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A Waterloo de Costa e Centeno

por Pedro Silva, em 21.11.16

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O tema Caixa Geral de Depósitos está longe, mesmo muito longe, de ser a matéria que mais gostaria de abordar esta semana mas como não se fala noutra coisa senão nas variadíssimas problemáticas que gravitam em torno do Banco público eis que tentarei – dentro das minhas limitações. Dar a minha opinião. Aviso, desde já, que não vou entrar na guerra dos números… Primeiro porque nem sempre o que vem a público e verdadeiro e segundo porque os números por si só (vistos isoladamente, pois claro) são aquela coisa engraçada porque podem ser avalisados como cada um quiser.

 

Então o que tenho a dizer sobre a crise que se instalou na Caixa Geral de Depósitos?

 

Primeiro que tudo que o aqui referido Banco padece dos males dos quais padecem as grandes empresas onde gravita muita coisa (interesses e “politiquices” especialmente). Segundo a Caixa, tal como qualquer outra instituição bancária nacional e/ou internacional, não escapou ilesa à tremenda barafunda que se instalou na Banca que começou com a bolha imobiliária e que ainda se mantêm numa Europa completamente mergulhada numa recessão económica sem fim à vista (e isto ainda está no inicio).

 

Temos então que a Caixa Geral de Depósitos, Banco público que é dos maiores (senão o maior) Banco português da actualidade se encontra mergulhado num poço cheio de problemas. Problemas provocados – na sua generalidade - por má gestão e uma dezena de situações nacionais e internacionais que fazem com que seja cada vez mais urgente fazer-se alguma coisa que evite o seu colapso. Ora, partindo do pressuposto que o Estado português é o acionista maioritário da Caixa Geral de Depósitos (é por isto que o Banco é público) e que é vital manter-se a confiança na Caixa porque é onde estão concentrados muitos dos depósitos e confiança dos portugueses (e não só), cabe ao Estado fazer uma de duas coisas:

 

- Nomeia os administradores da Caixa Geral de Depósitos e face à sua fraca prestação decide nada fazer até se chegar ao ponto de não retorno em que os prejuízos são de tal forma elevados que não reste outra saída senão vender uma parte ou a totalidade das acções (privatização total ou parcial), passando desta forma a Caixa Geral de Depósitos a ser um Banco privado ou semiprivado (estratégia de Pedro Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque) ou;

 

- Nomeia os Administradores da Caixa Geral de Depósitos e inicia um profundo processo de recapitalização do Banco na esperança de que a nova administração consiga dar a volta à grave situação para que a instituição bancária volte a dar lucro e o Estado possa ter o retorno do investimento que fez (estratégia de António Costa e Mário Centeno).

 

O caminho que o nosso Estado parece querer seguir é o segundo. E em certa medida parece-me ser o melhor. Isto porque o passado já nos mostrou que o “deixar andar” não dá bons resultados. O Governo de Pedro Passos Coelho que o diga dado que perante a série de problemas que no passado recente assolaram a nossa Banca este optou por nada fazer (neo liberalismo) para depois terem andado a fazer disparates atrás de disparates que culminaram num tremendo desastre para a nossa Banca com elevados custos para o bolso de cada português. Mas não é sobre isto que estamos aqui a falar, por isto adiante.

 

Contudo a estratégia de Costa e Centeno, embora correcta do ponto de vista teórico, tem sido completamente errada no ponto de vista prático. Isto porque António Costa e Mário Centeno podem utilizar a retórica que muito bem entenderem, mas a verdade é que prometeram algo que não podem dar. E não é com uma ligeira “mexida” na legislação do Estatuto dos Gestores Públicos (feita à pressa na calma do verão, pois claro) que se resolve a questão da apresentação obrigatória das declarações de rendimento dos Gestores Públicos ao Tribunal Constitucional.

 

Dura Lex Sed Lex (A Lei é Dura Mas é a Lei) e não existem execpões para ninguém. Ou apresentam as declarações ao Tribunal Constitucional ou então “vão à sua vidinha”. E nada importa a tão badalada competência de António Domingues e da sua equipa.

 

E é aqui que “a porca torce o rabo”, pois já não bastava a Costa e Centeno terem andado a vender-nos a ideia peregrina de que os ordenados e prémios brutais que António Domngues e a sua equipa vão auferir serem uma necessidade perfeitamente justificada, eis que temos agora Costa e Centeno a quererem que se viole a Lei porque é fundamental retirar a Caixa Geral de Depósitos do actual estado de crise em que esta se encontra.

 

Para ser muito sincero esta espécie de Waterloo que Costa e Centeno têm levado a cabo desde o passado verão tem tudo para acabar mal. E muito provavelmente não vai restar outra alternativa ao nosso Estado senão a privatização parcial ou total da Caixa Geral de Depósitos. Isto porque o tempo está a correr e nada parece evoluir favoravelmente para um Banco que se quer público porque Portugal é um país demasiado pequeno para ter uma banca completamente entregue aos interesses dos privados.

 

Artigo publicado no site Repórter Sombra (21/11/2016)

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publicado às 16:30


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