o tentar prolongar um estado de coisas que contribui – muito - para a derrocada da Democracia na América do Sul.
Já sei que por esta altura haverá quem discorde do que escrevi no primeiro parágrafo. Mas tenhamos calma e analisemos as coisas como elas são. Bem sei que uma grande fatia da Comunicação Social portuguesa tem feito o impossível para que todos olhemos para Dilma e Lula como os principais culpados de todos os males do Brasil dos nossos dias, mas as coisas não são bem assim.
Primeiro que tudo há que dizer que Dilma Rousseff é suspeita no processo “lava jato”. Assim como também o é Michel Temer, actual Presidente do Brasil após o afastamento de Dilma.
Repito: Dilma é suspeita. A Comunicação Social portuguesa esquece-se um pouco de nos dizer que suspeito não é o mesmo que culpado. São coisas diferentes com significados e efeitos completamente distintos. Dito de outra forma, Dilma Rousseff, Lula da Silva e Michel Temer não foram, ainda, formalmente condenados por qualquer Tribunal brasileiro dos crimes que quem os acusa diz terem cometido.
Levanta-se então uma importante e pertinente questão. Se Dilma Rousseff não foi ainda condenada pelos crimes que dizem ter cometido, porquê razão esta foi afastada do cargo de Presidente da República do Brasil? Ou melhor; se Dilma é suspeita de ter cometido vários crimes, porquê razão foi substituída no seu cargo por Michel Temer que também é suspeito de ter cometido vários crimes?
Após esta questão ainda haverá quem discorde do que escrevi no primeiro parágrafo?
Mas não é só a destituição de Dilma que pode ser apelidada de golpada americana. Todo o processo de Impeachment de Dilma é revelador de uma manifesta vontade de tomar o poder de assalto para desta forma desviar o olhar das autoridades de quem está metido no “lava jato” até ao pescoço. Começando desde logo pela razão do pedido de tal procedimento. Pedido este que se esquece (maldosamente pois claro) de referir que aquilo que “empurrou” o Brasil para o abismo económico em que está hoje foi a guerra do crude que a Arábia Saudita iniciou com os até há não muito tempo denominados países das economias emergentes.
O real problema do Brasil dos nossos dias não se chama Lula da Silva. E muito menos Dilma Rousseff. Chama-se antes oportunismo, pois quando o petróleo dava para satisfazer as comadres e não se fabricavam verdades.
Artigo publicado no site Repórter Sombra (05/09/2016)