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Papagaios

por Pedro Silva, em 23.01.14

Se há coisa que detesto são papagaios. Não me estou a referir às aves mas sim aos opinion makers que tem por característica repetir até à exaustão que tudo aquilo que o actual Governo faz é bom e que tudo o que a Troika/Bruxelas impôs é excelente.

 

Não. A realidade dita-nos outra coisa bem diferente.

 

O cenário não é negro e muito menos é cor-de-rosa. A realidade é que este governo, decididamente, está a deixar obra para lá do seu mandato. Não quer só destruir o país agora. Quer deixá-lo sem possibilidades de se reconstruir depois como diz e bem Rui Tavares em mais uma das suas crónicas de opinião.

 

As falências diminuíram 20% e foram largamente ultrapassadas pela criação de empresas, que registou o melhor valor dos últimos cinco anos (35 mil). O desemprego baixou pelo nono mês consecutivo. As exportações cresceram mais uma vez. Dos EUA e de Bruxelas chegaram opiniões dizendo que Portugal “está no bom caminho”. diz um destes papagaios.

 

Contudo há que perceber que as falências desceram porquê as empresas despediram trabalhadores o que aumentou o seu lucro mesmo sendo este de uma margem menor. Houve um crescimento na criação de empresas porque as pessoas esperam e desesperam por arranjar emprego e o Centro de Emprego até dá uma ajuda na criação do seu negócio. O desemprego baixou porque o n.º de pessoas inscritas no Centro de Emprego tem diminuído não porque tenham arranjado emprego mas porque simplesmente desistiram de estar tanto tempo à espera de arranjar emprego. Quanto à tal de “confiança externa em Portugal” é preciso ter-se em linha de conta que até às eleições europeias de Maio do corrente ano vai ser tudo uma maravilha e a crise vai ser coisa do passado.

 

Mas os papagaios não conseguem fazer tal juízo porque para eles tudo gira em torno dos maléficos objectivos do PCP, do BE e do PS que exigiam a demissão do Governo - pois consideravam que o Executivo liderado por Passos Coelho, além de tecnicamente incapaz (visto que “falhava todas as previsões”), era politicamente execrável (constituído “por neoliberais”) e institucionalmente “ilegítimo”.

 

E como não podia deixar de ser para esta malta a comunicação social é em boa parte acéfala e com o coração à esquerda. Já a que não vê mais nada senão a direita e tece elogios a todo e qualquer disparate governamental não é acéfala e deve ser levada a sério.

 

Mas o Tribunal Constitucional não podia escapar á brilhante retórica da papagaiada.

 

Ora segundo tais mentes brilhantes o Tribunal Constitucional aceitou assumir-se como “Câmara alta do Parlamento”, entrando no terreno da política e chumbando, segundo critérios puramente opinativos, leis aprovadas pelos deputados. A Constituição, enunciando princípios muito gerais - como a “confiança”, a “igualdade”, ou a “proporcionalidade” - permite todas as interpretações e legitima todas as decisões. Hoje, o TC faz uma oposição muito mais eficaz ao Governo do que o PCP, o BE ou o PS - pois certas leis que a oposição não consegue inviabilizar no Parlamento são a seguir travadas pelo TC. Dito de outro modo, a oposição parlamentar foi substituída pelo Tribunal Constitucional.

 

Da próxima vez que um tribunal não me der razão eu vou invocar esta da politização do dito cujo. Pode ser que tenha sorte e apanhe um papagaio vestido de Juiz.

 

Mas querem melhor? Cavaco escusou-se a ser instrumentalizado pela oposição - levando o PCP, o BE e mesmo os socialistas a atacarem-no com uma brutalidade nunca vista.

 

Já o Presidente da República deixar-se instrumentalizar pela direita e inclusive indicar antigos membros de um seu Governo para o actual não tem o mínimo de problema porque é tudo em nome da dita retoma.

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publicado às 11:00


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