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1 - É-me de todo impossível começar esta crónica sem falar aqui no sucedido em França, Nigéria e Mali. É-me impossível porque sou Humano e com o Humano que sou não me canso de dizer o mesmo que tenho dito até aqui: O Ocidente criou e fomentou a Guerra e agora sofremos todos com isto. A tal de “Primavera árabe”, que tão festejada foi na Europa e Estados-Unidos da América, começa agora a dar os seus frutos e nós, Europeus, começamos a dar conta disto mesmo porque os massacres deixaram de estar confinados ao Médio Oriente e África para avirem agora suceder em pleno coração da Europa. De certeza que por agora não haverá alguém no Mundo Ocidental que queira atribuir prémios aos grandiosos mentores da dita “Primavera”.
E digo tal coisa porque se a dita “Primavera” e certas intervenções internacionais unilaterais feitas à revelia das Nações Unidas – com total desrespeito pelo Direito Internacional - não tivessem derrubado e enfraquecido determinados Regimes de certeza que tanto a Al-Qaeda como o Estado Islâmico não teriam aproveitado uma Síria fracturada e um Iraque de rastos para fazerem ali aquilo que tentaram fazer, com relativo sucesso, no Afeganistão.
Para mais falamos de uma região do Globo (Médio Oriente) que foi “desenhada” consoante a vontade de Ingleses e Franceses, ou seja; falamos de um autêntico barril de pólvora cujo rastilho foi aceso pela dita cuja “Primavera”.
2 - Ora bem, perante tão complexo problema Sírio a resposta que certos sectores da Comunidade Internacional tem passado, exclusivamente, pelo bombardeamento de posições do Estado Islâmico. E tal iniciativa, para além de ridícula, manifesta um total desconhecimento da situação e da História. Alias não é preciso recuar muito no tempo para facilmente constarmos que isto de bombardear por si só não chega.
Veja-se o que sucedeu no Afeganistão onde a Al-Qaeda só acabou pro ser reduzida a uma pequena parcela do território Afegão após uma intervenção militar terreste. Basicamente o que os terroristas faziam era refugiar-se sempre que a aviação/marinha/artilharia Norte-americana disparava os seus mísseis e depois reconstruir, na maior das calmas, tudo aquilo que tinha sido destruído. A Guerra no Afeganistão só teve um fim porque as forças do Norte do Afeganistão (que estão agora no Poder) avançaram e conquistaram terreno aos Talibãs após os ditos ataques dos Estados Unidos da América.
Isto tudo dizer que a França, USA, Inglaterra e restantes membros da Coligação Internacional de 60 e poucos Países que estão a operar na Síria podem despejar o seu arsenal bélico todo que enquanto não houver uma intervenção armada terrestre o Estado Islâmico não acabara nunca mais e vamos continuar a ter mais atentados em França, Mali, Nigéria, etc.
E na Síria quais são as únicas forças com organização q.b. para se levar a cabo tal iniciativa? Bashar Al Assad e as forças Curdas. Só que, por manifesto interesse económico (petróleo e gás) a Coligação liderada pelos Norte-americanos não apoiará nunca Bashar Al Assad e também não irá dar apoio algum aos Curdos pios isto é o princípio do fim do Iraque enquanto País. Veja-se, a título de exemplo, a forma como o Mundo Ocidental reagiu quando os Russos tentaram acabar com a Guerra na Síria.
3 - É deveras preocupante que a Europa comece a procurar responder ao problema Sírio recorrendo á xenofobia fechando, desta forma, a porta de entrada a quem procura refúgio no Velho Continente.
Só para que conste apenas um (somente um!) dos autores dos recentes atentados de Paris era natural da Síria e tinha entrado na Europa como Refugiado. Todos os outros eram de nacionalidade Francesa, Belga e Portuguesa.
Como é que se pode agora exigir a extinção, e até mesmo a suspensão, do espaço Schengen? Como podem certos sectores da Sociedade Europeia achar que o perigo do terrorismo vem de gente que foge dos… terroristas?
Lá que se reforce a vigilância nas fronteiras Europeia e que só entre no espaço Europeu quem foge da Guerra, eu ainda sou como o outro e ate que aceito que se faça tal, mas agora virem-me dizer que os Refugiados são seres do mal que nos querem matar a todos só mesmo para os Norte-americanos…
5 - Acho de um masoquismo tal após os atentados de 13 de Novembro o Sr. Primeiro-ministro Francês, Manuel Valls ter sentido necessidade de tornar pública uma justificação para o aumento do défice Francês.
Não faz sentido nenhum vir para a Praça Pública dizer que não se vai cumprir as metas do défice que a Zona EURO impõe aos seus Estados-membros porque há necessidade de se reforçar os meios de segurança e de combate ao terrorismo.
Tal é pura e simplesmente ridículo e caricato mas elucidativo do perigoso caminho que a Zona EURO obriga a que os seus Estados-membros tenham de seguir.
Será que os atentados de Paris teriam sucedido se o Tratado Orçamental previsse metas do défice mais condizentes com a real capacidade do Estados-membros? A resposta é simples e está à vista de todos pois é certo e sabido que muitos dos terroristas que atacaram Paris deixaram de ser vigiados e acompanhados pelas Autoridades devido à falta de verbas (cortes na Despesa Pública).
6 - Entretanto cá por Portugal “está tudo na mesma como a lesma”. O mesmo é dizer que estamos sem Governo e, fazendo fé nas últimas declarações de Cavaco Silva, assim vamos continuar por mais algum tempo. E eu pergunto porquê? E respondo: Porque Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, deixou de lado os seus deveres Presidenciais e resolveu ser mais um militante do PSD.
A nossa Constituição ad República é muito clara. Quando o vencedor das eleições legislativas não consegue formar Governo o Presidente da República, após ter ouvido os Partidos com assento parlamentar, deverá convidar o segundo partido mais votado a formar Governo.
Ora neste momento o segundo partido mais votado nas últimas eleições (PS) já deu mais do que garantais de que consegue formar Governo e, inclusive, até apresentou Acordos que comprometem toda a Esquerda a apoia-lo durante os 4 anos da legislatura.
Então de que espera Cavaco Silva para indigitar António Costa como Primeiro-ministro de Portugal?
Porque andou, e anda, o Presidente da República a perder tempo com audições a setores da nossa Sociedade que não tem voto na matéria? Para ouvir aquilo que quer ouvir? Para se sentir legitimado caso pretenda manter o actual Governo Passos/Portas em gestão e o próximo Presidente da República que resolva o problema?
Artigo publicado no Repórter Sombra